Ozonioterapia é o tratamento realizado com ozônio medicinal. O ozônio é um gás incolor, com odor característico e altamente energético, composto por três átomos de oxigênio (O3) e cujas moléculas são diferentes, em estrutura, das moléculas do oxigênio atmosférico normal (O2).
Quando aplicada corretamente, a ozonioterapia é uma técnica natural com poucas contraindicações e efeitos secundários mínimos.
O mecanismo de ação do ozônio tem sido amplamente estudado nos últimos anos. Atualmente, conhece-se bem como ocorrem seus efeitos bioquímicos anti-inflamatórios, germicidas, de regulagem do metabolismo, de resposta imunológica, de melhora da metabolização de oxigênio e de regulagem do estresse oxidativo.
A ozonioterapia, na realidade, consiste na aplicação de uma mistura de oxigênio e de ozônio, numa proporção de 99,95 partes de O2 e 0,05 de O3 a 95 partes de O2 e 5 partes de O3.
Conforme a mistura utilizada, sua concentração, dosagem e via de administração terão um efeito farmacológico diferente, mas sempre conhecido e calculado.
Desde que bem indicado e administrado de forma correta, o ozônio é um dos medicamentos com menor índice de efeito colateral: 0,0007%.
Indicações
Atualmente, a ozonioterapia é conhecida e prescrita como coadjuvante no tratamento de doenças infecciosas, inflamatórias e degenerativas.
Essas são algumas das doenças que podem ser tratadas com o uso do ozônio: degeneração macular senil (cegueira senil), retinopatia diabética, herpes, câncer, AIDS, infecções bacterianas e fúngicas, hepatite C, cirrose hepática, lúpus eritematoso, artrite reumatoide, hérnia de disco, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes, lesões de pele (úlceras), alergias e cárie.
Métodos de aplicação
A escolha do método de aplicação do ozônio depende do problema a ser tratado.
Auto-hemoterapia – o médico retira um volume de sangue do paciente, que pode variar de 20 ml a 200 ml, trata o líquido com ozônio e injeta-o novamente no corpo.
Insuflação retal – com a ajuda de uma sonda retal, o gás é levado até o intestino, onde é absorvido pelo sangue.
Aplicação local – com o auxílio de uma bolsa de plástico resistente, o paciente recebe um banho de gás sobre a pele.
Injeção intra-articular – o gás é aplicado diretamente nos joelhos e ombros.
Injeção intradiscal – procedimento em que o gás é levado até os discos intravertebrais.
Aplicação auricular – o gás é aplicado através dos ouvidos.
Água ozonizada – usada em forma de spray, compressa e banhos. Pode também ser ingerida.
Óleo ozonizado – aplicado diretamente sobre a pele.
Custo acessível
Além de ser uma técnica eficaz e menos invasiva de tratamento, a ozonioterapia é também menos onerosa.
É um tipo de terapia que pode ser efetuada em nível ambulatorial, sem a necessidade e os custos de um ambiente hospitalar ou de internação do paciente.
Não requer equipamentos altamente sofisticados, podendo ser realizada com o uso de um aparelho gerador de ozônio e poucos acessórios e suprimentos médicos de baixo custo (seringas, bolsas plásticas, sondas, etc.).
A curva de aprendizagem da técnica é curta, não exigindo investimentos vultosos para formação dos profissionais que irão utilizá-la.
A ozonioterapia no mundo
Atualmente, a ozonioterapia é um método terapêutico reconhecido pelos sistemas de saúde da Alemanha, Suíça, Áustria, Itália, Portugal, Ucrânia, Rússia, Grécia, Israel, Egito e Cuba.
E também em 13 estados dos EUA: Arkansas, Califórnia, Colorado, Geórgia, Minnesota, Nevada, Novo México, Nova York, Carolina do Norte, Oklahoma, Ohio, Texas e Washington.
Japão, África, Malásia, México, Cuba, Argentina e Chile são outras regiões que adotam o tratamento médico com ozônio.
A Europa conta com mais de 15 mil médicos que utilizam esse procedimento.
Na Alemanha, são realizados anualmente cerca de 7 milhões de tratamentos com uso de ozônio.
Na Itália, existem mais de 1.200 hospitais com salas de ozonioterapia.
Em Portugal, existem salas de tratamento com ozônio no sistema público de saúde.
Na Rússia e Ucrânia, essa terapia é aprovada pelo Ministério da Saúde e está presente em todos os hospitais do governo.
Em Cuba, o tratamento com ozônio faz parte da rotina de todos os hospitais.
Na maior parte do mundo, os planos de saúde reembolsam quem realiza terapia com ozônio.
A ozonioterapia no Brasil
No Brasil, a ozonioterapia começou a ser aplicada em diferentes especialidades, por médicos pioneiros. A aprovação e regulamentação de seu uso na prática médica diária ampliaria sua divulgação e aplicação, trazendo inúmeros benefícios para a saúde da população brasileira, com mínimos efeitos colaterais, poucas contraindicações e custos acessíveis.
Entretanto, até o momento, seu uso rotineiro só foi oficialmente reconhecido pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia), para tratamento de cárie dental, quadros inflamatórios e infecciosos, canais radiculares e necrose dos maxilares e para reparação tecidual em cirurgias.
Por enquanto, o CFM (Conselho Federal de Medicina), aprova a utilização de ozonioterapia apenas como procedimento experimental realizado em pesquisas e estudos científicos. Veja no artigo Ozonioterapia no Brasil: pode? Não pode? Como pode?, publicado na Revista Medicina Integrativa.
Mais de cem anos de história
Em 1785, Van Marum notou que havia um gás (que mais tarde viria a ser denominado de ozônio) ao redor de máquinas que produziam faíscas elétricas.
Posteriormente, em 1801, Cruischank observou que um gás desconhecido formava-se durante o processo de eletrólise.
Em 1840, Schönbein, trabalhando com arcos voltaicos na presença de O2, detectou o surgimento de um gás “irritante”, que definiu como sendo oxigênio ativo, denominando-o de ozônio.
Em 1856, ocorreram as primeiras tentativas de desinfecção de salas hospitalares com o uso de O3.
Em 1857, demonstrou-se que o ozônio era um gás muito reativo e instável, que deveria ser introduzido a partir do oxigênio e utilizado imediatamente.
Soret, em 1866, chegou à conclusão de que o ozônio é uma molécula alotrópica do oxigênio.
O Dr. Labé e o Dr. Donatien, em 1889, realizaram testes terapêuticos em pacientes anêmicos e tuberculosos, mostrando que, com o uso do O3, sua taxa de oxi-hemoglobina subiu 30%.
Em 1891, foram demonstradas as propriedades antissépticas do ozônio.
Em 1900, ocorreram as primeiras tentativas de tratamento com água ozonizada.
Durante a primeira guerra mundial, pacientes queimados ou com infecção generalizada (septicemia) tratados com ozônio apresentaram excelentes resultados. Nessa época, ele foi usado em larga escala na Alemanha.
Nos anos que se seguiram, esse gás foi amplamente estudado.
No período de 1936 a 1939, foram publicados inúmeros artigos demonstrando que o ozônio é benéfico no tratamento de problemas urológicos. Constatou-se o efeito terapêutico proporcionado pela administração do gás via retal e também suas propriedades acumulativas no que se refere à oxigenação sanguínea.
Entre 1950 e 1956, apareceram no mercado diferentes aparelhos geradores de ozônio.
Ainda em 1956, foi demonstrada in vitro a ação do ozônio como antiagregante plaquetário, por alterar o potencial de membrana e pela melhora da atividade fagocitária dos macrófagos (50%).
Em 1972, foi fundada a Sociedade Alemã de Ozonioterapia e, nesse mesmo ano, o Dr. Hansler descreveu pela primeira vez a major auto hemo therapy (MAHT), em que se mistura o ozônio com o sangue do paciente, através de uma técnica específica.
Em 1984, foi fundada a Sociedade Italiana de Ozonioterapia.
Em 1986, foi criada, em Cuba, a primeira sala para realização de ozonioterapia.
Em 1989, foi estabelecida, na Itália, a Sociedade Internacional de Ozonioterapia Médica, que teve como colaborador o Dr. Bocci.
Desde então, o uso do ozônio no tratamento de inúmeras doenças de importância social foi sendo aperfeiçoado, com base em pesquisas clínicas e laboratoriais.
O grande avanço na utilização do ozônio em medicina ocorreu com o desenvolvimento de materiais que não reagem com ele, como por exemplo silicone, kynar, vidro sem chumbo em sua composição e teflon.