As várias formas de aplicação da aromaterapia

Ao contrário do que o nome sugere, a aromaterapia (aroma + terapia) não é aplicada somente por meio de inalação. Existem várias maneiras de se utilizar os óleos essenciais e aproveitar seus benefícios.

A forma de utilização varia de acordo com o objetivo terapêutico, o óleo essencial usado e as especificidades de quem está sendo tratado. Assim como acontece com outras práticas integrativas e complementares, não existe um tratamento único que irá funcionar para 100% das pessoas, sendo que tanto a abordagem quanto os resultados serão sempre personalizados.

Nos tópicos a seguir, são descritas as principais formas de utilização da aromaterapia: uso tópico, inalação e uso interno.

1 – Uso tópico de óleos essenciais

Em aromaterapia, a aplicação tópica consiste no processo de colocar o óleo essencial em contato com a pele, cabelo, boca, dentes, genitália, ouvido e unhas.

Dependendo do problema que está sendo tratado, o óleo essencial pode ser aplicado puro no local, tomando-se sempre o cuidado de não utilizar óleos essenciais dermocáusticos que podem causar danos à pele.

Os principais óleos essenciais dermocáusticos são o orégano (Origanum vulgare), o tomilho (Thymus vulgaris) e a canela (Cinnamomum cassia / Cinnamomum zeylanicum).

Uma vez que os óleos essenciais são extremamente concentrados e poderosos, e porque o seu uso contínuo na forma não diluída pode provocar sensibilização na pele, é extremamente recomendado diluí-los em bases carreadoras, como por exemplo óleos vegetais de coco, amêndoas doces, avelã, jojoba e rosa mosqueta, dentre outros.

Outro fator que deve ser levado em consideração ao se utilizar um óleo essencial de forma tópica é que alguns deles podem gerar queimaduras e manchas se a pele for exposta ao sol após a aplicação (fototoxicidade).

Os óleos essenciais fototóxicos mais comuns são a laranja, o limão, a tangerina, a bergamota e a arruda. Porém, algumas empresas produzem e comercializam esses óleos essenciais livres de furanocumarinas (LFC). Dessa forma, passam a não oferecer danos à pele, mesmo com exposição solar.

As principais formas de se fazer uso tópico de óleos essenciais são: aplicação direta, massagem, compressas e banhos.

Aplicação direta: é a utilização de óleos essenciais diretamente no local afetado. Como eles são muito potentes, maior concentração não significa necessariamente maior eficácia. Para atingir o objetivo terapêutico desejado, a aplicação de uma a cinco gotas é suficiente para se obter os resultados com segurança.

Por exemplo: para uso em picadas de mosquitos, acnes, furúnculos e abscessos, devem ser utilizadas de uma a três gotas do óleo essencial puro no local.

Já para produzir efeitos de paz, relaxamento, ajuda para dormir, alívio de estresse ou energização, pode-se aplicar de três a seis gotas em cada um dos pés.

Os pés são a segunda área do corpo a absorver óleos essenciais mais rapidamente. Nesse caso, a aromaterapia pode ser aplicada em associação com a reflexologia e massoterapia.

Outras áreas com boa absorção de óleos essenciais são as regiões que ficam atrás das orelhas e ao redor dos pulsos.

Quando a aplicação direta for realizada em bebês e crianças, deve-se tomar o cuidado de diluir de uma a três gotas de óleo essencial em uma colher de chá de óleo carreador.

Massagem: é uma estimulação muito eficaz da pele, músculos e tecidos conjuntivos, através de técnicas que promovem o relaxamento, a energização e o equilíbrio da saúde.

Para obter os benefícios da aromaterapia durante a massagem, é preciso diluir os óleos essenciais em algum óleo vegetal de boa qualidade, como óleo de coco, óleo de linhaça e óleo de abacate, entre tantos outros.

A diluição recomendada é de 1% a 5%, mas pode chegar a 10% em casos graves de inflamações articulares e fibromialgia.

Para efetuar a diluição, é preciso lembrar da seguinte regra: 1 ml de óleo essencial corresponde a 22 gotas (geralmente).

Exemplo de como fazer 100 ml de óleo para massagem, com 3% de concentração de óleos essenciais: se 100 ml é o total, ele representa 100% da formulação. Adicionando-se 3 ml de óleos essenciais, isso vai representar 3% da formulação. Como 1 ml de óleo essencial corresponde a 22 gotas, então 22 x 3 = 66 gotas. Ou seja, para fazer aproximadamente 100 ml de óleo de massagem a 3% de concentração, é preciso adicionar 66 gotas de óleos essenciais.

Concentração de 1% (para bebês e gestantes): uma colher de sopa de óleo vegetal e duas gotas de óleo essencial / 50 ml ou 50 gramas de óleo vegetal e 11 gotas ou 0,5 ml de óleo essencial / 100 ml ou 100 gramas de óleo vegetal e 22 gotas ou 1 ml de óleo essencial / 250 ml ou 250 gramas de óleo vegetal e 55 gotas ou 2,5 ml de óleo essencial.

Concentração de 2% (para peles sensíveis): uma colher de sopa de óleo vegetal e quatro gotas de óleo essencial / 50 ml ou 50 gramas de óleo vegetal e 22 gotas ou 1 ml de óleo essencial / 100 ml ou 100 gramas de óleo vegetal e 44 gotas ou 2 ml de óleo essencial / 250 ml ou 250 gramas de óleo vegetal e 110 gotas ou 5 ml de óleo essencial.

Concentração de 3% (dosagem de segurança para uso em massagens e cosméticos em geral): uma colher de sopa de óleo vegetal e seis gotas de óleo essencial / 50 ml ou 50 gramas de óleo vegetal e 33 gotas de óleo essencial / 100 ml ou 100 gramas de óleo vegetal e 66 gotas de óleo essencial / 250 ml ou 250 gramas de óleo vegetal e 165 gotas de óleo essencial.

Concentração de 5% (para problemas agudos, como acne severa, dores e inflamações sérias): uma colher de sopa de óleo vegetal e 10 gotas de óleo essencial / 50 ml ou 50 gramas de óleo vegetal e 55 gotas ou 2,5 ml de óleo essencial / 100 ml ou 100 gramas de óleo vegetal e 110 gotas ou 5 ml de óleo essencial / 250 ml ou 250 gramas de óleo vegetal e 275 gotas ou 12,5 ml de óleo essencial.

Concentração de 10% (para problemas crônicos, doenças degenerativas e infecções e inflamações graves): uma colher de sopa de óleo vegetal e 20 gotas de óleo essencial / 50 ml ou 50 gramas de óleo vegetal e 110 gotas ou 5 ml de óleo essencial / 100 ml ou 100 gramas de óleo vegetal e 220 gotas ou 10 ml de óleo essencial / 250 ml ou 250 gramas de óleo vegetal e 550 gotas ou 25 ml de óleo essencial.

Compressas: são outra forma de uso tópico dos óleos essenciais. Enche-se um recipiente com um litro de água morna ou fria e colocam-se de três a seis gotas do óleo essencial escolhido.

Mistura-se vigorosamente e depois se embebe uma toalha na água, aplicando-a a seguir no local a ser tratado, por pelo menos 30 minutos.

Banhos: são incrivelmente simples, benéficos e prazerosos. No caso de banheiras, podem-se adicionar de três a seis gotas enquanto está sendo enchida de água. Como o óleo essencial não se dissolve completamente na água, a pele vai absorvê-lo rapidamente.

Outra opção é diluir o óleo essencial em sabonete líquido ou utilizar sais de banho com óleos essenciais. Basta misturar de três a 10 gotas de óleo essencial com ½ copo de sal comum ou sal de epson. Dissolve-se então o sal de banho na água da banheira antes de entrar.

Se o banho for de chuveiro ou ducha, podem-se adicionar de três a seis gotas de óleo essencial em um recipiente com água e despejá-la no corpo durante o banho. Como os poros da pele estarão abertos devido à água quente do chuveiro, os óleos essenciais serão rapidamente absorvidos.

Nesse caso, pode-se também adicionar os óleos essenciais no sabonete líquido ou gel de banho, desde que não contenham óleo mineral. Durante o banho, coloca-se um pouco dessa mistura em uma bucha vegetal e efetua-se uma esfoliação com óleos essenciais.

No caso de sprays corporais, é possível colocar de 10 a 15 gotas de óleo essencial em um recipiente apropriado com 100 ml de água destilada, misturar bem e borrifar sobre o corpo depois do banho.

Benefícios proporcionados pelo uso tópico de óleos essenciais (aplicação na pele): reduzem inflamação na pele, na musculatura e em todo o organismo, induzem a regulação da produção de sebo, ajudam no processo de desintoxicação da pele, aumentam a circulação sanguínea e linfática local, ajudam no fortalecimento do tônus muscular, relaxam os músculos e ligamentos, reduzem espasmos musculares, atuam como analgésicos locais e gerais, funcionam como antioxidantes protegendo a pele dos radicais livres, possuem ação antibacteriana, antifúngica e antiviral, equilibram as emoções via sistema nervoso central (sistema límbico), tratam condições de pele específicas como acne, dermatite e psoríase, aumentam a regeneração celular atuando como cicatrizantes e ativam o sistema imunológico via células de Langerhans.

Fatores que afetam o uso tópico de óleos essenciais: a absorção de óleos essenciais através da pele (uso tópico) pode ser afetada em função dos fatores descritos abaixo.

Temperatura: a pele aquecida através de banho quente ou aplicação de compressa tende a ser mais permeável aos óleos essenciais do que a pele fria.

Hidratação: a pele hidratada tende a ser mais permeável aos óleos essenciais do que a pele desidratada.

Estrutura molecular lipofílica: os óleos essenciais são conhecidos por sua grande permeabilidade na camada lipídica da pele e por possuírem moléculas muito pequenas que penetram facilmente até a corrente sanguínea.

Integridade da pele: a condição de saúde da pele também afeta a permeabilidade dos óleos essenciais. Peles com condições de dermatite ou psoríase tendem a ser mais permeáveis do que peles saudáveis. Nesses casos, deve-se então usar diluições menores.

Apêndices tegumentares: há muito tempo é conhecido o poder de penetração de substâncias pelos folículos pilosos. Sendo assim, áreas com maior concentração de pelos tendem a ser mais permeáveis aos óleos essenciais do que as áreas com menos pelos.

Oclusão: refere-se ao processo de aumentar a permeabilidade da pele aos óleos essenciais tampando o local aplicado com um pedaço de pano ou uma compressa úmida. O aumento da absorção pode chegar a 70%. Isso não deve ser feito com óleos essenciais dermocáusticos (tomilho, orégano e canela).

2 – Uso de óleos essenciais por meio de inalação

Após analisar as diversas formas de uso tópico da aromaterapia descritas acima, vamos agora falar sobre a segunda e talvez mais conhecida maneira de aplicar essa prática terapêutica: a inalação, que é o processo de absorção de óleos essenciais através da difusão atmosférica.

É um método muito poderoso, por afetar a memória, a produção de hormônios e as emoções através do sistema olfativo, podendo ser aplicado também no tratamento de desordens como sinusite, rinite, laringite, bronquite e pneumonia.

O processo de inalação de óleos essenciais pode ser realizado por meio de difusão no ambiente, inalação direta, uso de algodão/tecido, vapor quente, ventilador e perfume/colônia.

Difusão: a maneira mais simples e efetiva de difundir um óleo essencial no ambiente é com a ajuda de um difusor de aromas.

Difusores a vapor frio são utilizados para dispersar os óleos essenciais no ambiente de forma que suas moléculas permanecem intactas no local durante horas.

Dessa forma, são capazes de purificar e melhorar a qualidade do ar dos espaços, inclusive eliminando bactérias, vírus, fungos e ácaros através de suas propriedades antissépticas.

Já os difusores a vapor quente precisam ter a temperatura controlada até no máximo 50º C a 60º C. Se a temperatura subir acima disso, pode haver alteração na composição química dos óleos essenciais e redução de suas qualidades terapêuticas.

É preciso tomar cuidado ainda com o excesso de estimulação olfativa. Especialistas afirmam que é recomendado criar intervalos sem cheiros no ambiente, para que o olfato se renove antes de receber mais óleos essenciais.

Inalação direta: é a maneira mais simples de usar óleos essenciais para afetar o humor e as emoções. A pessoa precisa simplesmente segurar um frasco de óleo essencial próximo ao nariz ou pingar de uma a três gotas nas palmas das mãos e aproximá-las a 15 cm do nariz.

Algodão ou tecido: basta colocar de uma a três gotas de óleo essencial em um papel toalha, tecido, bola de algodão, lenço de pescoço, toalha ou fronha, segurar perto do rosto e inalar.

Vapor quente: essa técnica consiste em colocar de três a cinco gotas de óleo essencial em uma panela com água quente e posicionar o rosto em cima. Devido à temperatura da água, o óleo essencial vai evaporar rapidamente e penetrar pelo sistema olfativo. A pessoa pode ainda cobrir a cabeça com uma toalha ou um pano, para criar uma espécie de sauna.

Ventilador: consiste em colocar de três a 10 gotas de óleo essencial em um pedaço de algodão e prendê-lo próximo ao ventilador. Esse método é ideal para lugares pequenos. Para ambientes grandes, deve-se diluir o óleo essencial em álcool e usar a mistura para umedecer um pano e colocá-lo no ventilador.

Perfume ou colônia: o uso de óleos essenciais como perfumes pode fornecer um excelente suporte emocional e físico, além do próprio aroma. Basta simplesmente aplicar de uma a três gotas do óleo essencial no pescoço e nos pulsos ou então criar uma colônia própria, dissolvendo 10 a 15 gotas do óleo essencial em 5 ml de álcool de cereais e combinar essa mistura com mais 10 ml de água destilada, para aplicação nas mesmas áreas (pescoço e pulso).

3 – Uso interno de óleos essenciais

O uso interno é o terceiro método de aplicação da aromaterapia, além do uso tópico e da inalação, analisados anteriormente. Trata-se do processo de ingerir um óleo essencial ou internalizá-lo no corpo.

É uma abordagem que exige atenção e cuidados ainda mais especiais quanto ao tipo utilizado e sua qualidade, pois somente óleos essenciais 100% puros, naturais e completos devem ser usados para uso interno e, infelizmente, sabe-se que algumas empresas ainda comercializam óleos adulterados ou falsificados.

A dosagem de referência é de 25 mg (aproximadamente uma gota) para cada 20 kg de peso corporal da pessoa, três vezes por dia. Exemplo: para um indivíduo com 60 kg a 70 kg, três gotas, três vezes ao dia, é uma dosagem segura e eficaz.

O uso interno de óleos essenciais pode ser feito por via sublingual, pelo método da colher, pelo consumo de cápsulas ou bebidas, pela culinária, por inserção vaginal e pela utilização de supositórios.

Via sublingual: é uma das formas mais efetivas de ingerir óleos essenciais, bastando colocar de uma a três gotas debaixo da língua. As mucosas situadas nessa região são altamente vascularizadas por capilares sanguíneos e não passam pelo metabolismo do fígado, o que faz com que os óleos essenciais entrem na corrente sanguínea com muita eficácia.

Essa forma de uso promove um efeito terapêutico ainda maior do que a ingestão direta do óleo essencial e por isso doses menores devem ser usadas para evitar irritação do tecido.

Método da colher: a maneira mais fácil de ingerir óleos essenciais é pingando de uma a três gotas em uma colher com água, mel ou óleo vegetal. A ingestão deve ser feita sempre após as refeições. É preciso ter atenção e cuidado em relação aos óleos essenciais dermocáusticos, como o orégano, o tomilho e a canela.

Cápsulas: uma forma comum de ingerir óleos essenciais é colocar de uma a cinco gotas em uma cápsula vazia, fechando-a e tomando-a com um pouco de água ou suco. É possível também completar o restante da cápsula com algum óleo vegetal extra-virgem.

Bebidas: outra possibilidade de uso interno é adicionar de uma a quatro gotas de óleo essencial em bebidas como sucos, leites ou água, agitando bem a mistura antes de ingeri-la.

Culinária: uma das formas de uso culinário consiste em adicionar de três a cinco gotas de óleo essencial em 100 ml de azeite de oliva extra-virgem e utilizá-lo nos pratos. Sugestão: os óleos essenciais de limão, manjericão e orégano ficam excelentes juntos. Outro exemplo: aromatizar um molho pesto com óleo essencial de gengibre e limão (uma gota para cada 500 g de molho).

Inserção vaginal: alguns óleos essenciais são muito eficazes para o tratamento de candidíase, infecções urinárias, miomas e cistos. Para aumentar mais sua eficácia, é desejável que sejam aplicados no local. É sempre indispensável certificar-se de que os óleos essenciais escolhidos não irritam as mucosas.

Existem três maneiras principais de fazer a inserção vaginal de óleos essenciais. A primeira delas é diluir de três a cinco gotas de óleos essenciais em 10 ml a 15 ml de óleo vegetal extra-virgem. A mistura deve ser inserida com a ajuda de uma seringa e depois segura com a ajuda de um tampão, soltando-se em seguida.

A segunda forma é embeber um absorvente interno com a mistura de três a cinco gotas de óleos essenciais em 10 ml de óleo vegetal extra-virgem e a seguir inseri-lo, mantendo-o por algumas horas ou mesmo durante toda a noite.

A terceira maneira é adicionar duas ou três gotas de óleo essencial em água morna e inseri-la com a ajuda de uma seringa vaginal.

Supositórios: essa forma de uso interno de óleos essenciais é bastante difundida na França, sendo geralmente recomendada para problemas respiratórios e outras doenças internas.

A absorção retal é um método importante que pode ser utilizado para produzir efeitos sistêmicos.

A aplicação pode ser feita com o uso de uma seringa retal ou, então, colocando-se os óleos essenciais em cápsulas para serem inseridas. Os óleos podem ser retidos por várias horas ou durante toda a noite.


André Ferraz – Psicólogo, aromaterapeuta e professor e diretor da Viver de Aromas.