Faster EFT: mudando a percepção para mudar a realidade

Faster EFT é uma metodologia desenvolvida por Robert G. Smith após vários anos de pesquisa e atendimento de pessoas como coach, incorporando os elementos mais efetivos de outras técnicas como EFT (Emotional Freedom Techniques), BSFF (Be Set Free Fast), PNL (Programação Neurolinguística), ciências cognitivas com o propósito de oferecer ao público uma forma altamente eficaz de promover mudanças significativas nas mais diversas áreas da vida.

Pode parecer que é uma pílula dourada… e não é. Mas, de fato, é uma ferramenta simples, profunda e versátil que não encontra qualquer contraindicação e pode contribuir de forma real para a construção de um enredo de vida mais satisfatório e sem estresse e, mais especificamente, pode ser um excelente recurso para dores crônicas, ansiedade, fobias, transtornos de humor, insônia, alergias, estresse, traumas, adições, síndromes de abstinência e bem-estar geral.

Problemas e percepção da realidade

O ponto de partida do FEFT (ou tapping, como também é chamado) é acreditar que todos os nossos problemas são iniciados no nosso nascimento, como o momento em que começamos a interagir com o mundo e todas as nossas experiências são gravadas na nossa mente como memórias. Uma pequena parte conscientemente, mas de maneira maciça e ampla de forma inconsciente. Inclusive os primeiros anos de vida dificilmente conseguem ser evocados, mas inconscientemente produzem seus engramas.

Dessa maneira, inicialmente como crianças, todo nosso ambiente interno e externo nos afeta. Nossos problemas são uma forma de percepção da realidade que aprendemos e apreendemos do nosso ambiente. Essas experiências criam um modelo de mundo, ou, como chama Robert Anton Wilson, “túnel de realidade”.

Esse modelo de mundo determina os padrões que adotaremos para operar naquilo que entendemos por realidade. Nossas percepções definirão nossos padrões emocionais, mentais, afetivos e relacionais que nos ajudam a construir o que entendemos por personalidade e como devemos interagir com os outros e com o mundo em geral.

Assim, todos os nossos problemas têm como origem a nossa percepção de mundo. A forma como vemos, sentimos, escutamos e, portanto, representamos e interpretamos o mundo é que faz com que essa experiência seja vivida como real dentro de nós. Mas não podemos esquecer que nossa percepção é construída a partir das memórias e experiências, conscientes e inconscientes.

Mas aqui se revela o fator que potencialmente pode transformar tudo: se nós mudarmos nossa percepção e a maneira pela qual introjetamos nossas experiências, então toda nossa realidade será passível de mudança. Portanto, meu mundo pode ser vivido de maneira diferente.

O corpo é o servo da mente

Por outro lado, o FEFT propõe que não existe energia bloqueada que afeta qualquer sistema físico, psíquico ou sutil do ser humano. Parte-se do pressuposto que o sistema físico funciona perfeitamente, pois ele reage àquilo que a mente sustenta e percebe como real. Quando uma pessoa evoca uma memória e a representa internamente, seu cérebro produzirá impulsos eletroquímicos que serão enviados aos órgãos, os quais responderão de forma congruente à natureza da memória.  Esse processo faz o corpo reviver a experiência, seja de relaxamento, bem-estar, alegria, prazer e serenidade ou de medo, angústia, raiva, tristeza e desamparo. Nessa perspectiva, não há nada de errado com a pessoa, senão coerência entre aquilo que ela acredita ser realidade (consciente ou inconscientemente) e o que o seu corpo produz na forma de sentimentos, sensações, emoções, afetos ou qualquer sintoma. Em outras palavras, o corpo é o servo da sua mente, ele a seguirá para onde quer que seus pensamentos forem.

A questão é que (boa) parte dos pensamentos são dedicados a criar problemas. Essa é uma habilidade. Para que tenhamos um problema devemos pensar de uma certa maneira, processar de uma certa forma com base nas informações que armazenamos na mente. Problemas são construídos a partir de representações internas baseadas nas nossas experiências passadas. Memórias, sons, gostos, cheiros, palavras, imagens e sensações são partes que nos ajudam a criar nossos problemas.

“Nós criamos nossos próprios sentimentos de forma ampla, e fazemos isso através do aprendizado (de nossos pais e outros) e também inventando (em nossas próprias cabeças) nossos próprios pensamentos sãos e tolos. Criamos? Sim, criamos. Nós, consciente e inconscientemente, escolhemos pensar e consequentemente sentir numa forma que ajuda ou prejudica a nós mesmos”, afirma Albert Ellis, fundador da terapia racional-emotiva.

Anote-se que todo e qualquer pensamento, representado por qualquer submodalidade visual, auditiva, gustativa, olfativa ou cinestésica, é uma afirmação que a pessoa faz internamente e que reforça todo o seu sistema de crenças.

Autoadaptação

A tarefa do FEFT é deixar que o próprio inconsciente do cliente faça o trabalho, ao buscar uma nova forma de autoadaptação mais funcional e satisfatória. Para tanto as percepções precisam ser alteradas, o que nos leva às memórias. E, como sabemos, quanto maior a intensidade afetiva da experiência, mais vívida, intensa e presente pode ser a lembrança. A emoção é o cimento da memória. O que buscamos é remover esse cimento e recolocar os tijolos de uma outra forma com um cimento “melhor”. Nas palavras de Robert G. Smith: “Faster EFT está mudando a forma como o subconsciente codifica, processa e reproduz eventos do passado. Nós não estamos simplesmente liberando emoções de nossas experiências, mas, na verdade, também mudando a forma como nós sustentamos a experiência.”

A resolução do que chamamos problema, num nível menos consciente, é uma estratégia de sobrevivência que traz algum benefício ao indivíduo, o que nos permite dizer que a principal causa dos problemas de saúde tem por origem o estresse e as emoções que procuram nos proteger.

Aplicação da técnica

O mecanismo por trás da técnica é baseado em dois pilares. O primeiro é o princípio de que quando algo bom é associado a algo ruim, este sofre um colapso que promove alguma mudança na percepção. Inclusive, esse é um dos fundamentos do trabalho com âncoras na programação neurolinguística.

O segundo é o efeito placebo, que é a habilidade da mente em receber um tratamento farmacológico e/ou terapêutico inerte e apresentar efeitos positivos baseados nos efeitos psicológicos da crença de que se está sendo tratado.

Na prática, uma sessão inicial de tapping tem duração média de duas horas, distribuídas em duas partes. Inicialmente se utiliza um protocolo para investigar quais são e como o cliente cria seus problemas. Checa-se como é sua representação de mundo, seu sistema de crenças e suas percepções. Num segundo momento, aplica-se a técnica através da sincronização de determinadas falas com leves batidas em cinco pontos pré-determinados no corpo do cliente (três no rosto, um no colo e outro no punho).

Ao final do processo, é ensinada ao cliente a autoaplicação da técnica, considerando não haver qualquer contraindicação ou restrição ao uso. O objetivo é que a técnica possa ser incorporada ao cotidiano como uma ferramenta de profilaxia mental.

A utilização do tapping é efetiva para que a pessoa possa definir seu comportamento desejado, lembrando sempre que o indivíduo não é seu comportamento.


Daniel Rothenberg – Bacharel em direito e psicologia pela PUC-SP. Possui formação em Mediação de Conflitos e em Constelação Sistêmica Fenomenológica de Bert Hellinger. Atua como psicoterapeuta em terapia individual e em grupo.