Sombras e luto na visão das terapias integrativas

A terapia integrativa engloba diversas técnicas e modalidades terapêuticas, principalmente dentro do campo da naturopatia, que interagem, integram e compartilham os tratamentos e cuidados de um paciente, juntamente com a medicina tradicional.

A naturopatia e as terapias integrativas e holísticas possuem em seu cerne o exercício de cuidados em parceria entre paciente e terapeuta. Ou seja, o tratamento e os procedimentos terapêuticos ocorrem com a participação ativa do paciente, que necessita estar disposto a interagir no processo de transformação, autocuidado e cura.

É notável que os procedimentos terapêuticos e integrativos convidam e levam os atendidos a um caminho de mudanças inevitável e muitas vezes sem volta. Aquilo que conhecemos como autoconhecimento inicia-se, frequentemente, durante esses tratamentos, sendo que por vezes o autoconhecimento é o próprio tratamento. E isso refere-se tanto a situações e aspectos positivos da vida quanto àqueles que, em princípio, são considerados como negativos, como é o caso das sombras do inconsciente e do luto.

Sombras e luto são, na maioria das vezes, fatores que as pessoas procuram evitar ou ignorar, por serem dolorosos ou vistos como algo exclusivamente negativo ou prejudicial. No entanto, no campo das terapias integrativas e tradicionais, encontramos filosofias antigas e culturas ancestrais, como as xamânicas, egípcias, indianas, africanas e outras, que abordam essa esfera da vida como sendo parte complementar do ser humano. Para entender esse conceito, é preciso pensar em termos complementares: dia e noite, luz e sombra, bem e mal, certo e errado, yin e yang, masculino e feminino e, ainda, nos elementos da natureza: água, fogo, terra, ar, éter… É possível, então, perceber que não há algo pejorativo em um dos lados, mas sim que eles são essenciais um ao outro, necessários e complementários.

A sombra tem como seu elemento complementar a luz e o luto é um processo que faz parte do ritual da dicotomia entre vida e morte. Filósofos, pensadores, sábios e até mesmo compositores e poetas utilizam-se dessas polaridades em suas criações literárias e artísticas. É o que se pode ver neste trecho da música Certas Coisas, de Lulu Santos: “não haveria luz, se não fosse a escuridão”.

Sombra como mola propulsora da transformação

Em terapia, quando falamos em sombras estamos nos referindo a pensamentos, lembranças e comportamentos que existem e fazem parte da pessoa, de sua história e de sua personalidade, mas que no entanto foram por muito mais vezes ignorados do que trazidos à luz, durante as conversas, análises e demais procedimentos terapêuticos.

E quando a sombra vem à tona, muito é descoberto, desvendado, debatido e aceito, podendo então ser cuidado e tratado, na medida da individualidade de cada ser e com base num processo de aceitação em vez de autojulgamento e autopunição. Uma vez reconhecido e tratado, aquele aspecto antes ignorado deixa de ser caracterizado como “vilão” dos acontecimentos.

A sombra, portanto, pode vir a ser uma mola propulsora para novas realizações, trazendo proteção, mudança de hábitos e de direção e resultados benéficos, quando deixa de ser “negativa” para ser parte normal de todos os processos de vida, desde o nascimento, desde a criação. E disse Deus: “Haja luz. E houve luz” – Gênesis 1:3 Criação.

O que também nos traz o entendimento de que a luz não teria sentido ou função sem a escuridão e de que a sombra não existe onde não há luz.

As cinco etapas do luto

O luto é ao mesmo tempo um sentimento e um símbolo necessário e representativo de um ritual de passagem.

No decorrer dos processos naturais no planeta Terra, temos a vida que se apresenta como o intervalo entre o nascer e morrer. Nada mais natural, espontâneo e inevitável.

Muito estudado e ainda pouco entendido, o luto pode ser o episódio mais doloroso na história de uma pessoa, mas pelo qual todos, em algum momento, terão que passar e vivenciar.

Todas as experiências de perdas e despedidas, quando bem vividas, compreendidas e cuidadas, têm menores chances de provocar traumas e bloqueios profundos. Mas o inverso é verdadeiro: se o fato for ignorado, não vivenciado e desrespeitado, pode trazer sérias dificuldades e transtornos.

No caso do luto, o processo de entender e vivenciar a experiência passa por cinco etapas: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Quando sentidas e abordadas de forma adequada, elas nos preparam para enfrentar situações inevitáveis. Quando mal resolvidas, podem gerar outros sentimentos negativos, como angustia e depressão.

Não existe uma fórmula ideal para viver a experiência do luto, mas há recursos que ajudam a expressar a dor e a tristeza, tais como não se afastar das outras pessoas, não esconder os sentimentos, não prender o choro e nem evitar outras manifestações de emoção e contar com a presença e ajuda de pessoas dispostas a ouvir e apoiar. Qualquer bloqueio pode gerar ainda mais tristeza e traumas. O acolhimento, a exposição e a escuta auxiliam na transição pelas várias etapas de vivência do luto até sua aceitação e volta à “normalidade”.

Aceitar a temporariedade da vida e a impossibilidade de controlar tudo, assim como nossas limitações, sensibilidades, fraquezas e sentimentos diversos, nos torna mais capacitados a nos recuperar de situações dolorosas e de nossas próprias deficiências.

Compreender que somos feitos de tudo isso, luz e sombra, choros e risos, ganhos e perdas, nos faz mais humanos, mais potentes e mais valiosos para nós mesmos e para o mundo.


Wilton Cruz – Terapeuta integrativo, pós-graduado em Naturopatia, especialista em Cristaloterapia e Numeroterapia, professor de yoga e meditação, conhecedor de ervas medicinais (fitoenergéticos) do norte do Brasil, barras de access, tameana, alinhamento de chacras, florais de Bach e cromoterapia. Criador dos métodos terapêuticos Terapia de Valor® e Sistema de Transformação de Vida através dos 7 Chacras com Cristais®.