Aceitar a dor como experiência fortalecedora

Ai, como seria bom se a dor não existisse. Entretanto, algumas experiências, acontecimentos e situações são inevitáveis na trajetória de todos nós, seres humanos.

Qual tipo de dor você tem? Sim, porque a dor é motivada por fatores diversos e se faz presente de forma física, emocional, existencial ou por condição, peso, percurso, acidente. Mas ela sempre nos alcança em diferentes níveis e contextos. Algumas vezes, torna-se permanente e desperta a sensação de ser insuportável. Se passa, deixa marcas e cicatrizes que entregam nossas experiências, enfrentamentos, embates e resistências.

Por todos os tempos, pessoas interessaram-se em estudar a dor e em tentar entendê-la. Tratamentos, protocolos e medicamentos foram criados para combatê-la e continuam a surgir. Mas o fato é que, em algum momento, cada um de nós irá senti-la em alguma de suas formas.

A psicologia sobre as dores psíquicas e emocionais e os terapeutas integrativos, como eu, percebem a dor que vem “da alma”.

A “dor dói”, chega e arremessa-nos a sensações e sentimentos de fraqueza, medo, angústia, incerteza e até desespero. A ansiedade, termo tão corriqueiro no contexto atual, causa inquietude e dores. E a configuração e estilo de vida da maioria das pessoas leva a mais dor.

Mas, voltando ao questionamento inicial, e se a dor não doesse? Se ela apenas se apresentasse, trouxesse sua cara e passasse. Existe uma frase popular que diz: “aprendemos com o amor ou com a dor”. Então, o que acontece quando não aprendemos? Precisamos vivenciar ou revivenciar.

No nascimento iniciamos um ciclo biológico: nascer, crescer, “procriar”, envelhecer ou não e morrer. Além desse ciclo natural, temos outros ciclos sociais, convencionais, profissionais, opcionais e de aptidão e personalidade. Ou seja, estamos sempre seguindo ciclos, com início, meio e fim.

Nesse percurso, deparamo-nos com desafios, testes, limitações, barreiras e escolhas. E, algumas vezes, com rupturas e perdas inesperadas e dolorosas. E, com isso, temos que vivenciar as dores das despedidas e finalizações. No momento do impacto, a dor, o peso e a incapacidade de controle se fazem presentes. E não tem como nos ausentarmos, não sentirmos, ignorarmos.

Estamos passando pelo segundo ano de “enfrentamento” ou “vivenciamento” de uma pandemia, um tipo de situação não conhecida anteriormente pela grande população humana atual, em que a dor se mostra em todas as suas diversas formas de manifestação, com a destruição das famílias, projetos, sonhos e empreendimentos.

O cansaço e a desesperança visitam e abalam a muitos, que por vezes perdem a perspectiva e não sabem como se levantar. O que fazer com tudo isso? Como recomeçar?

Ressignificando a dor

Aceitar e vivenciar a dor seria o ponto de partida para um fim de ciclo. Para contextualizar, usarei um princípio da meditação. Muitas vezes, quando um iniciante vai realizar a prática da meditação e fecha os olhos, seus pensamentos aceleram e se multiplicam, sendo que o que se busca nessa prática é justamente o inverso, ou seja, relaxamento, limpeza da mente, tranquilidade, etc. Então, o instrutor orienta para que seja feito o seguinte exercício: a-cei-ta-ção. Isso, aceitação. Basta não criar um embate, resistência ou guerra contra esses pensamentos, que pouco a pouco eles irão se esvaecer, esvaziar.

No contexto da dor, a orientação é a mesa: aceite, vivencie o fato de que você está sendo visitado por ela, física, mental, emocional ou espiritualmente. E ninguém ou nenhum teste é tão afinado a ponto de saber qual o tamanho e proporção que a dor tem, apenas quem a está sentindo. Sendo assim, observe: como têm sido seus dias e rotinas atuais. Quais pensamentos mais se repetem em sua cabeça? O que tem lhe causado medo e receio? O que lhe causa dor?

E não pense que, ao aceitar, ao baixar a resistência e permitir-se vivenciar, sentir, experimentar, conhecer essa dor, você está alimentando-a para que ela cresça. Ninguém melhor do que você, com seu corpo e sua capacidade, sabe se esse momento seu com a dor precisará durar minutos, dias, horas ou mais tempo. Durante esse intervalo, busque entender o que a causou, de onde ela vem e qual a relação dela com suas perspectivas, pontos de vista, orientações e crenças. Note que aquilo que você considera como dor, pode na verdade nascer do seu olhar para a situação, da proporção e interpretação que você dá aos fatos.

Vivencie. E, então, mova-se. Aprenda algo e siga. Novos acontecimentos, prazeres, experiências… e dores virão trilhar seu caminho. A vida contém tudo isso. E, algumas vezes, essas situações e vivências são inevitáveis.

E quando o fardo estiver pesado demais, busque companhia, peça ajuda, crie laços e amizades e/ou recorra a uma ajuda profissional. Todos estamos passando por desafios, o que muda é a hora, o tipo, a intensidade e a perspectiva.

Reflita sobre o que depende de você e o que não depende. Relaxe. Baixe as barreiras e permita-se desfrutar de novas experiências, novos olhares, novas práticas.

Após a passagem de cada dor bem vivida, em suas devidas proporções e de termos nos lapidado, podemos considerar até que ela nos trouxe uma experiência fortalecedora.

Estamos em boa hora para ressignificar a dor. E depois de sorrisos e lágrimas, dores e prazeres, não se esqueça do aprendizado adquirido e não deixe de seguir em frente. A vida continua.


Wilton Cruz – Terapeuta integrativo, pós-graduado em Naturopatia, especialista em Cristaloterapia e Numeroterapia, professor de yoga e meditação, conhecedor de ervas medicinais (fitoenergéticos) do norte do Brasil, barras de access, tameana, alinhamento de chacras, florais de Bach e cromoterapia. Criador dos métodos terapêuticos Terapia de Valor® e Sistema de Transformação de Vida através dos 7 Chacras com Cristais®.