A felicidade não acontece por acaso, é preciso buscá-la

A busca pela felicidade é um tema cada vez mais presente em diversas áreas, incluindo a da medicina e saúde, notadamente quando se trata do segmento de práticas integrativas e holísticas.

Numa modalidade de medicina que aborda o conceito de saúde dentro de uma perspectiva ampla, englobando não só as dimensões orgânicas, mas também mentais, emocionais e sociais, a felicidade sem dúvida torna-se um indicador relevante de bem-estar e equilíbrio (homeostase).

O termo felicidade normalmente desperta uma discussão que já é bastante conhecida de quase todos: é possível mantê-la como um estado permanente ou ela será sempre transitória?

Mas, neste artigo quero incluir uma outra perspectiva de análise que vai além dessa: a felicidade é algo que acontece por acaso em nossas vidas ou é uma escolha consciente e intencional?

Com a experiência que adquiri, ao logo dos anos, estudando o assunto e realizando workshops sobre esse tema, possa afirmar que a felicidade é uma escolha, é um poder interno de saber identificar o que gera esse movimento e essa sensação maravilhosa e criar mais desses momentos ao longo do dia.

Sendo assim, quando uma pessoa identifica, por exemplo, que tomar um cafezinho na varanda de sua casa, sob o sol da manhã e sentindo a brisa no rosto, é um comportamento que lhe proporciona uma sensação boa, ela deve, PROPOSITALMENTE, realizar mais vezes esse ritual.

É importante compreender que a felicidade não deve ser esperada de forma passiva, como se fosse um presente do Universo. Ao contrário, é necessário criar momentos felizes de forma deliberada, buscando identificar o que gera bem-estar para cada indivíduo e investindo na repetição de tais experiências, mais e mais vezes.

Outra coisa que aprendi  durante meu desenvolvimento pessoal e profissional em torno desse tema é que a jornada para a felicidade passa pela consciência sobre a finitude da vida. Pessoas que são confrontadas com a questão de sua própria mortalidade, muitas vezes decidem vivenciar cada momento presente e apreciar as coisas boas da vida, ou seja, elas deliberadamente escolhem a felicidade como um caminho.

Ter essa perspectiva em mente é importante para todos. Mas do ponto de vista profissional, ela é ainda mais essencial para aqueles que trabalham na área de cuidados paliativos em saúde, para que possam prestar apoio efetivo aos pacientes, por meio de um atendimento realmente empático e humanizado.

Um pouquinho… a cada dia

Cabe a cada um perguntar: o que estou fazendo para ser feliz, um pouquinho, todos os dias?

Para alcançar esse objetivo, o autoconhecimento é fundamental. Cada pessoa tem suas próprias sensações e reações e é preciso entender como o corpo responde às diferentes situações para identificar o que traz felicidade e como criá-la. Além disso, é preciso valorizar as habilidades e competências pessoais, descobrindo aquilo em que cada um é realmente bom e pode se destacar, pois é isso que lhe trará propósito e bem-estar.

Outro aspecto relevante é a importância dos relacionamentos significativos. Segundo estudos, pessoas que cultivam relacionamentos saudáveis e positivos são mais felizes e têm melhor qualidade de vida. É fundamental investir nas relações pessoais, valorizando os outros e fortalecendo os laços.

De acordo com o psiquiatra Robert Waldinger, da Universidade de Harvard, responsável pelo estudo mais longo já realizado sobre o desenvolvimento de adultos, “relacionamentos saudáveis não protegem apenas nosso organismo, mas também nosso cérebro”.

O cuidado com o corpo também é um fator essencial na busca pela felicidade. A alimentação adequada, o sono reparador, a hidratação e o exercício físico são elementos fundamentais para manter o equilíbrio físico e mental. Corpo e mente estão diretamente relacionados e cuidar de um impacta diretamente o outro.

Escolhendo ser feliz e saudável

Voltando agora para aquela questão citada inicialmente sobre o fato da felicidade ser um estado permanente ou transitório, é importante lembrar que ela realmente não é algo constante e ininterrupto. A vida é repleta de altos e baixos e é natural experimentar emoções negativas em determinados momentos.

No entanto, aqueles que escolhem a felicidade como um caminho tendem a cuidar mais de si e dos outros, além de serem mais resilientes e capazes de encontrar significado e propósito mesmo nas situações mais desafiadoras.

Por fim, vale reiterar que a felicidade é uma escolha consciente e intencional. Cada um deve assumir a responsabilidade por essa escolha e buscar, de forma deliberada, momentos de felicidade e bem-estar.

Ela não é algo que acontece sem querer, mas sim uma construção diária que pode ser alcançada com dedicação e empenho. É preciso escolher, de PROPÓSITO, ser feliz!

E, no universo da medicina integrativa e holística, a felicidade deve ser considerada como um aspecto relevante para a saúde e o bem-estar dos pacientes.

Para isso, é fundamental investigar de que forma ela está sendo (ou não) praticada por eles na rotina cotidiana e incentivá-los a valorizar o autoconhecimento, os relacionamentos significativos e o cuidado com o corpo, buscando construir uma vida mais plena e saudável.


Virginia Planet – Psicóloga formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com MBA em Gestão Comercial pela Fundação Getúlio Vargas e formação como coach pela SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching. Sócia-fundadora da House of Feelings – primeira escola de sentimentos do mundo.