A aromaterapia é uma ciência e arte milenar, que tem como base a fitoterapia e em que se utilizam óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas para fins medicinais e estéticos.
Trata-se de uma prática essencialmente multidisciplinar, que vai da botânica à farmacologia e da psicologia à medicina.
É uma forma de terapia holística altamente embasada cientificamente, em que se aplicam óleos essenciais para curar diversas enfermidades e promover a saúde integral.
A comprovação de seu embasamento científico está no fato de que é possível encontrar mais de 18.000 artigos científicos com o termo “essential oil” na PubMed – Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, que é a maior plataforma de artigos científicos sobre saúde do mundo e parte integrante dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos.
Definição internacional de óleos essenciais
A Organização Internacional de Padronização (ISO), em seu Vocabulário de Materiais Naturais (ISO 9235:2013), define óleo essencial como um produto obtido através de hidrodestilação, destilação a vapor, processamento mecânico de cascas de cítricos ou destilação a seco de materiais naturais.
Os óleos essenciais podem conter de 20 a 200 substâncias químicas derivadas principalmente da classe dos terpenos e são divididos em famílias químicas bastante definidas e que, se bem compreendidas, podem facilitar bastante o trabalho dos aromaterapeutas.
São lipossolúveis, ou seja, dissolvem-se em gorduras.
Apesar de receberem o nome de óleos, os óleos essenciais não são gordura, pois não possuem ácidos graxos na sua composição.
Óleos ricos em ácidos graxos são geralmente extraídos por prensagem de sementes oleaginosas e podem ser chamados de óleos graxos, óleos fixos, óleos carreadores, óleos vegetais ou óleos gordurosos, mas são diferentes dos óleos essenciais.
Os óleos essenciais são encontrados em estruturas especializadas (diferentes órgãos) das plantas e, ao serem liberados, atuam como reguladores e catalisadores de metabolismo das plantas, meios de comunicação entre plantas, proteção da planta contra parasitas, insetos herbívoros e outras ameaças, meio de atração de polinizadores e proteção contra mudanças climáticas, ajudando a planta a sobreviver sob diferentes condições.
Estudos demonstraram, por exemplo, que quando as folhas da laranja (Citrus sinensis) começam a ser comidas por herbívoros, a planta aumenta a produção de substâncias aromáticas impalatáveis para que as folhas fiquem com gosto ruim para o predador.
Os óleos essenciais também podem atuar inibindo o crescimento de outras plantas, como acontece com o eucalipto (Eucalyptus sp.) e o patchouli (Pogostemon cablin), que liberam seu óleo essencial para impedir que outras plantas nasçam ao seu redor.
Já o olíbano (Boswellia sp.) e a mirra (Commiphora sp.) vivem em ambientes desérticos e produzem óleos essenciais que, ao serem liberados, protegem essas plantas de serem atingidas diretamente pelos raios solares.
A rosa (Rosa sp.) produz seu aroma nas flores para atrair polinizadores a grandes distâncias.
Ou seja, cada planta aromática produz seu óleo essencial particular em resposta aos fatores de estresse que a circundam. Dessa maneira, as plantas vêm desenvolvendo seus óleos essenciais ao longo de milhões de anos, de acordo com as necessidades do meio ambiente em que vivem.
Os óleos essenciais podem ser encontrados em diversas partes da planta, tais como folhas (ex: eucalipto, tea tree, hortelã, manjericão), tronco (ex: sândalo, madeira do sião, pau-rosa, canela), fruta (ex: tangerina, laranja, limão), semente (ex: cardamomo, junípero), raiz (ex: vetiver, nardo), rizoma (ex: gengibre, lírio do brejo), resina do tronco (ex: copaíba, olíbano, mirra, breu) e flor (ex: rosa, gerânio, jasmim, camomila, ylang ylang, lavanda).
Evolução das plantas aromáticas
As plantas podem ser definidas em quatro grandes grupos que se seguiram evolutivamente: briófitas (ex: musgos), pteridófitas (ex: avencas, samambaias), gimnospermas (ex: pinheiros, ciprestes, abetos) e angiospermas (ex: orquídeas, camomila, sândalo).
Pesquisadores estimam que foi somente a partir do aparecimento das gimnospermas, há 400 milhões de anos, durante um forte período de glaciação, que os óleos essenciais surgiram.
A hipótese mais aceita atualmente pressupõe que, nesse período, houve o aparecimento do constituinte químico chamado de pineno, da classe dos monoterpenos, pelo fato de que ele tem o incrível poder de manter a seiva líquida dentro da planta, mesmo se a temperatura exterior estiver abaixo de 0º C.
Como se sabe, a água expande seu volume quando congela. Por isso, desenvolver uma estratégia de anticongelamento foi essencial para a sobrevivência das plantas durante uma glaciação.
Todas as coníferas, que geralmente crescem em regiões temperadas ou muito frias, produzem óleos essenciais. Exemplos de coníferas incluem os pinheiros, ciprestes, abetos, espruces, tuias e cedros.
A partir de então, muitas potencialidades de constituintes aromáticos começaram a ser descobertas pelas plantas até culminar no aparecimento das angiospermas, há cerca de 200 milhões de anos.
Com o surgimento de plantas com flores, houve uma explosão de criatividade no repertório de constituintes químicos aromáticos das plantas.
Ainda assim, das 250.000 a 300.000 espécies de plantas catalogadas até hoje, somente cerca de 10% produzem óleos essenciais.
Dentre essas, só foram extraídos óleos essenciais de aproximadamente 3.000 espécies até agora, sendo que apenas 200 a 300 deles estão disponíveis no mercado mundial de perfumaria, cosméticos e aromaterapia.
Trata-se, portanto, de um mundo aberto de possibilidades inexploradas. Basta imaginar todos os óleos essenciais e substâncias químicas que não conhecemos e que ainda podem ser descobertos.
Assim, muitas doenças poderão ser curadas por meio da aromaterapia e propriedades novas poderão ser descobertas com a realização de mais estudos na área.
Importância de se observar a nomenclatura botânica das plantas aromáticas
Um conhecimento pouco estudado por aromaterapeutas é o que diz respeito à taxonomia e nomenclatura botânica das plantas aromáticas.
Esse conhecimento é importante porque facilita o entendimento das propriedades terapêuticas de cada óleo essencial de forma individual.
Por exemplo: o alecrim do cerrado (Baccharis dracunculifolia) produz um óleo essencial completamente diferente do alecrim de horta (Rosmarinus officinalis) e que tem, portanto, aplicações terapêuticas diversas.
A mexerica (Citrus reticulata) do sudeste do Brasil vira bergamota na região Sul. Mas a bergamota verdadeira (Citrus bergamia) produz um óleo essencial quimicamente diferente, com aplicações terapêuticas também diferentes.
A nomenclatura botânica é a nominação científica e formal das plantas, que começou a ser utilizada após o trabalho de Lineu, em sua obra Species Plantarum (1753), numa época em que o latim era a língua científica usada na Europa.
Ela respeita o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN) e está estritamente relacionada à taxonomia, ciência empírica cujo objeto é determinar um táxon específico (uma unidade em um sistema de classificação científica).
Segundo o ICBN, o nome de uma espécie é uma combinação binária que consiste do nome do gênero seguido de um único epíteto específico. Se um epíteto tem duas ou mais palavras, elas serão unidas ou separadas por hífen.
Exemplos: Eucalyptus (gênero) + globulus (epíteto) = Eucalyptus globulus / Eucalyptus (gênero) + radiata (epíteto) = Eucalyptus radiata.
Note-se que apesar de serem do mesmo gênero (Eucalyptus) são espécies diferentes e portanto podem produzir óleos essenciais diferentes.
Outro exemplo: será que a lavanda encontrada em quintais do Brasil possui as mesmas propriedades terapêuticas da lavanda cultivada na França?
Lavandula (gênero) + dentata (epíteto) = Lavandula dentata, que é a espécie cultivada no Brasil e cujo óleo essencial é rico em substâncias estimulantes do sistema nervoso central / Lavandula (gênero) + angustifolia (epíteto) = Lavandula angustifolia, que é a famosa lavanda francesa, rica em substâncias sedativas do sistema nervoso central.
Outro ponto a se considerar é quando a planta possui duas ou mais variedades. Nesse caso, sua denominação será grafada com o final var. e o nome da variedade.
Exemplo: laranja amarga – Citrus (gênero) + sinensis (epíteto) amara (variação) = Citrus sinensis var. amara (nome da espécie).
Cabe novamente salientar que, ainda que os óleos essenciais sejam extraídos de plantas do mesmo gênero botânico, eles não irão necessariamente produzir o mesmo tipo de óleo essencial.
Um fato interessante acontece com a citronela (Cymbopogon nardus), que é um arbusto de 150 cm e que produz um óleo essencial extremamente parecido com o eucalipto-cidró (Corymbia citriodora), que é uma árvore que pode alcançar 50 metros de altura.
Apesar de serem de gêneros e famílias botânicas distintos, eles produzem óleos essenciais muito semelhantes. Nesse caso, o aroma do óleo essencial do eucalipto-cidró é muito menos parecido com o tradicional cheiro de eucalipto a que todos estamos acostumados.
Quimiotipos e geotipos
Ao longo de sua evolução no planeta Terra, plantas de uma mesma espécie foram encontrando diferentes condições climáticas, que variavam de acordo com a localização geográfica em que se encontravam.
Dessa maneira, no decorrer de milhões de anos, elas foram sofrendo mutações em nível genético e produzindo óleos essenciais diferentes. A esse fenômeno dá-se o nome de formação de quimiotipos (QTs).
Quimiotipos, portanto, são variações genéticas de uma mesma espécie de planta que produz óleos essenciais. Surgem a partir da interferência de fatores externos, como clima, solo, altitude, umidade, etc. Em função desses fatores, surgiram óleos com composições químicas diferentes, mas que têm como fonte uma mesma espécie de planta.
Exemplo: o alecrim da horta (Rosmarinus officinallis), a partir do qual surgiram três quimiotipos diferentes: 1 – quimiotipo cânfora: estimulante do sistema nervoso central e útil em caso de fadiga física e mental, mas contraindicado para hipertensos (pelo alto teor de cânfora), 2 – quimiotipo 1,8 cineol: expectorante, antialérgico, antitussígeno e antibiótico e o 3 – quimiotipo verbenona: regenerador hepático.
Ao utilizar o óleo essencial de alecrim da horta, é importante ter em mente que cada um de seus três quimiotipos tem aplicações terapêuticas distintas, mesmo sendo originário da mesma espécie de planta.
Se usarmos o QT1 ou o QT2 para tratar desordens do fígado não resolverá muito, pois o princípio ativo a ser usado para esse caso é a verbenona, que se encontra no QT3.
Da mesma maneira, se utilizarmos o QT3 ou o QT2 para aumentar a capacidade cognitiva, a memória e a atenção não resolverá muito, pois o componente responsável por esse efeito, que é a cânfora, encontra-se no QT1.
O QT2, pelo seu alto teor em cineol, tem propriedades antissépticas e expectorantes.
Outro ponto a ser observado é que locais diferentes expõem as plantas a diferentes fatores de estresse e a condições diversas de luz, umidade, solo, etc. Essas circunstâncias levam plantas da mesma espécie a produzirem constituintes químicos diferentes, dependendo da localização geográfica em que elas se encontram no planeta. Isso é o geotipo.
O geotipo surge como uma variação na composição do óleo essencial em decorrência desses fatores ambientais. Essa mudança, entretanto, ainda não chegou ao DNA da planta. Por isso, é mais fácil de ser revertida se a planta for posta em outro ambiente.
Sendo assim, ao se colocar plantas de diferentes geotipos para crescerem sob as mesmas condições, elas produzirão óleos semelhantes, ao contrário do que acontece com os quimiotipos.
Exemplo: os gerânios GT China, GT Egito, GT África do Sul e GT Ilhas Reunião têm cheiros ligeiramente diferentes, mas possuem as mesmas aplicações terapêuticas.
No caso do geotipo, a variação na composição química do óleo essencial é reversível e causada por fatores climáticos e ambientais.
No caso do quimiotipo, a mutação aconteceu em nível genético e será transmitida para as próximas gerações.
As melhores empresas de óleos essenciais especificam no rótulo do produto qual é o quimiotipo principal e o geotipo.
Processos de extração dos óleos essenciais
Há várias maneiras de se extrair os óleos essenciais das plantas, sendo a mais comum a destilação por arraste a vapor. Além dessa, existem também a hidrodestilação, a extração por CO2, a extração por solvente e o attar.
Os métodos de extração podem alterar dramaticamente a composição do óleo essencial. Sendo assim, é necessário saber com clareza qual foi o sistema utilizado.
Um exemplo disso são os óleos essenciais cítricos, que quando são extraídos por prensagem carregam consigo componentes chamados de furanocumarinas, que são responsáveis por causar graves queimaduras na pele quando expostos ao sol.
Já esses mesmos óleos essenciais, quando extraídos por destilação, são livres de furanocumarinas.
Destilação por arraste a vapor – é o método mais comum de extração de óleos essenciais. Geralmente, emprega-se essa técnica para extrair óleos de folhas e ervas, mas nem sempre é a melhor opção na extração de outras partes da planta, como flores. O jasmin é um exemplo disso, pois pode perder o seu aroma devido à degradação de seus princípios ativos pela alta temperatura empregada nesse processo.
A destilação a vapor é feita colocando-se água para ferver em uma caldeira. O vapor resultante da fervura da água passa, então, por um alambique, onde a planta foi colocada. Assim, a alta temperatura do vapor rompe as estruturas onde estão armazenados os óleos essenciais. À medida que isso acontece, as moléculas dos óleos essenciais evaporam juntamente com o vapor d’água, viajando através de um tubo até chegar em uma serpentina resfriada. Então, o óleo essencial condensa juntamente com o vapor d’água, caindo em um recipiente. Como o óleo não se mistura na água, ele fica na parte superior do recipiente, de onde é facilmente retirado.
Hidrodestilação – é uma versão mais simples da destilação a vapor, em que tanto a água como a planta são colocadas em um só recipiente.
Esse método é eficaz, mas exige atenção constante, pois a água pode evaporar completamente, queimando a planta e deixando no óleo essencial o cheiro característico de queimado.
Extração por CO2 – é o método menos utilizado, devido ao alto custo de seus equipamentos. Consiste em extração de alta pressão, com a utilização de gás carbônico (CO2) como fluido extrator.
É um sistema apropriado para extrair o óleo essencial de partes mais difíceis da planta, como raízes, tubérculos e cascas de árvores, pois a alta pressão consegue romper as células que armazenam os óleos essenciais.
Além disso, por meio do controle da temperatura e da pressão, é possível extrair substâncias químicas das plantas que não são encontradas em óleos essenciais.
Extração por solvente – técnica em que se usa hexano como solvente para extrair o óleo essencial. Coloca-se a parte da planta utilizada junto com o solvente, para o rompimento das células que armazenam os óleos. Após esse processo, faz-se uma nova extração para retirar apenas o óleo essencial que é denominado de absoluto (ABS).
Resíduos de solvente (menos de 6%) podem permanecer no absoluto e, portanto, é desaconselhável que óleos essencias extraídos deve forma sejam aplicados em tratamentos por ingestão. Exemplos: jasmin sambac ABS, cacau ABS, rosa de Damasco ABS, benjoim ABS, ládano ABS, mirra ABS, etc.
Attar – é um método de origem indiana, utilizado há séculos para a fabricação de misturas de óleos essenciais. Plantas nobres como jasmim, rosas e néroli são destiladas em puro óleo essencial de sândalo. Essa combinação é laboriosa e recebe a denominação de attar.
Química magistral dos óleos essenciais
O metabolismo primário das plantas desenvolve-se a partir de processos e compostos que desempenham a função primordial de garantir sua sobrevivência. Exemplos: proteínas, carboidratos e lipídios.
Já o metabolismo secundário das plantas, também chamado de metabolismo especial, é o responsável pela síntese de determinados compostos que não estão universalmente distribuídos em todas as espécies do reino vegetal.
Os constituintes químicos dos óleos essenciais, que fazem parte do metabolismo especial das plantas, são basicamente divididos em três grupos: monoterpenos (compostos com 10 carbonos), sesquiterpenos (compostos com 15 carbonos) e diterpenos (compostos com 20 carbonos).
A listagem a seguir apresenta uma relação dos principais compostos presentes em óleos essenciais, com indicação de suas propriedades terapêuticas e exemplos de óleos que possuem grandes quantidades do composto indicado em sua constituição química.
Monoterpenos – hidrocarbonetos (C10): imunoestimulantes, linfotônicos, expectorantes balsâmicos, descongestionantes respiratórios, cortisone-like, antisséptico atmosféricos, tônicos e estimulantes gerais. Na pele: bactericidas, antivirais, preventivos do início e do progresso de câncer de pele e propiciadores do aumento da penetração de outros compostos na pele.
Exemplos: alfa-pineno e beta-pineno (pinheiro silvestre e olíbano). Limoneno (laranja e mandarina). Canfeno (alecrim e abeto siberiano). Terpineno (tea tree e breu branco). Mirceno (pindaíba e capim-limão gigante).
Sesquiterpenos – hidrocarbonetos (C15): anti-inflamatórios potentes, calmantes, descongestionantes venosos e linfáticos, levemente hipotensores, cicatrizantes e antialérgicos. O camazuleno, encontrado na camomila alemã, no tanaceto azul e no milefólio, é inibidor da formação de leucotrienos pró-inflamatórios nos leucócitos.
Exemplos: beta-cariofileno (copaíba e sementes de sucupira). Cedreno (cedro da Virgínia e cedro do Texas). Himacaleno (cedro do Atlas e cedro do Himalaia). Curcumeno (cúrcuma). Camazuleno (camomila alemã e tanaceto azul).
Fenóis: anti-infecciosos poderosos, virucidas, fungicidas, imunoestimulantes, anestésicos locais, tônicos e estimulantes gerais do sistema nervoso central e antioxidantes. Atenção: geralmente, são dermocáusticos se usados puros na pele e hepatotóxicos em altas doses.
Exemplos: timol (tomilho). Carvacrol (orégano). Eugenol (cravo e bay/pimenta racemosa).
Alcoóis monoterpênicos: anti-infecciosos de largo espectro, antivirais, antifúngicos, antiparasitas, amigáveis à flora intestinal, imunoestimulantes, tônicos gerais, neurotônicos e citofiláticos.
Exemplos: linalol (lavanda e bergamota). Geraniol (palmarosa e rosas). Citronelol (gerânio). Terpinen-4-ol (tea tree). Mentol (hortelã-pimenta e hortelã do campo).
Alcoóis sesquiterpênicos: tônicos e estimulantes gerais, protetores das células, descongestionantes e regeneradores venosos e linfáticos e hormone-like.
Exemplos: nerolidol (néroli, cabreúva, alecrim do cerrado e niaouli). Bisabolol (camomila alemã). Cedrol (cedro da Virgínia e cedro do Texas). Patchoulol (patchouli). Carotol (sementes de cenoura).
Aldeídos: anti-inflamatórios, analgésicos, sedativos e calmantes do sistema nervoso central, antidepressivos, antissépticos atmosféricos, vasodilatadores, antioxidantes e estimulante das funções digestivas e hepáticas.
Exemplos: citral (capim-limão e manjericão-limão QT citral). Citronelal (eucalipto citriodora e citronela). Derivado do fenilpropanoide: aldeído cinâmico (canela) – altamente reativo.
Ácidos: anti-inflamatórios altamente potentes e analgésicos. Geralmente encontrados em óleos vegetais.
Exemplos: ácido salicílico. Ácido benzoico (bálsamo do Peru e bálsamo de Tolu). Ácido láurico (óleo vegetal de coco). Ácido alfa-linolênico (óleo vegetal de linhaça e rosa mosqueta). Ácido gadoleico (óleo vegetal de jojoba).
Ésteres: antiespasmódicos potentes, neurotônicos, reequilibrantes nervosos, antidepressivos e excelentes para a saúde da pele.
Exemplos: acetato de linalila (lavanda francesa, bergamota e ylang ylang). Acetato de bornila (abeto prata e espruce/tsuga). Angelato de butila (camomila romana). Salicilato de metila (wintergreen e bétula doce).
Cetonas: cicatrizantes, regeneradoras do tecido cutâneo, mucolíticas e fluidificantes, lipolíticas, desclerosantes, antiparasitas e ativadoras do sistema nervoso central. Atenção: as cetonas são abortivas e neurotóxicas e devem ser utilizadas com cuidado durante o primeiro trimestre de gestação.
Exemplos: mentona (hortelã-pimenta e hortelã do campo. Pulegona – hepatotóxica (poejo). Tuiona (tuia-maçã e absinto).
Óxidos: imunoestimulantes, anti-inflamatórios, ativadores metabólicos, tônicos circulatórios, descongestionantes broncopulmonares, expectorantes e mucolíticos.
Exemplos: 1,8 cineol (eucaliptol), Eucalyptus globulus e Eucalyptus radiata. Ascaridiol (boldo e erva-de-Santa-Maria).
Éteres: antiespasmódicos potentes, reequilibrantes nervosos, analgésicos, tonificantes, anti-inflamatórios e antialérgicos.
Exemplos: estragol = metil-chavicol (manjericão exótico e estragão). Anetol (anis estrelado e funcho doce).
Cumarinas: anticoagulantes, sedativas do sistema nervoso, hepatoestimulantes, vasodilatadoras e febrífugas. Atenção: as furanocumarinas são fototóxicas.
Exemplos: bergapteno (bergamota). Compostos derivados da via do ácido chiquímico: eugenol (cravo). Aldeído cinâmico (canela). Anetol (anis estrelado e funcho doce). Estragol = metil-chavicol (estragão e manjericão exótico).
Diferenças entre óleos essenciais e essências sintéticas
Um problema muito comum na prática da aromaterapia é proveniente da confusão existente entre o que é uma essência sintética e o que é um óleo essencial 100% puro.
Alguns vendedores e produtores, por desconhecimento ou por má-fé, comercializam os sintéticos dizendo que são naturais e isso se torna um complicador importante quando o paciente/cliente vai utilizá-los, pois o óleo essencial puro tem um efeito terapêutico muito maior do que os seus princípios ativos isolados.
Por isso, faz-se necessário conhecer as empresas confiáveis e indicar ao paciente/cliente apenas aquelas que comercializam óleos essenciais puros.
Esse problema acontece não só em relação aos sintéticos, mas também com os naturais que às vezes são adulterados.
O óleo essencial de rosa, por exemplo, por ter um valor mais alto do que a maioria dos outros óleos, pode ser adulterado adicionando-se óleos essenciais de palmarosa e gerânio, que possuem um cheiro muito similar. Assim, vende-se óleo de rosas como “puro”, mas na verdade adulterado com outros óleos que têm um valor agregado menor.
Óleos essenciais frequentemente possuem de 50 a 450 substâncias químicas que formam uma verdadeira obra-prima sincronicamente orquestrada, enquanto essências sintéticas possuem de uma a três substâncias apenas.
Portanto, é essencial observar (e orientar os clientes/pacientes a observarem) alguns aspectos citados a seguir, que auxiliam na identificação de produtos puros e naturais: óleos essenciais jamais são vendidos em vidros transparentes, óleos essenciais não possuem cores extravagantes como roxo, lilás e vermelho escuro (com algumas poucas exceções), óleos essenciais naturais não se dissolvem facilmente na água, produtos com cheiro de álcool ou de óleo de cozinha estão adulterados, óleos essenciais naturais jamais irão custar o mesmo preço entre si e óleos naturais duram mais tempo na pele quando empregados como perfumes do que os sintéticos.
Sempre que se for comprar um óleo essencial, é importante questionar se a empresa faz análises químicas (cromatografia) que atestam sua qualidade.
A melhor forma de saber se uma empresa que comercializa óleos essenciais é confiável é pedir que o seu serviço de atendimento ao cliente forneça as análises por cromatografia gasosa. É estritamente necessário que a empresa realize as análises por cromatografia e disponibilize-as para seus clientes, para que eles saibam exatamente o que estão comprando.
Entretanto, é igualmente importante que as análises tenham sido efetuadas em laboratórios idôneos, pois falsificar um laudo químico é algo muito fácil e que infelizmente ocorre com frequência.
Para ser usado em aromaterapia, um óleo essencial tem que ser sempre 100% natural, 100% puro e 100% completo.
André Ferraz – Psicólogo, aromaterapeuta e professor e diretor da Viver de Aromas.
Referências bibliográficas
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=essential+oil
https://www.iso.org/standard/51017.html
https://www.intechopen.com/books/nutrition-well-being-and-health/the-therapeutic-benefits-of-essential-oils
http://www.iapt-taxon.org/nomen/main.php