Energia curativa dos animais de poder: contribuição da terapia imagético-sensorial do espírito animal às PICS

Ao longo da história humana os animais espirituais, frequentemente chamados de animais de poder, têm sido figuras centrais nos trabalhos xamânicos e um xamã é capaz de realizar suas tarefas principalmente devido à forte conexão e colaboração com um ou mais desses aliados.

No pensamento xamânico, realizam-se jornadas para a busca e resgate do espírito animal para assim restaurar o poder à pessoa que se encontra desanimada, ou seja, que perdeu sua força animal, encontrando-se deprimida, fraca e predisposta a adoecer.

Desse modo, uma ressignificação do tema tem sido observada e a busca pelo animal de poder no rol das terapias neoxamânicas ofertadas pela naturologia brasileira passou a integrar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.

Os animais podem nos ensinar muito, pois a partir da simples observação de seus hábitos e interação com o ambiente pode-se extrair e entender as mensagens a serem aprendidas. De suas qualidades podemos aprender o que está faltando ou sendo mal direcionado em nós. Portanto, tudo que alguém tem a fazer é prestar atenção na mensagem de cada animal, pois estes podem estar refletindo nossas próprias características.

Introdução

A íntima relação da espécie humana com a (sobre)naturalidade animal é um fenômeno transcultural que aparece nos mais diversos cenários geográficos há pelo menos 30.000 anos1,2,3,4,5,6.

A conexão espiritual com o universo faunístico fica evidente nos registros de arte rupestre da Idade do Gelo7, nos quais certos animais são experimentados como possuidores de qualidades transcendentais por direito próprio. De fato, o uso de cavernas profundas foi considerado um indício de intenção mágica da arte pré-histórica realizada no ventre da terra8,9,10.

Com a descoberta da caverna de Chauvet e uma abundância de animais pouco conhecidos por terem sido caçados e comidos como presas, os sinais agora apontam muito diretamente para o fato de eles terem sido pintados pelas qualidades que possuíam como animais de poder. Os dois animais mais frequentemente retratados em Chauvet são rinocerontes e leões, animais perigosos que não estavam no cardápio paleolítico. Como espíritos guardiões, eles possuem força e coragem, qualidades essenciais para auxiliar os xamãs a lidar com os rigores dos mundos visível e invisível durante aquela época severa8.

Ao longo da história humana, alguns indivíduos (homens e mulheres) são escolhidos para exercerem a função de intermediadores entre diferentes dimensões da realidade. Ao entrar em estado alterado de consciência (estado xamânico de consciência), o(a) xamã tanto pode ajudar a solucionar os problemas dentro de sua comunidade quanto pode auxiliar pacientes individuais que estejam emocional ou fisicamente enfermos11.

Desde épocas remotas, xamãs, sacerdotes e sacerdotisas têm sido os guardiões do conhecimento sagrado da vida, estando ligados aos ritmos e às forças da natureza, capazes de recorrer os caminhos que unem os mundos visível e invisível, e recordando às pessoas que as árvores são sagradas e que os animais comunicam-se com quem estiver disposto a escutar12.

No livro “Animais e xamãs: antigas religiões da Ásia Central”, Julian Baldick examina a íntima relação que diz respeito às práticas de cura espirituais (xamanismo) e os animais, e o importante papel que esses organismos desempenham na vida cultural das diversas etnias da Ásia Central13. O animal é, na Sibéria, o espírito tutelar ou protetor, no México e Guatemala, o nagual, e na Austrália, o aliado totem14.

Esses animais espirituais, frequentemente chamados de animais de poder, são figuras centrais no trabalho xamânico e um(a) xamã é capaz de realizar suas tarefas principalmente devido à forte conexão e colaboração com um ou mais desses aliados11,14,15,16, ficando unidos, assim, um ao outro, tornando-se parte do self um do outro.

Desde a década de 1960, com o advento do movimento Nova Era, passando pelo uso mágico-religioso, recreativo e científico de substâncias psicoativas, bem como pelo incremento de grupos neoxamânicos em ambientes urbanos da Europa e Américas, o tema de espíritos animais tutelares vem sendo apresentado ao público.

E uma ressignificação do tema tem sido dada para incluir a busca pelo animal de poder no rol das terapias neoxamânicas ofertadas pela naturologia brasileira17, desse modo, podendo fazer parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares18.

Estudos que cada vez mais transcendem aquilo que é posto como ciência convencional, abarcando com maior interesse, segurança e rigor, principalmente o campo da espiritualidade. Cotidianamente, por exemplo, quando um doente procura uma religião, o mesmo está em busca de uma compreensão sobre o sentido da doença que a própria ciência médica não foi capaz de lhe esclarecer ou acolher19.

Doença na visão xamânica

De acordo com a abordagem terapêutica xamânica, cura é tudo aquilo que propicia uma conexão maior de cada um de nós com o Grande Mistério e com todas as formas de vida. Isso inclui a transformação do corpo, da mente e do espírito.

Também é tudo aquilo que nos proporciona aumento do poder pessoal, da força e da capacidade de entendimento. Significa viver na Mãe Terra estando em perfeita harmonia com todo o Universo20. Por essa razão, tudo aquilo que auxilie a curar o corpo, a mente e o espírito é considerado medicina21.

Para encontrar uma forma de cura especial, que pudesse responder a um desafio ou a um problema pessoal, os ancestrais de muitas comunidades nativas da América do Norte costumavam caminhar pelas florestas ou sobre os rochedos das montanhas em busca de indicações ou sinais que pudessem auxiliá-los na cura e na sua busca por sabedoria.

Mesmo em nossa vida agitada nos centros urbanos é possível encontrar esse caminho de cura se o buscador se dispuser a ler e a entender os sinais da natureza21. Interessante registrar, no entanto, que o conceito básico da cura xamânica reside em que “ninguém cura o outro. A cura já está dentro de cada um”22.

De forma muito breve, existem três causas comuns de doença de acordo com o ponto de vista xamânico: 1) a pessoa pode ter perdido seu poder e isso ter-lhe causado depressão, doença crônica ou uma série de infortúnios; 2) a pessoa pode ter perdido parte de sua alma ou essência, o que às vezes ocorre durante traumas físicos ou emocionais, tais como acidentes, cirurgia, abuso, trauma de guerra, ter passado por um desastre natural, etc.; 3) bloqueios espirituais ou energias negativas que a pessoa tem devido à perda de poder ou de alma23.

Nos três casos, os xamãs realizam jornadas específicas ao inframundo, mundo intermediário ou supramundo, auxiliados por espíritos tutelares ou guardiões, em busca de conhecimentos e informações que possam ajudar na melhora da saúde física, mental, espiritual e emocional de membros de sua comunidade1.

Uma dessas jornadas é pela busca e resgate do espírito animal para assim restaurar o poder à pessoa que se encontra desanimada, ou seja, que perdeu sua força animal, encontrando-se deprimida, fraca e predisposta a adoecer11. Ao fim e ao cabo, as práticas xamânicas de cura, prevenção e manutenção da saúde permitem que os indivíduos tenham uma vida plena baseada na paz, no amor, na harmonia e na abundância.

Os xamãs desde há muito tempo perceberam que o poder do espírito guardião ou tutelar torna a pessoa resistente à doença. A razão é simples: ele propicia um corpo vigoroso que resiste à intrusão de forças exteriores. Do ponto de vista xamânico, num corpo cheio de poder simplesmente não há lugar para a fácil entrada de energias intrusas e prejudiciais, conhecidas, na realidade, como doenças11.

Guia espírito animal

 Nas culturas xamânicas, acredita-se que quando nascemos o espírito de ao menos um animal predispõe-se a nos proteger e nos guiar por toda nossa vida – esse é nosso animal de poder. Quando alguém está conscientemente conhecedor de seu animal de poder, é possível se comunicar diretamente com ele e pedir ajuda e guiança durante a jornada xamânica. Mesmo quando a pessoa não sabe, ainda recebe ajuda invisível23.

Existem muitos nomes diferentes para os guias animais e isso depende da tradição ou caminho que alguém segue, sendo que muitos deles parecem ser intercambiáveis: guia espírito animal, mensageiro, totem, companheiro, nagual, animal guardião, animal familiar, conselheiro, animal medicina, aliado e animal de poder. Descobrir o seu significado e como aplicar em nossa vida é uma maneira de honrá-lo. É o primeiro passo para estabelecer uma comunicação que pode levar a uma verdadeira conversação com os animais.

Em um levantamento preliminar acerca da zoodiversidade relacionada com simbologia animal e sua medicina, registra-se o total de 93 mamíferos, 84 aves, 26 insetos, 17 répteis, 16 moluscos, 13 peixes, 12 invertebrados marinhos, 4 aracnídeos e 3 anfíbios24. É comum ter uma criatura mitológica como animal de poder, como pégaso ou unicórnio. Também se pode ter um animal extinto (estegossauro, por exemplo) como animal de poder, uma vez que o espírito é eterno3,25.

De modo geral, os animais de poder são animais selvagens, não domesticados. Os xamãs sentem que os animais domesticados perderam em grande parte seu poder. Eles atendem às pessoas de maneira mais física do que espiritualmente26. Há poucas exceções, mas até essas exceções não são outra coisa que um vínculo indireto com o verdadeiro animal de poder. Por exemplo: tem pessoas que possuem o cão ou o gato como totem. Esses animais têm sua própria medicina e poder, mas o animal doméstico pode ser simplesmente o aspecto dócil de seu homólogo selvagem: o cão pode estar vinculado ao lobo, ao coiote ou a qualquer outro canídeo, enquanto o gato pode estar associado ao leão, pantera, tigre, onça, etc.12.

De acordo com os sistemas de crenças tradicionais dos nativos americanos, cada espécie de ave representa simbólica e espiritualmente uma fonte específica de “poder” e serve como mensageira, guardiã, protetora ou curadora. Diferentes aves comunicam simbolicamente mensagens diferentes. A águia, por exemplo, é considerada a maior, mais forte e mais corajosa de todas as aves, pois ela pode voar mais alto do que qualquer outra. Portanto, é capaz de levar uma mensagem das pessoas da Terra ao Grande Espírito através do céu27.

Os animais guias têm um poder enorme e cada um deles tem lições únicas e inesperadas para nos ensinar (Figura 1). Assim, lobo e cobra devoram as doenças durante as sessões de cura; urubu é o faxineiro que limpa os resíduos tóxicos – emocionais e físicos – de feridas profundas, desta e de outras vidas; esquilo traz a ideia de previdência, dando atenção ao que faz e cultivando ações benevolentes, cuidando do hoje para não lhe faltar no futuro; e uma vez que o esquilo sobe e desce das árvores, ele é considerado um mediador entre os diferentes mundos; abelha representa pureza, integridade, atividade produtiva e uma série de outras virtudes; colibri fala da alegria, da leveza e do amor, simbolizando a capacidade de ter estratégia e flexibilidade e de transmutar o denso com alegria e bom humor3,7,28,29,30. Um camundongo tem tanto poder quanto um leão, mas cada um deles tem algo bem diferente para nos transmitir30.

Xamanismo e os animais de poder
Fig. 1 – Exemplos de animais de poder: colibri e esquilo.

A energia invocada é a da espécie, daí a referência à “iluminação e visão da águia”, à “coragem do urso”, à “força da onça” ou à “astúcia da raposa”. As características individuais representam espécies e o espírito guardião de uma pessoa é uno com todos os representantes do grupo a que pertence. Por exemplo: se alguém tem como guardião o urso, significa que esse indivíduo alia-se à energia mágico-espiritual de todos os ursos20. Esses espíritos guardiões trazem a sua medicina, poder, força e capacidade de cura15. Casais, famílias e mesmo empresas e corporações financeiras frequentemente possuem um animal de poder apoiando-os em uma realidade não-ordinária25.

A observação do animal religa-nos aos instintos que nele estão presentes sem a repressão e a distorção que aparecem no homem, servindo assim como o melhor antídoto para o sentimento de robotização. Nesse sentido, a multiplicidade do comportamento animal libera o homem e amplia as possibilidades de ser31.

Observando os animais, podemos trazer para nosso íntimo a força deles, imitando suas estratégias para superar as dificuldades em nossas próprias relações pessoais33,33,34.

As aves, por exemplo, são mensageiras que nos trazem um entendimento maior de nossos sonhos e visões35. Ao ver uma ave, reflita sobre a sua cor, a direção de seu voo, se ela gorjeia ou não. Cada uma dessas coisas simples dá à ave mais valor simbólico potencial. Se de algum modo alguém encontra uma pena no caminho (pois no pensamento xamânico nada é ao acaso), deve parar e refletir sobre o significado desse achado: “o que se estava pensando no momento que a pena foi achada? O que está ocorrendo em sua vida no momento? Quais eram seus pensamentos iniciais quando você a viu ou quais palavras vieram à sua cabeça? Quaisquer dessas questões podem ajudar a determinar a razão, ou apenas pode ser um presente para ser usado mais tarde”12.

Invertebrados, como formigas, abelhas, cigarras, borboletas, aranhas e minhocas, podem ser animais de poder, pois são alguns dos seres e professores mais antigos do planeta Terra. Explorando os arquétipos de insetos, aracnídeos e anelídeos, Star Wolf e Cariad-Barrett36 revelam os padrões de ativação da consciência no voo da abelha, na crisálida transformadora de uma borboleta, nas teias criativas da aranha e na reciclagem alquímica do antigo em novo pela minhoca.

Durante a jornada em busca do animal de poder, se alguém perceber enxames ou amontoados de artrópodes em determinada área do corpo, pode significar que esses animais estejam indicando uma doença25. Igualmente, quando cobras, lagartos e dragões mostram suas presas e silvam, isso pode ser um sinal de enfermidade. A importante distinção a fazer é se o animal que apareceu está se mostrando como um verdadeiro ajudante. Por exemplo: algumas pessoas possuem uma grande tarântula como animal de poder. No entanto, isso é bem diferente de ver centenas de aranhas amontoadas no fígado de alguém25.

Tipos de guias espíritos animais

Os totens animais são símbolos de energias concretas que estamos materializando e com as quais nos sintonizamos na vida. Assim, as características e as atividades desses espíritos animais nos revelarão muito sobre nossos próprios poderes e capacidades inatos. Em geral, a literatura sobre o tema animais de poder traz os papéis descritos a seguir para tais aliados37.

Vitalício – esse é o espírito animal que alguém terá durante toda a vida. Pode aparecer a qualquer momento durante a vida útil da pessoa, mas uma vez que estiver com ela, permanecerá pelo resto de sua existência. Esse animal pode ser aquele com quem a pessoa tenha afinidade ou que tenha aparecido em vários momentos.

Jornada – esse animal de poder caminha com o indivíduo por um período de tempo qualquer, que pode levar semanas ou anos. É um guia que mantém alguém em seu caminho. Esses animais podem surgir rapidamente quando se precisa da ajuda deles em determinados momentos da vida e depois sair com a mesma rapidez. Eles podem demorar tanto quanto um piscar de olhos ou por muitos meses. Geralmente aparecem quando o indivíduo tem uma jornada para começar e permanecerão até que essa experiência específica de vida seja concluída.

Mensagem – esse animal de poder aparece apenas esporadicamente na vida de alguém. Pode aparecer um dia como um sinal de “espere um minuto”, para que a pessoa saiba que algo está acontecendo. Tome nota do animal e qual mensagem ele está tentando transmitir.

Sombra – esse é o lado que alguém mais pode temer. Depois de vencer o medo desse animal, ele se torna um dos maiores pontos fortes. Esse guia espiritual reflete a parte interior na qual o indivíduo menos confia ou a parte de sua personalidade que mais detesta.

Propósito – esse guia espiritual será exibido para eventos, rituais ou jornadas específicas.

Jornada em busca do animal de poder

Dentre as técnicas existentes para encontrar o espírito animal de poder, a percussão rítmica de determinados tambores é a que facilita entrar em estado de transe ou consciência alterada e, assim, ter o contato com o mundo espiritual28. O tambor, quando tocado com certa batida monótona de quatro a sete toques por segundo, coloca o xamã no que é conhecido como estado de consciência xamanística.

Estudos recentes mostram que a batida xamanística produz modificações no sistema nervoso central e facilita a produção de ondas cerebrais alfa e teta, que são frequências relacionadas à criatividade, às imagens vívidas e aos estados de êxtase.

De fato, essa batida pode afetar positivamente o bem-estar e a resposta imunológica. O som repetido do tambor é o canal através do qual os xamãs viajam para outros mundos no “voo do êxtase” xamanístico. Na Sibéria, o tambor é conhecido como o cavalo do xamã; no Alto Amazonas, é o espírito da canoa na qual o xamã navega para a terra invisível6.

A batida rítmica do tambor xamânico facilita o estado ideal para a meditação, durante a qual o xamã/terapeuta guia o indivíduo em uma jornada ao submundo para o encontro com o espírito animal. A forma como a meditação é guiada, com diferentes elementos simbólicos que o(a) xamã/terapeuta vai inserindo na jornada, bem como o tempo de duração variam bastante. E a jornada pode ser individual ou em grupo, com cada indivíduo acessando seu mundo subjetivo segundo suas próprias idiossincrasias.

Ao final, deve-se agradecer ao espírito animal que se fez presente e, ao retornar ao estado ordinário de consciência, o indivíduo pode ou não fazer a partilha de sua experiência. Vale salientar que a interpretação última para tudo o que fora vivenciado deve ser buscada primordialmente pela própria pessoa, evitando-se interpretações apressadas à luz da emoção23.

Abaixo, encontram-se alguns depoimentos de indivíduos que realizaram a jornada para descobrir e interagir com animais de poder em diferentes contextos, seja em cursos e oficinas, seja em consultas particulares.

Hoje, com essa experiência que vivenciei, sinto-me mais conectado com meu eu espiritual, algo que estava distante há muito tempo. Garanto que é uma experiência única e que cada pessoa, que tenha interesse é claro, deve experimentá-la, pois vale muito a pena. Meu animal de poder, que não é exatamente um animal, mas sim uma entidade que continha uma presença muito forte, passou-me uma mensagem muito importante, algo que eu precisava no momento, e não foi algo falado e, sim, algo sentido. Foi por meio da troca de olhares que compreendi claramente o que ela queria dizer para mim, semelhante à telepatia. Algo de que não me esqueço era o olhar vibrante, que me marcou bastante. Enfim, é uma prática incrível. Sou grato por ter tido a oportunidade de passar por essa experiência singular!” (V., discente do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UEFS).

Amei fazer a meditação do animal de poder. Foi um momento fantástico que me permitiu compreender qual o meu animal de poder. A meditação foi profunda, maravilhosa. Eu me senti muito, muito, muito bem!” (L. N., consteladora).

Vivenciar a jornada foi algo muito enriquecedor. Ao iniciar a meditação guiada, seguindo a orientação de adentrar na floresta, avistei uma pantera negra. Ela caminhava juntamente comigo, mantendo uma certa distância, por entre as árvores. Ao entrar no grande salão, o animal que vi era a mesma pantera. Ela se aproximou e caminhou ao meu redor, brincou comigo e convidou-me para subir nela, pois me ensinaria a caçar. Ela me levou a uma clareira e falou que eu precisava ser mais silenciosa, ter calma e sabedoria. Depois disso, retornamos ao salão e ela encostou sua cabeça na minha e falou que éramos um só. Por fim, afastou-se lentamente retornando ao fundo do salão.” (M., discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UEFS).

Considerações finais

Quando alguém se conecta com seus guias espirituais animais, precisa ter em mente as características de sobrevivência desses animais e o papel que desempenham no ciclo de vida e morte da natureza. Essas características ajudarão a pessoa a crescer, tomar decisões e determinar o rumo de sua vida, como bem expressam Sams e Carson15 na passagem abaixo.

“Quando você exorta o poder de um animal, está pedindo para ser envolvido em completa harmonia com a força da essência dessa criatura. Compreender esses irmãos e irmãs é um processo de cura e deve ser abordado com humildade e discernimento. Certos aspectos das lições dadas por essas criaturas foram escolhidos para refletir as lições que todo espírito precisa aprender no bom caminho vermelho. Essas são as lições de ser humano, de ser vulnerável e de buscar a totalidade com tudo o que existe. Elas fazem parte do caminho para o poder. O poder reside na sabedoria e na compreensão do papel de cada um no grande mistério, e em honrar o fato de que cada ser vivo é um mestre”.

Os animais podem nos ensinar muito. A partir da simples observação de seus hábitos e interação com o ambiente, pode-se extrair e entender as mensagens a serem aprendidas. De suas qualidades podemos aprender o que está faltando ou sendo mal direcionado em nós. De uma águia, por exemplo, podemos retirar a lição de liberdade, coragem, foco, altos ideais, visão, poder e espírito. Portanto, tudo que alguém tem a fazer é prestar atenção na mensagem de cada animal, pois eles podem estar refletindo nossas próprias características.

Agradecimentos

Ao Grande Espírito, por permitir a cognoscência de Sua existência e vivenciá-Lo em toda Sua potencialidade; aos espíritos animais pela presença e companheirismo e a Ana Cecília Estellita Lins, pela leitura e correções no texto.


Eraldo Medeiros Costa Neto – Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, no Departamento de Ciências Biológicas. Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal de Alagoas, com mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, pela Universidade Federal de Alagoas e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais, pela Universidade Federal de São Carlos. Pesquisador na área de Ecologia Espiritual.

 

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