Medicina cabalista e a promoção da saúde integral

Qual a melhor forma de cuidar da saúde? Que modelos e práticas de cuidado adotar, entre tantos disponíveis? Quais desafios e oportunidades a sua condição de saúde traz para você? Como estruturar uma estratégia para otimizar seu autocuidado e o cuidado das pessoas que você atende? Como obter mais autoconhecimento, aprendizado técnico e alta performance na vida e na sua prática clínica? Como apoiar os seus pacientes nessa construção?

Essas e outras indagações sempre fizeram parte das reflexões dos antigos mestres da medicina cabalista. Afinal, o cuidado em saúde é uma prática tão antiga quanto a humanidade. Já existia muito antes dos dicionários definirem seu significado, das universidades ensinarem seus ofícios e dos serviços em saúde padronizarem seus protocolos clínicos.

A evolução do cuidado acompanhou a nossa história, transformando-se juntamente com os modelos de civilização e organização social.

A proposta da milenar medicina cabalista para o século XXI não é definir o melhor caminho, mas modificar a lógica da construção do cuidado e ampliar a compreensão sobre a saúde, a doença, o doente, a cura e o cuidado, de maneira a contribuir para o repertório dos terapeutas e profissionais de saúde sobre o amplo leque de possibilidades terapêuticas em saúde integrativa e para o aprendizado de cuidar de si e dos outros de forma sistêmica e integrada.

O comportamento da sociedade está mudando. As pessoas não querem simplesmente marcar uma consulta com um profissional da saúde e serem atendidas em 15 minutos, dentro de um roteiro padronizado para todos os indivíduos, sem nem sequer ter a sua angústia amparada.

O profissional da saúde precisa desenvolver o olhar para além da dor e enxergar o paciente ou cliente como um todo. A sua visão precisa ser sistêmica e a sua atuação precisa ser integrada.

A medicina cabalista é bem receptiva aos profissionais da saúde. Também é para os psicólogos e profissionais de saúde mental. Igualmente é para os terapeutas, nas suas mais diversas especializações (psicanalista, analista junguiano, terapeuta corporal, comportamental, de bioenergética, biossíntese, biodinâmica ou ayurveda, acupunturista, etc.). Ou seja, para todas as pessoas que sintam um chamado para cuidar do outro e que desejam ajudá-lo a viver de forma plena e saudável.

 Mas o que vem a ser a medicina cabalista?

A medicina cabalista é um conhecimento terapêutico milenar, que não possui nenhuma pretensão de se contrapor às demais medicinas ou terapias, ao contrário, busca uma atuação conjunta e harmônica.

Tem mais de cinco mil anos de existência e vem sendo passada de mestre para discípulo até os dias de hoje.

Ensina uma metodologia terapêutica profunda de autocura, autoconhecimento, autodesenvolvimento e autoavaliação.

É uma base de conhecimento da qual todas as outras áreas e ramos da medicina e das terapias podem beber e utilizar-se para produzir transformações profundas tanto nos seus pacientes e clientes (em consultórios ou clínicas) quanto nas suas relações pessoais, dentro de sua casa.

Uma medicina para todos, que dá clareza sobre a relação sistêmica existente entre o corpo, as emoções, o comportamento e a performance em cada área da vida.

Todos os órgãos e partes do corpo pensam, possuem inteligências múltiplas e emanam mensagens emocionais e comportamentais. Recuperar a comunicação com esses órgãos e partes do corpo é a condição fundamental para a saúde integral.

A partir da aplicação desse conhecimento em si mesmo, o terapeuta e o profissional da saúde ganham não apenas um saber, mas também a capacidade de construir resultados significativos na sua vida e na sua atuação profissional, auxiliando de forma mais ampla e profunda os pacientes ou clientes que estejam sob seus cuidados.

A medicina cabalista reúne todas as técnicas e práticas terapêuticas milenares da cabala ancestral, que permite ao terapeuta e profissional da saúde compreender as bases da anatomia e fisiologia energética do corpo, acessar as inteligências que habitam cada órgão, identificar as raízes dos sintomas físicos e emocionais, desvendar as psicossomáticas que impactam o corpo e as áreas da vida e aplicar protocolos milenares de promoção da saúde e prevenção de doenças.

De onde vem esse conhecimento?

Vem dos nossos ancestrais, mulheres e homens que viviam da terra, na costa leste da África e já usavam esse conhecimento como um método terapêutico de autocura, nas suas imersões pelo deserto.

Há registros de 10 mil anos, mas consideramos o período de cinco mil anos atrás em função dos textos mais consolidados.

Trata-se de uma tradição oral, passada de mestre para discípulo, que migrou para o Oriente Médio, o norte da Europa e a Península Ibérica, chegando ao Brasil após alcançar boa parte dos continentes, mas que permaneceu oculta por muito tempo em função da perseguição religiosa.

Quando movimentos religiosos ortodoxos tiveram uma ligação forte com o poder, a política e a figura do Estado, esse conhecimento passou a ser proibido. E os cabalistas que ensinavam essa sabedoria passaram a ser perseguidos e mortos. Isso fez com que os grupos se fechassem, transmitindo não mais em grande escala, mas apenas dentro dos círculos de estudos e práticas cabalistas.

Até que Abraão Abulafia, um cabalista do século XIII, na Espanha, a despeito das ameaças e perseguições, retomou o objetivo de dar amplo acesso à medicina cabalista, nomeando esse conhecimento de Terufá, que em hebraico significa “terapia” ou “método terapêutico”, o qual passou a integrar a linha da cabala contemplativa que ele construiu.

Poucos cabalistas depois de Abraão Abulafia deram continuidade a esse conhecimento. Apenas os mestres da linha de sucessão da cabala contemplativa continuaram com a missão de aplicar e ensinar essa sabedoria até os dias de hoje.

Dentre eles, o cabalista Mario Meir, que fundou a Academia de Cabala e construiu as bases para o resgate da cabala ancestral, procurando manter as referências ancestrais da tradição e resgatando inclusive o aramaico protocananeu, língua original dessa sabedoria. O que Abraão Abulafia chamou de Terufá, Mario Meir denominou de Adakia, em aramaico, expressão que significa “encaixe”, “renascimento”, “restauração”.

São mais de 700 anos de linha de sucessão entre Abraão Abulafia e Mario Meir. E ambos foram a base da minha formação em medicina cabalista.

A medicina cabalista vem dessa linha de sucessão de mais de cinco mil anos, numa linha direta de transmissão de mestres e discípulos de 700 anos até chegar hoje em sua mão.

O que é cabala e qual linha seguimos?

Para que se possa compreender as origens da medicina cabalista, precisamos falar sobre a cabala.

Quando falamos em cabala, a maioria das pessoas imagina tratar-se de um conhecimento único ou de algo religioso. Mas isso está longe de ser a origem dessa sabedoria. Ao longo dos milênios, a cabala acabou fracionada em diversas linhas de atuação, cada uma com suas especificidades de cultura e localidade geográfica, incorporando elementos teológicos e dando origem às linhas religiosas, como as escolas de cabala judaica, na Idade Média, e as de cabala cristã, a partir do século XVI. Também surgiram algumas linhas esotéricas, no século XVIII e outras denominadas herméticas, a partir do século XIX. E cada uma dessas linhas foi se diferenciando muito umas das outras.

Mas existe uma linha anterior a todas essas, chamada cabala ancestral, que busca resgatar as raízes originais e ancestrais dessa tradição, mantendo-se fiel à essência dessa sabedoria desde a sua origem, sem nenhuma vinculação com religiões, esoterismos ou hermetismos. Essa é a linha na qual surge a medicina cabalista.

Por que é tão importante falar de cabala? É porque a medicina cabalista nasceu dentro do pensamento da tradição da cabala ancestral, dessa sabedoria que busca o resgate da essência do ser humano.

Cabala é uma expressão em aramaico protocananeu (de que o hebraico irá se utilizar milênios à frente) que significa “recebimento”. Recebimento do que?

Boa parte das dores e angústias das pessoas relaciona-se com o fato de não estarem recebendo o que desejam ou de receberem aquilo que não querem receber. O fator-chave é o recebimento.

O que significa receber? Significa a capacidade de tomar posse do que está acontecendo na vida, para que assim possa transformar.

Saiba receber. Não rejeite, não recuse, não desonre. Todas as vezes que você rejeita algo que a vida lhe deu, esse algo passa a exercer um domínio sobre você.

Quando rejeitamos ou repudiamos o que está acontecendo, não conseguimos transformar. Receber é uma habilidade que precisa ser desenvolvida, para que possamos transformar as coisas na nossa vida.

Tudo aquilo de que precisamos já nos foi dado. O ato criador, a força criadora já nos entregou tudo o que precisamos para uma vida plena. Mas se, de repente, a pessoa olha para a própria vida e só vê dor, sofrimento, perdas, problemas sérios, dificuldades e doenças; olha para o mundo e vê que ele não é pleno; olha para as pessoas ao redor e vê que elas não são plenas, o que isso significa? Que a plenitude não foi recebida.

Mas o fato de não ter sido recebida não significa que não esteja à disposição. Algo na pessoa precisa mudar para que ela consiga receber.

Vamos à analogia do copo. Ele receberá o tanto de líquido que comporta receber. Se a capacidade é de 300 ml, não vai conseguir receber um litro. Mas isso não representa a totalidade dos líquidos disponíveis. Significa apenas que o copo só consegue receber 300 ml. Para receber uma quantidade maior, o copo precisará ser ampliado.

Para que possamos receber mais da vida (mais saúde, mais amor, mais prosperidade, mais plenitude, mais sabedoria, etc.), precisamos ampliar o nosso “receptor”, como diziam os antigos mestres. No momento em que ampliamos o próprio olhar sobre a potência e a essência que há dentro de nós, começamos a desenvolver a habilidade de receber o que já está disponível. E a transformar o que temos recebido até então.

Muitas pessoas confundem “receber” com aceitar, se resignar, ser passivo ou permissivo. Mas não é isso! Ao contrário, envolve uma grande dose de protagonismo, estratégia e assertividade. Só será possível transformar o copo se ele estiver no seu campo de atuação.

A cabala ancestral é uma sabedoria milenar que nos ensina a ver o que está por trás dos eventos da vida e a lidar melhor com os desafios da existência. Possui um conjunto de ensinamentos milenares sobre as curas do corpo, das emoções, da mente e da alma, que se chama medicina cabalista. 

Diagnóstico e tratamento: a relação sistêmica entre corpo, emoções, mente e comportamento e os resultados nas áreas de expressão da vida

80% das doenças são originadas pelo estilo de vida da população. Estresse, depressão, solidão, ansiedade, modo de trabalho, exigências da vida moderna, má alimentação, tudo isso gera uma condição ou estilo de vida que entra em choque com o biorritmo e com a natureza essencial do ser humano.

As vivências e memórias emocionais produzem impactos no corpo. E dependendo da qualidade e intensidade dessas vivências e memórias, a pessoa cria, mesmo sem ter consciência, pontos de aglutinação em órgãos e partes do corpo.

Através da análise das psicossomáticas, que Abraão Abulafia chamava de “chaves das patologias emocionais” e dos impactos produzidos no corpo, o terapeuta cabalista identifica as raízes emocionais e os pontos de aglutinação que estão interferindo na saúde integral do paciente ou cliente.

A medicina cabalista entende a saúde integral a partir de uma investigação humanizada, singular e única para cada paciente. Analisa a relação dos órgãos entre si, dos cinco níveis de profundidade do corpo e das áreas de expressão da vida.

Não existe um olhar padronizado para a doença e, sim, um olhar aprofundado para o ser que adoece. A doença é olhada dentro do contexto do ser, o que pode gerar tratamentos diferenciados para pessoas com a mesma patologia.

A doença não possui apenas uma causa igual para todos. São múltiplos os fatores que combinados entre si geram consequências diferentes, de pessoa para pessoa.

Os antigos mestres da medicina cabalista mapearam as origens das doenças e identificaram diversas raízes para uma mesma doença. Ou seja, pessoas que sofrem da mesma doença podem ter raízes diferentes umas das outras.

“Doença” para a medicina cabalista é todo desencaixe, algo fora de sua essência, que irá danificar profundamente o funcionamento saudável não apenas do corpo como das áreas da vida.

Entender a doença como um desencaixe permite compreender que ela não se resume ao corpo físico. Estende-se para questões comportamentais, emocionais e sociais, como por exemplo dificuldades financeiras, conflitos constantes com os pais ou com os filhos, dificuldades afetivas ou relações tóxicas, dificuldades para conviver em grupo, bloqueios profissionais, falta de vitalidade, etc. Uma casa caótica também é um estado de doença. Os ambientes adoecem e também são tratados pela medicina cabalista.

Quando os antigos deram nomes às partes do corpo, estavam indo além da nomeação. Isso porque os nomes indicam a energia essencial e as inteligências de cada uma delas.

Por exemplo: quando chamaram o coração de Leba, usaram uma palavra que explica também o sentido desse órgão. Leba, em aramaico, significa “trazer para dentro”. O sentido do coração é ‘trazer para dentro’ e gerar aprendizado. É o órgão da consciência, responsável pelo entendimento do que acontece em nossas vidas. O mesmo ocorre com o fígado, chamado de Caved, que significa “fardo”, “peso”. O fígado absorve o fardo e o peso das nossas vivências. Assim como o cérebro, que se chama Moach, o que significa “responder”. Daí se entende que o cérebro tem a função de dar respostas.

Percebe-se, então, que todas as palavras que designam os órgãos e partes do corpo emanam inteligências e habilidades específicas, bem como a finalidade e a função essencial daquele órgão ou parte do corpo.

Se o coração começar a absorver o fardo e o fígado começar a “trazer para dentro”, haverá uma inversão das funções essenciais e, nesse momento, será instaurada uma doença, um desequilíbrio, que irá gerar sofrimento, desconforto e até mesmo sintomas físicos. Será preciso encaixar cada coisa no seu lugar, recuperar o estado original de cada parte do corpo.

A medicina cabalista não serve apenas para tratar doenças. Por ser um processo terapêutico, atua preventivamente, monitorando a qualidade das mensagens emanadas por cada órgão e partes do corpo. Corrige e ajusta eventuais distúrbios, verificando a presença de memórias emocionais nocivas aglutinadas, enquanto ainda não provocaram nenhum impacto no corpo e nas áreas da vida.

Comentário final

Meu mergulho pessoal na sabedoria da cabala ancestral e da medicina cabalista trouxe-me clareza e ferramentas para transformar minha própria vida e família.

A transição de carreira das áreas de advocacia e depois de gestão da sustentabilidade para a de terapeuta cabalista, aos 40 anos, exigiu que eu tivesse coragem para começar uma nova profissão.

Fui do absoluto zero à formação de uma fila de espera de pacientes/clientes, em menos de dois anos.

E você? Quais são as energias cristalizadas e os pontos de aglutinação que estão interferindo e até mesmo prejudicando a forma de conduzir as coisas na sua vida, a sua performance clínica e os resultados com os seus pacientes/clientes?


Verônica Malkah – Terapeuta cabalista e mentora de terapeutas. Integrante do Movimento da Cabala Ancestral, há 21 anos. Aprendiz do mestre cabalista Mario Meir, desde 2000 até os dias de hoje. Professora de Cabala Ancestral e de Medicina Cabalista. Formada nas técnicas de Cura Cabalista, remédios naturais da Árvore da Vida e códigos milenares dos 72 Sopros. Formada em Direito pela UFRJ, com especialização em Gestão da Sustentabilidade.