Crônica – A vida é simples, a gente é que complica

Uma aposta inusitada entre uma paciente, estudiosa de neurociência, e seu médico. Quem venceu? A programação neurolinguística (PNL).

Aí, eu topei o convite e passei sete dias no SPA da minha prima Milena. É o M. Corporal, lá em Ourinhos. Já estava lá mesmo para dar palestra e fazer uma sessão de autógrafos do meu livro. Custava nadinha. Fui. Um lugar bacana pra caramba.

Ótimo para quem não tem lá muita disciplina para certas coisas, como eu. Aliás, eu sofro de excesso de falta de disciplina quando o assunto é exercício físico. Não. Eu não faço o gênero “malhadona”. Nem “saradona”. Decididamente. Mas tenho uma vantagem em relação à maioria das pessoas. Sei onde liga e desliga uma porção de botões dentro da gente, para conseguir resultados mais rapidamente.

Por exemplo, lá na clínica tem um aparelho “mudernérrimo” chamado Manthus. É uma técnica de ultrassom associada a um estimulo elétrico — ou seja, são choquinhos — indolor para a maioria das pessoas e que promete reduzir medidas e melhorar o aspecto de ondulação da pele (celulite e estrias), além de eliminar gordurinhas localizadas, enquanto você fica deitada(o) fazendo absolutamente nada durante 20 minutos.

As estrias nunca me quiseram. Nem me queixo. Dizem que celulite é apenas o corpo dizendo “eu te amo”, só que em braile. O Ronnie Von diz que só as mulheres é que esquentam a cabeça com isso porque, para os homens, mulher sem celulite é travesti. Em todo caso, tenho minha pequena porção. Mas, já que eu estava lá, o Manthus também estava, a gente conversou, se deu bem, coisa e tal, tal e coisa… Eu sempre me dou bem com eletroeletrônicos. Aí eu pensei: por que não, né? Perguntei para a técnica que me atendia qual era o maior ganho que ela já tinha visto desde que começou a trabalhar com o Manthus e ela me respondeu 3 cm. Hummm… 3 cm a menos de cintura? Em 20 minutinhos? Sem fazer nadica de nada? E sem dor? Tá pra mim! E mandei bala!

Assim que ela viu meu entusiasmo, apressou-se em dizer que isso não era comum, para que eu não me frustrasse caso não conseguisse tudo isso de resultado. Eu pensei: “a bichinha não me conhece” – hehehe – “deixa ela” e disse a ela com um sorriso enigmático: “aguarde e confie”.

Adivinhem o que deu no final da sessão? Yeah, babe! 3 cm gone, out, fora, au revoir, xô, adiós! Em TODAS as sessões! Não. Não foi sorte de principiante.

Fiz uma cirurgia em 2005 e tinha que me liberar para voltar ao trabalho em no máximo sete dias. O médico, simpático, me disse: “nem em sonho, mocinha!” (entenderam por que o ‘simpático’? O cara me chamou de ‘mocinha’! Adoro ele). “Esse processo de recuperação e cicatrização leva 30 dias e a mocinha (ai, ai!) vai ficar em repouso absoluto, estamos entendidos?”, ele disse. Bravo ele.

Então, eu disse a ele: “doutor, se eu voltar para avaliação em sete dias, como já está marcado, e tiver cicatrizado, o senhor me libera para trabalhar?” Ele riu – de cantinho de boca, mas riu que eu vi – e respondeu: “num rola”. Impressionei. Tá. Num rola, mas e se rolar? Libera? E ele respondeu: “até pago o chope”. Eu disse a ele: “suco de laranja. Não gosto de chope. Só o de vinho, no qual fui iniciada em 2005 e num larguei mais!” Ele disse: “fechado!” e eu disse: “fechado!”

Sabem onde eu estava sete dias depois? Fazendo as malas, me preparando para voltar ao trabalho, feliz da vida e tomando um suco de laranja que eu não paguei. Rá!

O cara “discreu n’eu” e queria porque queria saber que planta eu tinha usado. “Nenhuma”, eu disse. E não mesmo. Fiz o mesmo processo que com o Manthus. Tem alguém capaz de conseguir isso “na sorte”? Então, é porque é possível para o corpo. Fim de papo. Agora é só fazer acontecer.

Eu até estou num livro inglês sobre programação neurolinguística (PNL) e saúde porque emagreci 35 kg em menos de quatro meses sem cirurgia e sem remédio, em 2004. Não ia conseguir cicatrizar em sete dias e eliminar 3 cm por sessão? Ah, ia! Ô se ia.

Querem saber como?

Funciona assim: primeiro você descobre qual é o jeito certo daquela parte do seu corpo, ou processo, funcionar. Qualquer bom médico te conta isso. Até um livro ou internet conta. Isso é para você poder “conversar” com essa parte, capisse? Aí, vem a parte mais desafiadora (presta atenção no termo: DESAFIADORA, não difícil). Use os pressupostos da PNL (programação neurolinguística) que nada mais são que sistematizações simplificadas das descobertas realizadas pela neurociência. A premissa que eu vou citar já, já, nem vem mesmo da neurociência, viu? É de Alfred Korzybski, um matemático e filósofo que ficou conhecido por ter desenvolvido a teoria da semântica geral – não confundir com a semântica, uma disciplina diferente.

A essência da obra de Korzybski é a declaração de que os seres humanos estão limitados no seu conhecimento pela estrutura do seu sistema nervoso e pela estrutura das suas línguas. Nós, seres humanos, não podemos experimentar o mundo diretamente, ele disse, só através das suas abstrações (impressões não verbais que provêm do sistema nervoso e indicadores verbais que provêm da língua). Por vezes as percepções e a língua confundem a gente, que acredita, no duro, que é com os fatos que a gente tem que lidar, mas, sabem?, não é não. É com o entendimento dos fatos, que nem sempre bate com os fatos em si. Doido, né? Mas é verdade. O sistema desse “moço” trata de modificar a maneira pela qual nós humanos lidamos com o mundo.

Então, “prestenção”: o mapa não é o território! Para entender melhor, apenas digite essa frase no Google. Você vai ficar doido(a), mas vai ser um(a) doido(a) bem informado. Em tempos de economia do conhecimento isso me parece uma vantagem bem interessante. Se preferir ficar só com o que eu tenho a dizer agora, entenda que essa premissa significa que o que eu tenho representado dentro do meu cérebro não é a realidade, é só uma representação dela. Mas o fato é que a realidade não me limita. Minha representação sobre a realidade é que faz isso. Quem tem medo de barata, vê uma barata na sua mente de dois ou três metros de altura. De uma dessas eu também teria muito medo. Não vê um bichinho pequenininho que, se a gente pisar nele, ele transcende na hora — eu nunca mato, eu transcendo. É uma questão de consciência, entendem?

Enfim, é impressionante as coisas que a gente é capaz de fazer quando não sabe que não é. Isso é verdade para TUDO, tudo mesmo! Para mudar uma “realidade” tenho que acreditar nessa possibilidade. Esse é, com certeza, o primeiríssimo passo. Para mim, depois de mais de 30 anos de estudos sobre o assunto, basta saber que já foi possível para alguém realizar o mesmo que quero realizar, que eu acredito. Se é possível para alguém, é possível para mim. É só uma questão de como. Eu tenho todos os recursos.

A propósito, antes que eu me esqueça, você é humano ou humana? Tem dois olhos, nariz, boca, cérebro, cabeça, tronco e membros? Então, filho(a), VOCÊ TAMBÉM TEM TODOS OS RECURSOS! Tá esperando o quê? Vai nessa!


Ines Cozzo – Palestrante, consultora e escritora internacional, formada em Psicologia pela Universidade Metodista, especialista em brain-based solutions para os desafios atuais, diretora da TAI Consultoria e autora dos livros Neuroaprendizagem e Inteligência Emocional e Abordagens Alternativas em T&D.