Filhos de pais emocionalmente imaturos: consequências emocionais e físicas e cuidados por meio da decodificação biológica de traumas

Pais ou cuidadores emocionalmente imaturos são aqueles que sempre olham primeiro para suas próprias necessidades, deixam o filho sozinho com seus sentimentos mantendo-se emocionalmente ausentes, manipulam a criança para conseguir o que querem, minimizam os problemas do filho, esperam obter atenção demasiada de sua prole tendo surtos extremos de emoção para alcançar isso, não conseguem ter consciência de seus próprios problemas enquanto o filho faz isso por eles, comportam-se como se o filho não tivesse direito a ter os próprios sentimentos tratando-o como uma extensão deles, são capazes de ter somente conversas unilaterais com o filho e querem que esse intua quais as suas necessidades e caso contrário explodem.

Esses pais emocionalmente imaturos trarão para o filho vivências de rejeição, negligência, distanciamento e egoísmo, que deixarão impactos significativos no desenvolvimento desse indivíduo.

Dessa forma, o fato de ser pai ou mãe não quer dizer necessariamente que a pessoa atingiu maturidade emocional e isso é algo que precisa ser pensado pelos próprios pais, a fim de verificarem se praticam algum ou alguns dos itens mencionados e de revisarem suas emoções e comportamentos, buscando pelas modificações necessárias, sendo que em casos graves faz-se necessário procurar por ajuda terapêutica.

Do ponto de vista do filho que vivencia tais situações importa lembrar que o núcleo familiar não se reduz a soma de seus membros, mas tem também relação com o apoio mútuo direcionado primeiramente pelo amor, coerência e responsabilidade trazidos pelos pais. Isso evidencia que o filho criado por pais emocionalmente imaturos ficará sem o devido suporte que uma família bem estruturada oferece.

Historicamente, a família constitui um grupo que gera apoio a seus componentes. Ela tem funções muito importantes dentro da sociedade, notadamente na formação da subjetividade e consequentes comportamentos da prole diante da vida.

O ser humano tem necessidades fundamentais ligadas a segurança, atenção, contato físico, confiança e amor, que auxiliam na formação de seus conteúdos psicológicos.

Assim, destaca-se uma relevante função da família que é promover a afetividade — algo imprescindível para a sobrevivência de um bebê e da criança —, sendo que propiciar e fomentar isso faz parte da maturidade emocional dos pais e de outros componentes da família.

Os pais são aqueles que fornecem as primeiras relações afetivas e o peso disso é grande, já que se relaciona também à sobrevivência.

No ambiente familiar, devem se dar o acolhimento e os cuidados para que ocorra a formação de um adulto emocionalmente funcional.

É um espaço que detém potencial incontestável para trazer ao indivíduo o necessário à formação e fortalecimento de seus vínculos sociais e íntimos, à sua autonomia e à sua saúde física e psicológica, tendo também responsabilidades educacionais indispensáveis e obrigação de encaminhar e proporcionar oportunidades educativas.

Quando tudo isso ocorre, desencadeia-se um processo de desenvolvimento saudável e com padrões de interação positivos.

Importa destacar que, em geral, pais emocionalmente imaturos podem conseguir atender a demandas de cuidados primários dos filhos. A dificuldade está no fato de não se manterem afetiva e emocionalmente presentes, sendo que a prole levará isso para a vida adulta.

Em suma, os valores repassados pelos pais ou cuidadores ajudam a desencadear nos filhos processos que vão provocar neles o desenvolvimento físico, emocional, social e intelectual.

Mas se isso não ocorrer, a criança pode deixar de assimilar valores essenciais para sua integralidade como ser humano e cidadão, prejudicando a formação de sua subjetividade.

Perfil internalizador vs. perfil externalizador

Considerando que cada um interage com o mundo de acordo com sua subjetividade — a qual é construída desde o nascimento — e que por meio dela é possível observar os impactos da criação recebida, faz-se necessário compreender que a criança está sempre observando e aprendendo algo, ou seja, envolvendo-se e criando sua subjetividade.

A mente é inseparável da história, cultura e contextos de vida. Desses registros emergem emoções que auxiliam na produção mental sobre o mundo. O sujeito vai utilizar tudo isso para enxergar as situações de vida e posicionar-se quanto a elas.

Portanto, os sentidos dados pelo indivíduo à realidade vêm do curso de suas experiências. É a partir disso que ele sente, gera e comporta-se, mostrando a natureza subjetiva dessas experiências.

Esclarecido isso, expõe-se que para sobreviver a uma infância e adolescência em que os pais são emocionalmente imaturos os filhos acabam buscando formas de adaptação, sendo que alguns desenvolvem um perfil de internalização e outros de externalização.

Aqueles que têm um perfil internalizador buscam, em detrimento de suas próprias necessidades, adaptar-se para satisfazer às demandas da mãe ou do pai que é emocionalmente imaturo.

Podem ter uma sensação de dívida em relação aos pais e sentimentos de culpa ou responsabilidade pelo bem-estar do(s) genitor(es). Nesse caso, podem ocorrer dificuldades para que esses filhos consigam diferenciar seus desejos dos desejos do pai ou da mãe. Além disso, é possível que desenvolvam um interesse pelo mundo psíquico, na intenção de viver vínculos genuínos com esse(s) genitor(es).

Já aqueles com perfil externalizador têm comportamentos que demonstram imediatismo e impulsividade e devido à sua baixa capacidade de introspecção e ao seu egoísmo apresentam a tendência de culpar circunstâncias e outras pessoas quando as coisas não acontecem como eles idealizam. Ou seja, desenvolvem comportamentos que se assemelham aos dos pais emocionalmente imaturos.

Indivíduos com perfil de externalização tendem a não valorizar as relações, demonstrando pouco interesse ou responsabilidade pelas consequências que suas atitudes podem causar. Acabam, assim, pendendo a repetir os padrões de comportamento do genitor emocionalmente imaturo e a reproduzi-los nas suas interações, inclusive com sua própria prole.

Assim, vê-se que os desafios enfrentados por filhos de pais emocionalmente imaturos podem manifestar-se através de traumas transgeracionais ou de padrões que vão se repetindo de geração em geração.

Efeitos na idade adulta

Diante dos acontecimentos apontados acima, o indivíduo adulto pode sentir solidão, medo, insegurança, sensação de que é um fardo para os pais, sentimento de vergonha em relação ao(s) genitor(es), tendência a criticar e julgar severamente suas próprias emoções, baixa autoestima, dificuldade de autorregulação emocional, déficit de habilidades socioemocionais como o reconhecimento de seus próprios limites, dificuldade para manter relações afetivas saudáveis e propensão ao perfeccionismo.

E, a partir disso, pode também passar por problemas mentais, como transtornos de personalidade, transtornos decorrentes de abuso no uso de substâncias, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e transtornos alimentares e de ansiedade, entre outros.

Tudo isso irá depender do grau de negligência, crítica, controle e desdém a que o filho foi submetido pelo genitor emocionalmente imaturo.

Atualmente, no contexto clínico vêm se apresentando muitos casos de filhos criados por pais emocionalmente imaturos, observando-se em suas vidas a complexidade das consequências.

Na experiência clínica, a decodificação biológica de traumas – DBT tem se configurado como importante auxílio na vida desses indivíduos, ajudando não só no tratamento e recuperação em relação às desregulações emocionais, mas também de possíveis disfunções orgânicas que tudo isso pode acarretar.

Por meio de uma anamnese profunda, feita de acordo com os princípios filosóficos e científicos da medicina tradicional chinesa e do diagnóstico energético, e com a utilização ainda dos conceitos advindos da nova medicina germânica e da biopsicologia, é possível chegar a uma compreensão das necessidades específicas para o tratamento de cada indivíduo.

Com isso, são estabelecidas diretrizes para o cuidado integral e auxiliar nas questões psicológicas ou traumas presentes, utilizando-se notadamente estímulos nos pontos de acupuntura adequadamente selecionados (micropuntura por micropressão), com o objetivo de acessar e estimular de forma apropriada pontos referentes ao sistema nervoso central e a glândulas que trabalharão pela regulação emocional e orgânica ao liberarem substâncias como serotonina, dopamina, oxitocina e outras.

Diante da ação integrada dessas contribuições terapêuticas, o corpo e a mente reagem favoravelmente à saúde, promovendo autocura e homeostase.

Para além disso, toda a ação desenvolvida no decurso do tratamento — seja por meio do diálogo durante a anamnese ou pelo melhoramento psicológico que ocorre na aplicação terapêutica — leva o indivíduo a compreender, processar ou tomar consciência de suas dificuldades emocionais, identificando comportamentos que inviabilizam seu bem-estar e saúde.

Dessa forma, ele pode evitar que isso lhe traga novas dificuldades, já que por meio dessa consciência poderá ir em busca de manter constantemente a sua devida regulação emocional.


Profa. Dra. Janine Soares Camilo – Ph.D. em Medicina Tradicional Indígena (Naturopatia e Homeopatia) pela Erich Fromm University, bacharel em Psicologia pela Fatra – Faculdade do Trabalho, master em Microsemiótica Irídea, bacharel em Cosmetologia e Estética pela Unitri – Universidade Integrada do Triângulo e pós-graduada em Acupuntura pelo IPGU – Instituto de Pós-Graduação de Uberlândia e em Homeopatia pela Faculdade Inspirar.

 

Referências bibliográficas

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