Este artigo é o primeiro de uma série que se propõe à divulgação de um tema extremamente importante para a saúde coletiva, e ainda pouco discutido, que é a qualidade do ambiente sonoro. Para isso, foram selecionadas partes da pesquisa realizada pelo articulista e intitulada “Ecologia acústica e a requalificação da paisagem sonora”, que teve como objetivos investigar e difundir a história e os conceitos da ecologia acústica. Nessa pesquisa, que foi elaborada por meio de uma ampla revisão de literatura, do tipo narrativa, foram abordadas as reflexões dos principais autores sobre esse tema, ao longo da linha do tempo, sob o ponto de vista baseado na trajetória do autor deste artigo nas áreas de musicoterapia e saúde ambiental, com as inestimáveis contribuições das pesquisadoras Renata Ferraz de Toledo, Vanessa Aparecida Feijó de Souza, Andrea Bueno Ribeiro e Priscila Bernardo Mulin.
A ecologia acústica é uma disciplina que tem como objeto de estudo o campo sonoro, em todos os seus aspectos ecológicos, físicos, sociais e culturais. Surgiu como tema científico no final dos anos de 1960, na América do Norte, com pesquisas sobre a identidade sonora das cidades e possíveis impactos do aumento exponencial da poluição sonora, assim como sobre o que fazer para melhorar a qualidade sonora e acústica dessa realidade.
Em seguida, expandiu-se por meio do ativismo ambiental e das artes, gerando trabalhos pioneiros que formularam estratégias e proposições para o discernimento local e global sobre a investigação dos sons originais e identitários dos ambientes urbanos e rurais, as transformações desses ambientes sonoros e uma possível harmonização dos sons naturais com os sons artificiais introduzidos pela produção de bens e serviços em escala industrial.
Desde então, uma crescente produção de pesquisas sobre o tema fez com que documentos de órgãos internacionais fossem criados como recomendações às políticas de redução de ruído, visando, inicialmente, apenas mitigar os efeitos causados pela poluição sonora sobre a qualidade de vida da população mundial. Gradualmente, somaram-se trabalhos que demonstraram a necessidade de aprofundar o debate público para minimizar os efeitos nocivos e adotar uma agenda positiva de educação ambiental para a promoção da saúde, que contemple o design de novos sons e paisagens sonoras e a requalificacão do que estiver deteriorado no ambiente acústico.
Ecologia acústica e a paisagem sonora mundial
A ecologia acústica surgiu como tema científico na segunda metade dos anos de 1960, com os trabalhos precursores do músico, compositor e educador canadense Raymond Murray Schafer, nascido em Sárnia, Ontário, em 1933.
Schafer, que no final da década de sessenta, ministrava um curso sobre poluição sonora na Universidade Simon Fraser, em Vancouver, no Canadá, publicou livros e ensaios em que reuniu indagações e reflexões sobre o aumento da poluição sonora mundial, ao mesmo tempo em que formulava proposições que visavam à tomada de consciência global sobre o que fazer para melhorar a realidade dessa composição coletiva, por ele chamada de paisagem sonora mundial. O intuito era despertar e expandir a consciência da coletividade sobre um fenômeno ubíquo da existência diária, cuja importância não era reconhecida até então: o campo sonoro. Além disso, tinha como objeto de estudo compreender as implicações do som na qualidade de vida em todo o planeta Terra. Dentro do estudo da ecologia, a ecologia acústica é uma matéria dedicada às relações entre os seres vivos e o ambiente sonoro.
As publicações de Schafer, intituladas Ear Cleaning (1967), The New Soundscape (1969), Book of Noise (1970) e The Tuning of The World (1977), assim como suas aulas e criações artísticas e acadêmicas, fizeram com que o tema ganhasse espaço a partir da universidade para as rádios de seu país, conferindo-lhe uma posição de vanguarda como ambientalista, e de lá para universidades e espaços artísticos e políticos mundo afora, com um volume crescente de estudos e fóruns mundiais, que desde então vêm paulatinamente ampliando o conhecimento sobre o tema da poluição sonora, bem como influenciando profissionais nas mais diversas áreas, tais como acústica, saúde, arquitetura, ecologia, urbanismo, artes, antropologia, jornalismo e políticas públicas, a proporem reflexões e ações sobre a otimização sonora dos mais diversos ambientes, para que a ecologia acústica cumpra o papel que lhe cabe dentro da grande orquestração da sustentabilidade ecológica planetária.
O resgate da audição
Schafer propõe, na educação escolar, a “limpeza de ouvidos” no lugar do entorpecimento de ouvidos, que consiste em pré-requisito para transformar a escuta passiva em ativa, levando pessoas a notarem sons que nunca perceberam e a ouvirem os sons que compõem seu ambiente, assim como aqueles que são feitos por elas mesmas. Para tanto, são utilizados exercícios de estímulo à escuta atenta e reflexões sobre o que é som, silêncio, ruído, timbre, amplitude, ritmo, melodia e textura, chegando à paisagem sonora. O passo seguinte à limpeza de ouvidos, é a “clariaudiência”, condição especial que através de esforço consciente possibilitaria o resgate da audição excepcional e límpida, que precede a visão como fonte principal de informação, para que todos possam captar e projetar a paisagem sonora e melhorá-la esteticamente.
A atual supremacia da visão sobre a audição nas sociedades urbanas ocidentais pode estar associada ao processo de alfabetização dos povos europeus. A capacidade de escuta alcançava distâncias maiores do que a visão e era fator preponderante para a sobrevivência, tanto na mata fechada, onde a visão é limitada e a escuta é o que extrapola os poucos metros disponíveis aos olhos, quanto nos descampados, em que a escuta vai além do máximo visualmente possível a olho nu. Quanto mais letrada a sociedade, menos auditiva. Mas com a degradação crônica do ambiente acústico e da escuta, e o reconhecimento do problema pelo conjunto da sociedade, poderá haver o aproveitamento simultâneo dessas duas capacidades.
Escuta “descuidada” e declínio dos espaços de silêncio e quietude
Ao recolher e analisar dados históricos, em relatos literários dos séculos XIX e XX, sobre a sonoridade de diversos lugares da Europa, Schafer revela um dado interessante sobre a menção a sons da natureza, que era de 43% no século XIX, caindo para 20% nas primeiras décadas do século XX. A descrição de ambientes quietos ou silenciosos ocorreu em 19% dos textos pesquisados entre 1810 e 1830, caindo para 14% entre 1870 e 1890 e chegando a apenas 9% entre 1940 e 1960. Essa parte da pesquisa também chamou a atenção de Schafer para a mudança da qualidade do silêncio e da quietude narrados, sendo que há uma negatividade associada ao silêncio nos textos modernos, que raramente são positivos em relação a esse quesito. Entre 1965 e 1975, os aviões tornaram-se à jato e os carros cada vez mais potentes e ensurdecedores, transformando possivelmente esse período no mais barulhento da civilização ocidental, segundo Schafer.
Sobre o porquê do estabelecimento do quadro de poluição sonora nas cidades modernas, fez uma reflexão em que afirma que é resultado da escuta descuidada com a qual populações aprenderam a ignorar o ruído. Dois fatores principais contribuíram para essa realidade: a industrialização, que trouxe uma enorme quantidade de ruídos inéditos e indesejáveis para o cotidiano, e os sons e a especialização da audição musical em salas de concerto e em aparelhos domésticos. Esses eventos, acontecendo no mesmo tempo histórico, geraram um aumento brutal dos níveis de ruído, com a escuta estética e crítica restringindo-se à música, separando as produções sonoras nocivas para serem aceitas ou ignoradas sem maiores reclamações.
No final da década de sessenta, Schafer estabeleceu uma relação hipotética entre os danos causados pela poluição sonora ao aparelho auditivo dos habitantes das grandes cidades e um crescente empobrecimento da acuidade auditiva e consequente embrutecimento estético do público e da música futura, referenciado pela constatação da explosão dos níveis de volume em apresentações musicais que elevavam os decibéis de pressão sonora até o limiar da dor.
Barry Blesser, em seu texto sobre a dicotomia entre a sedução sensorial provocada por ouvir música em volume alto e a destruição física literal, resultante dessa prática, das células ciliadas da cóclea, por exemplo, diz que a perda auditiva para os que ouvem e tocam música em alto volume leva tempo, mas a gratificação causada pela sensação de habitar esse outro espaço de excitação e prazer do volume sonoro bem amplificado é imediata, sendo que o risco está em não conseguir dosar o grau e o número de exposições a esse fenômeno, que é perigoso para todos e prazeroso para muitos.
Decibel (dB), que significa um décimo de bel, é uma escala de mensuração de intensidade e variação sonora que permite medir de maneira simplificada e próxima à forma como a audição humana responde às variações dos níveis de pressão sonora. Para avaliar o nível de ruído de um local, é usado principalmente o nível equivalente contínuo (Leq), parâmetro que mostra a média dos decibéis em relação ao tempo de exposição, o que é de grande utilidade para avaliar se um local é adequado acusticamente para determinada atividade, pois a ocorrência esporádica de um pico de volume acima de 90 dB é natural, sendo que a insalubridade se caracteriza pela presença constante desse volume no ambiente.
Quando os limites da exposição constante ao ruído industrial foram estipulados na década de sessenta em 90 dB, apresentações musicais ao ar livre chegaram a bater em 120 dB. Os audiologistas logo registrariam um fenômeno de perda auditiva entre o público majoritariamente adolescente que foi exposto de maneira constante a esse nível de pressão sonora.
Para reverter esse processo, Schafer pressupunha que a população deveria ser instruída para obter conhecimento básico sobre a influência da poluição sonora sobre seus corpos, popularizando a medida em decibéis e a relação com o tempo de exposição à pressão sonora. Todos deveriam ser informados sobre o que determinava a ciência médica, ou seja, que sons acima de 85 decibéis, ouvidos continuamente por longos períodos de tempo, representavam uma séria ameaça à audição. A exposição prolongada a sons além desse nível pode resultar, primeiro, em mudança temporária de limiar da audição, de forma que, ao ser submetido a uma experiência muito ruidosa, todos os sons depois pareçam mais fracos do que o normal por horas ou dias. Um dano coclear permanente pode resultar em mudança definitiva do limiar da audição. Quando essa perda ocorre no ouvido interno, é incurável.
World Soundscape Project
Em 1969, reflexões sobre o tema da ecologia acústica e da poluição sonora não tinham grande repercussão. Era praticamente um projeto de um homem só. Mas, em 1971, Schafer expandiu seus objetivos ao apresentar seu projeto à Donner Foundation, fundação privada canadense de apoio à pesquisa em políticas públicas, que o financiaria em seguida, possibilitando que ele montasse sua equipe e tirasse as ideias do papel.
Os oito objetivos traçados por Schafer foram os seguintes: 1. Estudo documental dos ambientes acústicos, mostrando tipo, número e densidade de vários sons em diversos ambientes, 2. Exploração das formas como os sons podem afetar o comportamento das pessoas, 3. Estudo das qualidades míticas e simbólicas dos sons, 4. Estudo dos sons que funcionam como sinais da comunidade, 5. Coleção de um arquivo de sons que estão desaparecendo, 6. Circulação periódica de uma folha de informação audiovisual em busca de referências interculturais do exterior, 7. Preparação de uma extensiva série de programas de rádio tratando do ambiente acústico e 8. Serviço de recursos às organizações de cidadãos, governos e instituições educacionais, sobre poluição sonora e projeto acústico.
Preocupado com o crescente aumento da poluição sonora e consequente redução da qualidade de vida, especialmente nos centros urbanos, Schafer, com os fundos necessários, criou um grupo de pesquisa na Universidade Simon Fraser, formado por Bruce Davis, Howard Broomfield, Peter Huse, Barry Truax, Jean Reed e Hildegard Westerkamp. Com eles desenvolveu um projeto em âmbito global, reunindo resultados de pesquisas em diversos países do mundo a respeito da transformação da paisagem sonora mundial ao longo dos tempos, com dados históricos, literários e científicos e relatos locais.
Nesse trabalho, denominado Projeto Paisagem Sonora Mundial (World Soundscape Project), o objetivo, segundo Fonterrada, foi “realizar um intensivo estudo interdisciplinar a respeito de ambientes acústicos contrastantes e seus efeitos ao homem; sugerir maneiras de modificar e melhorar ambientes acústicos, educar estudantes, pesquisadores e público em geral, em ecologia acústica e preparar relatos que servissem como guias a futuros estudos”.
No ano seguinte (1972), foi realizada a 1ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, que declarou o ruído como poluente ambiental. O desconforto da população com os efeitos auditivos desse poluente é facilmente auferido, mas há efeitos subjacentes que necessitam de maior publicidade para a conscientização da coletividade sobre a gravidade do tema e a necessidade de políticas públicas de grande alcance.
O geógrafo Ivan Palma destaca esse ano de 1972 como um marco na discussão ambiental que possibilitaria a futura inclusão das questões sonoras na agenda mundial, mesmo que de maneira somente inicial. Assim disse Palma: “ainda é incipiente o reconhecimento da poluição sonora como causadora de problemas de saúde pública. Todavia, a consciência do problema começou a se fortalecer apenas a partir de 1972 com a conferência de Estocolmo, em que se inserem o bem-estar e a qualidade da saúde da população na discussão ambiental. A partir de então, foram introduzidas na agenda pública mundial propostas para redução dos danos causados ao meio ambiente e à saúde através da criação de leis e normas, que orientaram os diferentes governos”.
O trabalho do World Soundscape Project concentrou-se entre 1972 e 1976, sendo que seu início ocorreu em 1969 e as publicações mais conhecidas foram lançadas em 1977 e 1978. Foram realizados um estudo detalhado da paisagem sonora de Vancouver, publicado em 1973, com o título The Vancouver Soundscape, a série Soundscapes of Canada, com a edição de inúmeras gravações feitas em uma viagem que cruzou o Canadá de leste a oeste, resultando em dez episódios transmitidos em rede nacional pela rádio CBC e um estudo detalhado de cinco vilarejos europeus, Cembra (Itália), Dollar (Escócia), Skruv (Suécia), Bissingen (Alemanha) e Lesconil (França), que gerou duas publicações, Five Village Soundscapes e European Sound Diary.
Esse material original despertou o interesse da NASA e, por meio de um pedido do astrônomo Carl Sagan, gravações do World Soundscape Project foram selecionadas e enviadas em uma espaçonave ao espaço sideral, entre os registros do ambiente terrestre, conforme relato de Schafer ao biógrafo Jesse Stewart.
A primeira grande exposição internacional veio com a publicação pela Unesco, de uma matéria de capa sobre o World Soundscape Project, contendo um artigo escrito por Schafer, intitulado Exploring The New Soundscape, pioneer research into the global acoustic environment (Explorando a Nova Paisagem Sonora, pesquisa pioneira no ambiente acústico global).
Todo esse histórico deságua no livro que melhor tornou público o tema da ecologia acústica: A Afinação do Mundo, lançado por Schafer, em 1977, com edições em português.
“Fim do mundo” e reequilíbrio do ecossistema
Uma história escrita por Jesse Stewart relata um momento de epifania ao presenciar, no Canadá, a apresentação de uma obra musical de Schafer. O fato de permanecer refletindo sobre essa experiência, por dias, o fez pesquisar a respeito do compositor e, ao se deparar com a extensão de sua obra, surgiu a ideia de procurá-lo para propor uma biografia em livro.
Schafer aceitou e Stewart foi convidado a acompanhá-lo ao Japão em uma conferência e eventos sobre ecologia acústica. Entre as datas em que Stewart pôde entrevistar Schafer e observar os encontros de entusiastas vindos de muitas partes do mundo, ele, impregnado pelas reflexões sobre esse novo tema em que mergulhara, viveu uma experiência que ratificaria suas impressões sobre a importância de tratar as questões ambientais.
Stewart deixou a cidade de Hirosaki e rumou para a península de Shiretoko, cujo nome significa “o fim do mundo” e que fica em Hokkaido, no extremo norte do Japão. Ele escolheu esse destino devido a um parque nacional considerado patrimônio natural pela Unesco e por achar que “o fim do mundo” seria um bom lugar para praticar a escuta. Chegou à noite, era o único hóspede do hotel e logo se viu imerso em silêncio. No dia seguinte, seguiu até o ponto mais distante atendido por linha de ônibus. Depois partiu de carona até o final da estrada que leva ao fim do mundo em Cabo de Shiretoko. Ainda foi necessária uma longa caminhada até chegar à ponta extrema de um lugar aparentemente inalterado pela ação humana.
Ao chegar à costa, foi então que viu o mar, espelho do céu, transformado no espelho da insensatez. Sua expectativa de avistar um local intocado foi frustrada pela visão de uma paisagem marinha dominada por uma quantidade absurda de lixo. Lixo sobre o mar que o fez lembrar do Grande Depósito de Lixo do Pacífico, uma área com o dobro do tamanho do estado do Texas, nos Estados Unidos, repleta de plástico e restos de todos os dejetos capturados pelas correntes do norte do Oceano Pacífico, formando uma concentração flutuante de toneladas de lixo, que tanto diz sobre esses tempos.
Ali, em silêncio e lágrimas, fechou os olhos e mergulhou nos sons à sua volta… vento, ondas, pássaros… a paisagem sonora… confortando-o, apontando para dentro e para a natureza ainda maior que a tragédia vista. Assim, Stewart disse entender a dimensão do que foi proposto por Schafer sobre a necessidade insofismável de reencontrarmos a afinação do mundo. Para termos outro exemplo da equivalência desse desastre, o tamanho do Grande Depósito de Lixo do Pacífico equivale à soma dos territórios dos estados brasileiros de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Essa afinação, espera-se que possa refletir-se no reequilíbrio de todo o ecossistema.
Paulo Henrique Carvalho dos Passos – Graduado em Musicoterapia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU-2015), pós-graduado em Musicoterapia Preventiva e Social (FMU-2019) e Mestre em Saúde Ambiental (FMU-2020), com a dissertação “Ecologia Acústica e a Requalificação da Paisagem Sonora”. Tem experiência como músico profissional desde 1987. Na área da saúde, trabalha como musicoterapeuta desde 2015, em consultórios, clínicas, escolas e domicílios, tanto no campo da saúde individual quanto da coletiva. Foi preceptor da Clínica de Musicoterapia da FMU, em 2019. Apresentou o evento internacional de saúde ambiental XXXVII Encontro Anual de Etologia, em novembro de 2019. Atualmente é docente da Graduação em Musicoterapia da FMU.
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