Evolução no comportamento autista com a decodificação biológica de traumas

Estima-se que no Brasil existam dois milhões de pessoas com autismo. Porém, esse é um número não oficializado pelo Estado, sendo que agora, de acordo com a Lei nº 1.3861/2019, no censo populacional, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá perguntar sobre pessoas diagnosticadas com esse transtorno, a fim de dar visibilidade e instituir políticas públicas direcionadas a elas.

O autismo, atualmente chamado de transtorno do espectro autista (TEA), é entendido como um transtorno complexo de desenvolvimento do ponto de vista comportamental, tendo diferentes etiologias e graus de gravidade.

Autos” significa próprio e “ismo” traduz um estado ou orientação. Portanto, o TEA é compreendido como um estado em que a pessoa parece estar reclusa em si mesma.

Nesse caso, há déficits persistentes na comunicação e interação social em vários contextos: na reciprocidade socioemocional; nos comportamentos comunicativos não verbais usados na interação social e na manutenção, compreensão e desenvolvimento de relacionamentos, levando a padrões repetitivos e restritivos de comportamento e interesses (uso de objetos ou fala estereotipados); adesão inflexível a rotinas e padrões ritualizados de comportamento, com sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças; interesses fixos e altamente restritos e hipo ou hiper-reatividade a estímulos sensoriais do ambiente, entre outros.

Esse comprometimento pode acontecer em três níveis de gravidade, conforme a exigência de apoio: no primeiro nível, o indivíduo precisa de apoio, no segundo, de apoio substancial e, no terceiro, de muito apoio substancial.

Por fim, trata-se de um transtorno que vai além de sua complexidade e está longe de ter uma definição exata, ou seja, a ciência está distante de obter “cura” para o TEA.

Portanto, diante de tantas incertezas fica clara a necessidade de realização de mais pesquisas para se obter maior compreensão sobre o autismo e avançar no processo de reabilitação dos sujeitos acometidos por esse transtorno.

Para além da psicologia e psicanálise, várias áreas do saber buscam descobrir a etiologia do autismo e muitos estudos sobre o assunto são feitos dentro da neurologia e genética, sendo que muitas vezes a multidisciplinaridade necessária para o atendimento desse transtorno é ignorada.

Na maior parte dos casos, não há confirmação de comprometimentos biológicos. Geneticistas postulam que existe uma causa genética, já a neurologia acredita que haja uma falha de comunicação neurológica envolvida, algo que a psicanálise não desconsidera, porque existem situações de autismo em que o sujeito apresenta comprometimento neurológico. Cabe ainda, portanto, a exigência de se fazer estudos mais profundos, que venham a contribuir para o avanço nessa área, sendo necessário manter um olhar para além do que vem sendo apontado, analisando-se o tema, por exemplo, pelo prisma de um sofrimento que possa ter sido instalado no indivíduo.

Trauma, ambiente prejudicial e manobras defensivas

Com vistas ao que foi descrito acima, importa compreender que a decodificação biológica de traumas (DBT), metodologia de tratamento que envolve a utilização dos preceitos da nova medicina germânica criada pelo médico alemão Ryck Geerd Hamer (1935 – 2017), associada ao tratamento com micropuntura por micropressão ou reflexologia podal (veja outros artigos da autora que elucidam a DBT), pode contribuir para a reabilitação de indivíduos com autismo, já que considera que patologias físicas podem ter origem em traumas psíquicos vivenciados anteriormente.

Cabe lembrar que a psicanálise passou a considerar a influência do ambiente na estruturação psíquica dos indivíduos, a partir das ideias formuladas pelo pediatra e psicanalista Donald Winnicott (1896 – 1971), entendendo por exemplo que um bebê recém-nascido (em estado de dependência absoluta), que esteja em um ambiente com características prejudiciais ou onde a mãe não está identificada com as necessidades dele, vai viver angústias impensáveis.

E para evitar reviver tais angustias, pode utilizar manobras psíquicas de defesa muito primitivas, em que exclui o contato com a alteridade (interação com o outro), ocorrendo então uma espécie de invulnerabilidade ao outro, que é uma característica dos autistas.

Observa-se, portanto, nos comportamentos relatados anteriormente para um autista, a profunda relação que guardam com uma possível tentativa de sobreviver a um ambiente prejudicial na fase de recém-nascido.

Identificou-se que, na maioria das vezes, os sintomas tornam-se evidentes quando a criança tem entre um e dois anos de idade, podendo ser observados até mesmo antes de um ano de idade. E, nos casos menos graves, a manifestação dos sintomas pode acontecer após os dois anos.

Devido à grande plasticidade cerebral presente nos anos iniciais de vida, uma identificação precoce dos sinais de TEA pode possibilitar uma intervenção que oportunize melhores resultados e condições de tratamento. Nesse sentido, objetiva-se promover uma intervenção célere e, nos casos que estejam de acordo com o que foi preconizado por Winnicott, espera-se entender a angústia sofrida pelo indivíduo e diminuí-la, de forma a evitar que ele permaneça dentro das manobras defensivas, mantendo-se em isolamento.

Autismo: associação entre neuropsicologia, decodificação biológica de traumas e reflexologia podal

Durante o tratamento da criança autista, faz-se necessário um processo de avaliação e investigação psicológica junto à mãe e à criança. Assuntos relativos ao período da gravidez e aos primeiros anos de vida do infante são abordados e analisados, na procura de fatos que poderiam justificar um sofrimento da criança nessas fases.

Ao encontrar indícios de que a criança possa ter experimentado um ambiente hostil nesse período, o neuropsicólogo com formação em acupuntura realiza uma anamnese e investigação baseadas nos princípios dessa terapêutica, buscando angariar maiores detalhes para um diagnóstico energético.

Estabelecido isso, já que todo o organismo está representado nos pés (microssistema do pé) por meio de ligações com o sistema nervoso central (SNC), passagem dos principais meridianos da acupuntura pelo local e eferência regulatória, é feito um exame visual e tátil desse microssistema para verificar sinais de agonia psíquica, em que manchas, calos e pontos doloridos poderão indicar regiões corporais relacionadas ao trauma psíquico ou físico sofrido e auxiliar no direcionamento de um tratamento integral, de acordo com as especificidades do infante.

A partir disso, continua sendo feito o tratamento neuropsicológico associado à decodificação biológica de traumas, em que a neuropsicologia busca ajudar no funcionamento cognitivo e, por consequência, na funcionalidade diária, emocional, familiar e social da criança autista, enquanto a micropuntura por micropressão age no estímulo a órgãos e glândulas, para que o corpo possa pouco a pouco ir respondendo melhor ao tratamento neuropsicológico, por meio de benesses como aumento da imunidade, diminuição da ansiedade, da depressão ou da dor, aumento e regularização da liberação de histamina (que favorece a defesa do corpo), melatonina (que auxilia na manutenção de um sono reparador), serotonina e endorfina (que aumentam a sensação de bem-estar, prazer e relaxamento e melhoram a qualidade do sono) e harmonização energética, ao mesmo tempo em que acontece o equilíbrio emocional, melhorando também padrões de eletroencefalograma, atividade vagal, frequência cardíaca e níveis de cortisol. A técnica de reflexologia podal consegue atingir todas as regiões envolvidas, com regulação emocional e provocando alterações importantes para a evolução do tratamento e reabilitação da criança.

Com isso, a decodificação biológica de traumas vai auxiliar nos processos de cura de possíveis traumas vividos anteriormente ao TEA, além de fomentar e acelerar o tratamento neuropsicológico, diminuindo déficits na comunicação e interação social e no desenvolvimento de relacionamentos e modificando pouco a pouco padrões repetitivos e restritivos de comportamento ou resistência a mudanças, de maneira a proporcionar que a criança vá evoluindo gradativamente nas formas de trocas sociais e na flexibilização das rotinas, entre outras, diminuindo assim o seu sofrimento.

Na prática clínica da associação entre neuropsicologia e decodificação biológica de traumas, há resultados surpreendentes, por exemplo, quanto à ansiedade vivenciada e evolução no processo de hiperestímulos sensoriais, como gana por texturas, incluindo alimentos, fezes e outros, rasgo de fralda pelo toque ao gel e algodão ou o esfregar de tais itens em si e demais pessoas, para sentir texturas sem controle do toque.

Importa ressaltar que a decodificação biológica de traumas age de forma hábil porque, por meio de sua aplicação, o terapeuta acessa o sistema nervoso central do sujeito tratado (via propagação de impulso nervoso), através da micropuntura por micropressão, estimulando a homeostase orgânica.

Portanto, disfunções vão sendo trabalhadas por meia da ativação do processo de cura do próprio organismo, de forma não invasiva.

Nesse caso, muitas outras benesses são adquiridas durante o tratamento, enquanto couraças psíquicas vão sendo desfeitas.


Profa. Dra. Janine Soares Camilo – Master em Microsemiótica Irídea, bacharel em Cosmetologia e Estética pela Unitri – Universidade Integrada do Triângulo e pós-graduada em Acupuntura pelo IPGU – Instituto de Pós-Graduação de Uberlândia e em Homeopatia pela Faculdade Inspirar.

 

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