Tossir repetidamente não é bom para o corpo e, de acordo com os preceitos da medicina tradicional chinesa, essa condição talvez não seja apenas resultante de um desequilíbrio na energia dos pulmões, tendo também a participação de um outro órgão: o baço.
Nos períodos em que o tempo fica frio e úmido, muitas crianças começam a ter resfriado e tosse. E, quando isso acontece, na maioria das vezes os pais usam muitos remédios para tentar cessar a tosse de seus filhos e nem sempre há uma melhora efetiva.
Quando a criança tosse, sua face pode ficar avermelhada, além dela produzir catarro (muco), o que dificulta muito a própria ação de tossir, assim como a de engolir, situação que se torna realmente angustiante.
Nesse caso, é difícil resolver de forma completa o problema simplesmente limpando o calor do pulmão, pois como foi dito de início é preciso observar que o baço tem uma participação nesse tipo de sintoma.
De acordo com a medicina chinesa, o baço é a fonte de fleuma e os pulmões são os dispositivos de seu armazenamento.
Mas, afinal, o pulmão é apenas um órgão que armazena fleuma, enquanto o baço é um órgão que produz fleuma?
Antes de responder, devemos lembrar que a tosse não é uma doença, mas sim um sintoma associado a problemas respiratórios.
De acordo com a teoria dos cinco elementos da medicina tradicional chinesa, o baço nasce da terra e os pulmões do metal (Figura 1).
Se a saúde da criança é suficiente e sua resistência imunológica é alta, quando o corpo é atacado por patógenos exógenos, eles são facilmente expulsos do organismo por meio da tosse.
Agora, se a saúde da criança é frágil e sua imunidade é baixa, fica muito difícil nutrir os pulmões. Então, é quase impossível para o corpo expulsar os patógenos exógenos.
Dessa forma, muitas crianças ficam naturalmente propensas à situação de não conseguirem tossir ou engolir e com sua face avermelhada.
Na realidade, quando uma criança tem tosse, muitos pais não sabem como fortalecer o baço. Eles simplesmente acabam medicando-a e melhorando o calor do pulmão. Isso cria uma umidificação do pulmão e alivia a tosse provisoriamente.
Não se pode negar que há um efeito de alívio, mas esse tipo de tratamento não ajuda o baço a se equilibrar adequadamente, o que leva a um desequilíbrio constante, promovendo outras doenças.
Tosse e nutrição
Outro ponto importante a salientar é que muitos pais acabam promovendo excessos na alimentação da criança com tosse, deixando que ela coma tudo o que quiser, com o pensamento de que isso vai ajudar o organismo a se fortalecer. Especialmente aqueles pais que se sentem angustiados de ver seu filho adoecido.
Mas isso não auxilia a reparar os sintomas da tosse e, pelo contrário, prolonga ainda mais o ciclo de desequilíbrio, deixando a criança mais propensa a desenvolver doenças respiratórias.
Quanto mais a criança come, maior é a pressão no baço e no estômago, o que piora e dificulta sua recuperação física.
Os pais precisam ser orientados no sentido de que, quando tal situação acontecer, devem primeiramente agir de maneira contrária, reduzindo a carga alimentar sobre o baço, especialmente no que se refere a comidas adocicadas, de forma a assim diminuir o acúmulo tóxico e limpar o calor interno.
Os chineses facilitam esse processo de cura com o uso de um fitoterápico básico, que ajuda a resolver o problema, não apenas limpando os pulmões e aliviando a tosse, mas também fortalecendo o baço e umedecendo os pulmões.
Para tanto, utilizam um composto de casca de tangerina, espinheiro, alcaçuz, manjericão, folhas de amoreira e lírio.
O primeiro passo é eliminar os alimentos acumulados e limpar o calor interno (espinheiro, folhas de amora e manjericão).
O segundo passo é revigorar o baço (alcaçuz, casca de laranja e lírio).
É preciso dar à criança uma dieta leve, durante um período de tempo, e depois administrar esse chá morno, que ajudará no alívio da tosse.
Por fim, cabe lembrar que a tosse não é algo que pode ser resolvido apenas com medicamentos, mas, sim, com tratamentos preventivos.
Luis Miname – Fisioterapeuta, acupunturista, terapeuta manual, ministrante de aulas sobre a terapia Shonishin (acupuntura pediátrica japonesa) e professor do curso de acupuntura da EOMA – Escola Oriental de Massagem e Acupuntura.