Relações e diferenças entre fitoterápicos e fitoenergéticos

Há mais de 20 anos, quando ainda era professor em minha terra natal, Belém do Pará, criei, num curso de pré-vestibular, uma aula mostrando as discussões e parâmetros entre medicina convencional e saberes das populações tradicionais. Dentro desse tema, abrimos reflexões sobre a disputa entre ciência e religião.

Vinte anos mais tarde, retorno a esse mesmo assunto, mas mostrando como o uso de fitoterápicos e de banhos de ervas é aceito na medicina integrativa e em terapias holísticas.

Fitoterápicos são medicamentos amplamente pesquisados e testados, que têm origem em plantas e ervas (“remédios populares”), mas com utilização referenciada e autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil. Não necessitam de receitas médicas para aquisição, mas sempre é importante que seu uso seja prescrito por um fitoterapeuta ou naturopata, embora sejam indicados também na medicina convencional.

Com os fitoterápicos, que normalmente são utilizados de forma oral, os pacientes beneficiam-se dos resultados proporcionados por substâncias químicas extraídas da natureza.

Já os fitoenergéticos são compostos por combinações de diferentes ervas, raízes e flores, com propriedades energéticas.

A principal forma de utilização são os banhos, mas podem ser aplicados também em óleos, aromatizadores, defumadores, elixires, cremes e pomadas.

O uso tópico é o mais comum, de maneira a permitir o contato da pele com as energias sutis trazidas pelos fitoenergéticos.

Para a preparação de um banho energético ou de limpeza, é preciso ter conhecimento e experiência sobre as características e propriedades dos fitoenergéticos e saber como combiná-los entre si.

Banhos fitoenergéticos e seus benefícios

 Pode-se considerar que os rituais e preparações energéticas surgiram há milhares de anos e em diversos extremos de nosso planeta.

Hoje, temos povos indígenas, xamãs, naturalistas e terapeutas holísticos como referências de seu entendimento e uso.

Para compreender como funciona e como preparar um banho energético, da mesma maneira que acontece em qualquer outro ritual “mágico”, são necessários, além de ervas, flores e raízes, um punhado de cautela, paciência, concentração e respeito e disposição de se abrir para o novo, derrubando barreiras, preconceitos e resistências.

Deve-se começar com uma preparação interna, com um sentimento de humildade de se por frente à natureza como alguém que a respeita, pede auxílio e o recebe, em contato e comunhão com tudo que ela possui e oferece.

Antes da preparação do banho propriamente dito, é preciso preparar o ambiente e a mente. De acordo com suas crenças e com aquilo que lhe seja confortável, a pessoa pode acender incensos, defumadores e/ou uma vela para o anjo da guarda. E, após o banho, é recomendável vestir roupas limpas e de cores claras.

Os principais usos e benefícios de um banho de ervas são limpeza e descarrego, equilíbrio e restabelecimento e atração.

Tipos de ervas e funções

Os fitoenergéticos podem ser classificados como quentes, mornos e frios.

Ervas quentes são aquelas destinadas à realização de limpeza de energias e descarrego. Por seu alto poder energético, devem ser usadas com moderação e evitadas por pessoas sem conhecimento ou sem experiência sobre o assunto. Por isso, recomenda-se que sejam administradas somente após um estudo mais aprofundado em relação a esse tema.

Costumamos ver pessoas divulgando sugestão de banhos em redes sociais e outros meios de comunicação. Mas, se não houver um bom preparo prévio, um uso adequado durante o banho e atitudes corretas após a sua realização, podem-se não alcançar os objetivos desejados e ainda criar “rasgos” na energia sutil do usuário.

As ervas “quentes” possuem um alto poder de limpeza energética, de anular energias negativas, mas não devem ser usadas em excesso.

São exemplos de ervas quentes a guiné, arruda, aroeira, peregum, cipó-cruz, comigo-ninguém-pode, eucalipto, mamona e outras.

Mornas são as ervas destinadas a trazer e inserir no usuário vibrações positivas. São boas para serem usadas depois de um banho de limpeza energética. Servem para reequilibrar, restaurar e deixar fluir as energias necessárias para o bom funcionamento do corpo sutil e suas energias. Podem, mas não precisam necessariamente, ser combinadas com outras ervas.

Exemplos de ervas mornas: alecrim, sálvia, hortelã, levante, manjericão, camomila, erva-doce, pitanga, calêndula, etc.

Frias são as ervas direcionadas a temas específicos, como atração, calma/relaxamento, sedução, abertura de caminhos, prosperidade e outros.

São exemplos de ervas frias a malva, maca, rosa, cravo, canela, girassol, lírio, folha de café, capim-cidreira, camomila e outras.

Antes de elaborar banhos específicos, faz-se necessária uma assertividade em saber quais são os temas e as necessidades que precisam ser abordados com maior urgência na vida das pessoas que irão recebê-los.

Aqui estão três opções de banhos energéticos básicos: para limpeza e proteção (água e arruda), para serenidade (água, água de alfazema e lírios brancos ou pétalas de rosas brancas) e para abundância (água, sete cravos, três paus de canela e um girassol).

Preparação antes do banho: autoconhecimento e autocuidado

Conhecer-se e ficar atento às próprias necessidades é algo que faz toda diferença para quem pretende preparar e/ou utilizar um banho de ervas, assim como acontece em qualquer tratamento holístico ou de naturopatia.

Em termos gerais, pode-se dizer que a recomendação é “observe a natureza e aprenda com ela”. A natureza não possui ansiedade, não se preocupa, não faz julgamentos e não cria resistências. Um bambu torna-se mais forte a cada desafio que as intempéries e o tempo apresentam a ele.

Muitas vezes colocamos a culpa sobre a nossa não felicidade em tudo que está à nossa volta.

Muitas vezes a comparação com os outros causa tanto mal-estar nas pessoas que elas chegam a adoecer.

Muitas vezes nos tornamos nosso próprio carrasco e torturador, com base em ideias e “regras” sociais que na verdade são dispensáveis para nossa evolução.

Então, o conselho é para relaxar, observar-se e aceitar a si mesmo. Em vez de colocar culpas nos outros ou em si próprio, cada um deve assumir sua responsabilidade pelo autocuidado e respeitar as diferenças, mesmo que não queira conviver com algumas  delas. É preciso perceber-se e amar-se com suas devidas peculiaridades.

Após esse exercício de autoconhecimento a autoaceitação, a pessoa estará pronta para saber quais são suas necessidades e para encontrar caminhos que permitam realizar os devidos cuidados, entre os quais pode estar o banho de ervas. Mas, se não soubermos onde queremos chegar, qualquer lugar serve.

Colheita das ervas e preparo

Como você se sentiria se tivesse sua casa invadida e levassem um pedaço seu sem nenhuma cerimônia? Exatamente…

As etapas de colheita e preparo dos fitoenergéticos a serem utilizados no banho devem ser feitas com respeito, um punhado de humildade e uma porção de gratidão.

Ao colher ou comprar ervas, folhas, raízes ou flores, deve-se ir munido de reverência, obter apenas o necessário e pedir permissão à mãe natureza antes de tocá-las ou cortá-las.

No momento do preparo das ervas, o ideal é que seja criado um ambiente adequado para essa finalidade. Humildemente, devemos pensar, falar, pedir, rezar, orar e proferir mantras sobre nossas necessidades e desejos, para que a energia de cada erva escolhida e usada nesse momento possa vibrar, curando e restabelecendo nosso equilíbrio energético, de forma a permitir que nos conectemos e recebamos tudo o que pedimos.

E por fim, finalizando o preparo, é preciso agradecer de coração pela acolhida e doação da natureza frente às nossas fraquezas, falhas e necessidades. Manter o pensamento firme, porém leve. Pedir, relaxar e confiar. Nem sempre será entregue exatamente o que foi pedido ou do jeito que foi pedido, mas sim aquilo que ou da forma como a pessoa estiver pronta para receber naquele momento.

Água, maceração e coagem

Existe algo mais puro, precioso e necessário que a água? Sem ela não existe vida no planeta Terra. Da mesma forma, 70% do corpo humano é composto de água.

A água limpa, purifica e sacia. As águas dos mares, com seu movimento ritmado, trazem o ensinamento do encher e secar. As águas das cachoeiras e dos rios mostram a sabedoria da firmeza, da adaptação e da abertura de caminhos independentemente dos obstáculos.

Para iniciar a preparação do banho de ervas, deve-se utilizar água limpa ou água mineral em um recipiente. E, em alguns casos, água do mar, de cachoeira ou de chuva.

Maceração é o ato de esfregar e esmagar as folhas e raízes, extraindo assim o máximo de sumo. Esse procedimento não é necessário no caso do uso de flores.

A mistura obtida com a maceração deve, então, ser coada e estará pronta para ser utilizada. As sobras de folhas, raízes e flores devem ser colocadas de volta na natureza. Podem ser deixadas em um jardim, no pé de uma árvore ou num rio.

 Roteiro para a realização do banho energético

 Resgatando o que foi visto até agora, podemos estabelecer o seguinte roteiro para a realização eficaz de um banho energético: 1. autoconhecimento e percepção da(s) necessidade(s), 2. escolha do tipo de banho(s), 3. preparação (seleção das ervas, ritual de colher, preparação da água, maceração e coagem) e 4. o banho propriamente dito.

O banho é o momento em que se despeja a mistura preparada na cabeça e corpo ou apenas do pescoço para baixo, com base no tipo de procedimento definido para os objetivos almejados.

No entanto, como já foi dito de início, é possível acrescentar alguns aparatos para tornar o momento do banho ainda mais especial e, com certeza, mais eficiente.

Isso pode ser feito com o uso de incensos, defumadores, velas comuns ou coloridas, de acordo com a intenção que se queira atribuir a elas, velas oferecidas ao anjo da guarda, etc. E, se assim desejar, a pessoa pode ainda fazer orações antes e durante o banho e uma meditação e agradecimentos após sua realização.

Uma vez que o banho esteja concluído, deve-se entregar as intenções ao universo, relaxar e esperar… Tudo virá no momento adequado. Assim é. Assim será.


Wilton Cruz – Terapeuta integrativo, pós-graduado em Naturopatia, especialista em Cristaloterapia e Numeroterapia, professor de yoga e meditação, conhecedor de ervas medicinais (fitoenergéticos) do norte do Brasil, barras de access, tameana, alinhamento de chacras, florais de Bach e cromoterapia. Criador dos métodos terapêuticos Terapia de Valor® e Sistema de Transformação de Vida através dos 7 Chacras com Cristais®.