Tratamento integrativo da doença de Sjögren

Paciente com cerca de 40 anos de idade e, desde os 20 anos, com diagnóstico de doença de Sjögren, que é uma doença autoimune de etiologia desconhecida e que tem como sintoma principal a secura ocular e bucal.

Em tratamento com uma reumatologista, fazia uso, durante dois anos, de rituximabe, reaplicado endovenosamente a cada seis meses, com bons resultados, que lhe permitiam ter uma vida profissional e pessoal normal. Para controle da leve secura ocular que ainda sentia, efetuava a aplicação de lágrimas artificiais várias vezes ao dia ou repetidas vezes nas horas em que o desconforto era maior.

Como estava sentindo-se bem e com uma excessiva carga de trabalho, o paciente acabou por descuidar da manutenção do tratamento, adiando continuamente o retorno às consultas com a reumatologista.

Em razão da falta de adesão ao tratamento, sofreu um efeito rebote da doença de Sjögren, com reações e sintomas bastante severos: dor ocular intensa e ausência de lágrimas resistente à aplicação de colírios.

Em maio de 2023, foi encaminhado ao serviço de oftalmologia da autora deste artigo.

Mesmo diante da enorme dificuldade que o paciente apresentava em abrir os olhos, foi possível detectar a presença de úlcera infectada bilateral, sendo maior no olho direito, mas também grave no olho esquerdo.

Por meio do BDORT (Bi-Digital O’Ring Test), foi possível atestar que o ideal para aquele paciente no momento seria a aplicação de colírio de fluoroquinolona, em combinação com o colírio de metilcelulose, que ele já estava utilizando e cuja dose foi aumentada de 0,5% para 1%, além de lágrimas artificiais.

Uma vez que a doença de Sjögren é sistêmica, o tratamento não poderia restringir-se apenas aos olhos.

Como a autora deste artigo é membro do Ambulatório Filantrópico de Medicina Integrativa da Fundação ACL, o paciente foi encaminhado para atendimento complementar nessa instituição de filantropia.

Adicionalmente ao BDORT já realizado na região dos olhos, foi efetuado também um BDORT do organismo em geral, em que foi detectada presença significativa de intoxicação por metais pesados e asbesto (amianto) e infecção subclínica por cândida, vírus, bactérias e borrelia.

De acordo com os artigos científicos publicados pelo Dr. Yoshiaki Omura, criador do método de BDORT, em casos tão graves como esse, é essencial obter inicialmente a melhora da infecção subclínica, para que os resultados do tratamento possam ser favoráveis.

Orientando-se pelo BDORT, foi efetuada a medicação do paciente com fitoterápicos, ômega 3, vitamina D e outros. Adicionalmente, foi tratado também com acupuntura, infiltrações, ozonioterapia e terapia neural.

Com o objetivo de restabelecer o campo eletromagnético positivo do paciente, as consultas, as avaliações por BDORT, a aplicação das terapias e os ajustes nos componentes e dosagem das medicações eram feitos quase que diariamente, durante as três primeiras semanas de atendimento e depois, três vezes por semana.

Acompanhamento psicológico pela técnica ACL

Um paradigma básico em medicina integrativa é o de que o tratamento precisa abranger todas as dimensões do indivíduo: física, mental, emocional e espiritual.

Num caso grave como esse aqui apresentado, era fundamental proporcionar apoio integral ao paciente, que teve sua vida familiar, profissional e social totalmente comprometida, vendo-se trancado num quarto escuro pelo desconforto da luz, com dor intensa nos olhos e sem conseguir abri-los, além de ter que enfrentar o incômodo de fazer uso de colírios a cada minuto, sendo que essa situação perdurou durante várias semanas.

Como parte do suporte psicológico, emocional e espiritual, ele foi estimulado a participar dos treinamentos na técnica ACL, ministrados pela mesma fundação que mantém o ambulatório filantrópico citado acima, e a voltar a frequentar os cultos de sua religião.

Recidiva e recuperação

Em junho de 2023, o quadro infeccioso estava resolvido, não havendo mais a presença de infecção nos olhos. Foi feita então a adaptação de lentes de contato terapêuticas, com a manutenção do uso de colírios de fluoroquinolona e metilcelulose e de lágrimas artificiais e com o acréscimo de soro autólogo.

Na ocasião, o paciente recebeu uma nova injeção endovenosa de rituximabe, como parte do tratamento a que já era submetido anteriormente.

Mas levando-se em consideração que a rituximabe só produz efeitos sistêmicos 30 a 60 dias após a aplicação, o paciente continuou a receber atendimento no Ambulatório Filantrópico de Medicina Integrativa da Fundação ACL, além do acompanhamento oftalmológico.

Durante o mês de julho de 2023, o quadro do paciente vinha mantendo-se positivo e estável e ele já estava praticamente voltando às suas atividades normais.

Entretanto, em agosto, após sofrer uma gastroenterocolite aguda, houve uma piora severa, com o retorno da desepitelização da úlcera nos olhos e da inflamação no corpo.

Foi realizado o BDORT para testar se a aplicação de laserterapia com luz vermelha poderia ajudar na estimulação da produção de colágeno nos olhos. Com o resultado do BDORT sendo positivo, o paciente foi então submetido também a esse tratamento, que resultou na reepitelização das córneas no prazo de duas a três semanas.

Na avaliação oftalmológica final, o paciente apresentava visão de 20/60 no olho direito, com cicatriz da úlcera. Já no olho esquerdo, como a úlcera era mais descentralizada, a visão era de 100% (20/20) – Figura 1.

Síndrome de Sjögren - tratamento com medicina integrativa
Fig. 1 – Resultados obtidos após o tratamento integrativo de doença de Sjögren: olho direito nebuloso devido à cicatriz na córnea, com visão de 20/60. Olho esquerdo transparente, com visão de 20/20. Data: setembro de 2023. Fonte: arquivos da autora.

O paciente pode assim retomar suas atividades normais na vida profissional e pessoal, com exceção da prática de surfe, já que a ação das águas do mar pode ser prejudicial para córneas tão fragilizadas.

Atualmente, ele continua sendo atendido duas vezes por semana no consultório, sendo que o desafio agora, a ser feito de forma extremamente cautelosa, é buscar a melhora e a estabilização de seu quadro sistêmico, para que eventualmente no futuro as aplicações endovenosas de rituximabe possam ser descontinuadas, sem que ele volte a sofrer efeito rebote.

Comentários

Num período de quatro meses, o paciente foi atendido cerca de 60 vezes, no consultório oftalmológico e no Ambulatório Filantrópico de Medicina Integrativa da Fundação ACL.

Isso só é possível quando há dedicação tanto por parte dos médicos, que efetuam as consultas no tempo necessário para um ótimo atendimento e não em apenas “cinco minutos”, quanto por parte do paciente, que adere ao tratamento, mesmo que seja de longo prazo, porque está percebendo os resultados positivos.

Essa relação que precisa ser estabelecida entre médico e paciente é um dos aspectos importantes a serem considerados nesse caso e representa um diferencial fundamental da medicina integrativa em comparação com a medicina convencional.

Outro ponto a destacar é a importância do apoio psicológico ao paciente, notadamente em situações mais graves. No caso em questão, isso foi feito pela orientação de que participasse dos treinamentos na técnica ACL e pela recomendação de que retomasse suas vivências espirituais, através da religião a que já pertencia anteriormente.

A individualização do tratamento é mais um paradigma fundamental em medicina integrativa. E para isso o BDORT, como método propedêutico, torna-se imprescindível. No caso citado, as decisões clínicas foram sendo tomadas com base nos resultados específicos do BDORT para esse paciente e não em estatísticas generalizadas sobre uma determinada doença.

Antes de medicar o paciente com um determinado colírio ou por via oral, ou seja, antes de uma substância ser introduzida em seu organismo, já era possível saber antecipadamente, por meio do BDORT, se o resultado seria ou não positivo.

Para saber mais sobre a técnica de BDORT, acesse o artigo BDORT: propedêutica em medicina integrativa.

Da mesma forma, a multidisciplinaridade é importante, agregando as técnicas convencionais e integrativas que melhor se adequem a cada situação clínica, como foi feito no caso aqui relatado, com a aplicação complementar de acupuntura, infiltroterapia, terapia neural, laserterapia e ozonioterapia.

No que se refere à ozonioterapia, é importante ressaltar que esse procedimento exige cuidados especiais e uso de equipamento especializado.

Para se obter os resultados desejados, é fundamental ter um gerador de ozônio medicinal confiável, com qualidade e eficiência atestadas, de modo a se obter a pureza adequada e as concentrações exatas para as necessidades específicas de tratamento de cada paciente.

A ideia central que norteia o trabalho dos médicos associados à Fundação ACL é sempre a de tornar positivo o campo eletromagnético do paciente (BDORT positivo), de forma a criar condições para que o próprio organismo se regenere.

Por isso, no Ambulatório Filantrópico de Medicina Integrativa da Fundação ACL, que atende pacientes de forma gratuita, não existem protocolos pré-determinados. Cada paciente é atendido de acordo com a sua individualidade e o seu momento clínico.


Dra. Wendy Falzoni – Médica com especialização em Oftalmologia e em Medicina Integrativa (Uniube) e membro da AMBBDORT – Associação Médica Brasileira de BDORT.