Medicina cabalista: como viver com mais saúde e liberdade

Já reparou como a saúde não é um equilíbrio estático? Não seria ótimo se você alcançasse o equilíbrio na sua vida e ele se mantivesse para sempre?

Mas a realidade é que a saúde é um equilíbrio dinâmico e não estático.

Pense nisso por um momento: você se movimenta pelas estações do ano, pelos meses, pelas fases da Lua, pelas fases da vida, pelas idades, pelos lugares, pelas experiências, pelas horas do dia, pelos fluxos menstruais, pelas relações… você muda em cada etapa, o seu corpo muda.

Você é um fluxo dinâmico e a sua saúde precisa acompanhar esse fluxo.

Essa é a singularidade que cada pessoa carrega em si e que precisa vir à tona e ser mais bem explorada. Somos seres plurais e ricos em diversidade. E é essa característica que nos mantém no processo de evolução.

Acontece que a maioria das pessoas aprendeu a evitar e até mesmo a desconsiderar essa regra da natureza humana. Cristalizam seus pensamentos e maneiras de ver a realidade num formato pré-moldado. E que, às vezes, dita a maneira de se movimentar pela vida por anos ou até mesmo por décadas.

E as pessoas vão aos poucos, sem perceber, perdendo a sua liberdade de escolha. Suas decisões já não conseguem mais contemplar o cenário como um todo, já não enxergam mais todas as possibilidades. E o fato é que as ações passam a ser guiadas por um velho “inventário” que busca de todas as formas alcançar ou preservar o equilíbrio.

Conheço bem esse sentimento. Em função de acontecimentos dolorosos e difíceis, muitas pessoas esforçam-se ao máximo para manter o controle sobre tudo, para não correr o risco de passar por tudo aquilo novamente.

Isso lhe soa familiar? Já aconteceu com você?

Se você se prender num molde que inventou para si mesmo (às vezes, desde a infância ou num determinado momento da vida) ou que alguém inventou para você (a partir da sua educação ou dos ambientes que frequentou), inevitavelmente vai enfrentar uma difícil constatação: as coisas, inclusive você mesmo, vão mudar dentro desse molde. Em algum momento, ele vai ficar pequeno, apertado, desconfortável.

E o que antes parecia fazer sentido para você, agora já não faz mais. Aquilo que lhe trazia satisfação, já não traz mais. E perceberá que já terá perdido parte ou boa parte da sua saúde integral e da sua liberdade.

Quando foi a última vez que você reavaliou seu “inventário” pessoal, os moldes que já não mais devem guiar suas escolhas de vida nesse momento? Será que eles estão lhe impedindo de viver com mais saúde e liberdade?

Como exatamente isso funciona

Um dos livros da medicina cabalista chama-se, em aramaico protocananeu, Ktawa Yihawehá. Ele tem mais de 3.800 anos. De todos os clássicos, é um dos mais recentes da literatura dessa medicina milenar. É um poema existencial sobre o funcionamento do ser humano e sua relação com a vida. Esse poema contém inúmeros códigos que revelam o que está por trás de tudo o que acontece com o ser humano. Boa parte desses códigos trazem conhecimentos poderosos sobre a nossa saúde integral e como construí-la hoje, em pleno século XXI.

Um desses códigos reside na expressão “messer”, muito usada nesse texto para descrever um estado de consciência estreita. É a própria limitação da mente, que não concebe o extraordinário, que cria os condicionamentos e padrões robóticos de comportamento e que torna as pessoas escravas delas mesmas.

O problema é que essa consciência estreita cria a interpretação sobre os fatos e a realidade. Os antigos mestres da medicina cabalista já diziam que não nos relacionamos com os fatos e sim com a interpretação que fazemos deles.

Essa interpretação estreita sobre os fatos classificará tudo o que nos acontece como “bom vs. ruim”, “certo vs. errado”, “isso vs. aquilo”, “bem vs. mal”, “corpo vs. alma”, “racional vs. emocional”, “material vs. espiritual”, etc., numa permanente polarização. E a partir dessa classificação, gerará uma narrativa.

A narrativa é a nossa história pessoal, a forma como descrevemos as nossas próprias experiências e percepções, a nossa forma de ver, pensar e sentir o que entendemos por realidade.

Existe uma história que contamos para nós mesmos e para as pessoas ao nosso redor. Às vezes, essas histórias são contadas por anos e as usamos para nos definir e criar o nosso “inventário pessoal”. Às vezes, são contadas por décadas pela própria família ou por gerações. Às vezes, são contadas pela sociedade. Às vezes, são contadas por grupos religiosos. E, infelizmente, na história da humanidade, genocídios, violências e atrocidades foram cometidos a partir de uma narrativa construída.

Acontece que essa história quase nunca proporciona a solução dos problemas. Não raras vezes, ela engrossa a sensação de impotência, de não haver saída nem soluções. Ou então cria a sensação de que não há necessidade alguma de mudança, pelas justificativas que validam a própria história.

Isso porque nessa narrativa existem três elementos: omissão, distorção e generalização.

Preste muito atenção agora! Algo nessa história foi omitido (esquecido, não incluído), distorcido (exagerado ou subdimensionado) e generalizado (a partir do uso de superlativos como “nunca”, “sempre”, “tudo”, “nada”, “todos os dias”, “nenhuma vez”, “todas as vezes”, etc.).

E essa é a base para a formação das nossas crenças, onde residem boa parte do que os antigos mestres da medicina cabalista chamavam de “pontos de aglutinação”.

E eles reforçarão a “velha” maneira de interpretar os fatos do passado e o que chamamos de realidade, como um ciclo vicioso e robótico.

Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Porque essa narrativa criará também uma “desmedida”, ou como diziam os antigos, um “inchaço” no ego.

Esse inchaço é responsável pela construção de pensamentos distorcidos, sentimentos nocivos e decisões e comportamentos equivocados. E será a base para o surgimento de boa parte das doenças e desequilíbrios em diversas áreas de expressão da vida. Criando um modo de pensar, sentir e viver adoecido, sem que você perceba o que está acontecendo dentro de si mesmo.

E a maioria dos terapeutas se perde no emaranhado de tudo isso, olhando apenas para os sintomas e sem saber identificar as causas e as raízes dos problemas e das doenças do paciente.

É preciso que haja uma “leitura isenta” da narrativa, que vai além da história contada.

Com isso em mente, os antigos mestres da medicina cabalista solucionaram essa questão. Desenvolveram uma técnica de leitura que se tornou a grande base para todas as técnicas de cura da medicina cabalista, chamada de biohermenêutica. Literalmente, esse termo pode ser traduzido por “leitura de tudo o que é vivo”.

É a leitura do corpo e dos registros que estão gravados nele (emoções, memórias, vivências, experiências, comportamentos, padrões e tendências), onde se transcende a história e se chega às raízes, trazendo autoconhecimento e alta performance nas áreas da vida.

A chave para construir uma vida com mais saúde e liberdade

Todos os acontecimentos na sua vida possuem raízes. A raiz é o que está oculto, o que não está visível. O que vemos são apenas o tronco, os galhos, as folhas. Mas não vemos a raiz. E a raiz guarda o sentido de tudo.

Chegando às raízes, mergulha-se nos seus significados e inicia-se o processo terapêutico.

O resultado será a ressignificação de toda a história. Um novo ciclo da realidade será criado a partir disso. Uma “nova” história, que pode até conter dor, mas que estará isenta de dramas, traumas e sofrimentos, crescente em potência e força de vida, todos os dias e em todas as áreas de expressão do viver.

A chave para construir uma vida com mais saúde e liberdade é perceber que a mudança é inevitável e necessária.

A essência do ser humano é uma eterna mudança. O corpo muda, as emoções mudam, a consciência muda, as fases da vida mudam. São níveis de consciência que vamos alcançando e fazendo as adaptações necessárias.

A saúde do corpo, das emoções, da mente e das áreas da vida mantém-se no equilíbrio dinâmico e não estático. Onde, de tempos em tempos, você se dedica a avaliar e renovar seu “inventário pessoal”, coletando todos os aprendizados gerados no caminho. Novas percepções, interpretações e visões sobre os fatos, novas maneiras de sentir os acontecimentos, novos significados.

Tudo isso contribui para que você possa enxergar o que antes não via, novas possibilidades, alternativas e soluções. E, assim, escolher e decidir com liberdade, sem estar aprisionado pelos velhos pontos de aglutinação.

Saúde é liberdade. Liberdade é fazer o que precisa ser feito diante das mudanças necessárias a cada momento. É um movimento contínuo.

Quer experimentar como funciona isso agora?

Todas as vezes que você se queixar de algo em sua vida, experimentar uma insatisfação ou uma angústia, lembre-se de que o molde ficou pequeno. E que você está diante de uma grande oportunidade para criar um molde maior e mais significativo, não apenas para a sua vida, mas para todos os que estão ao seu redor.

Estou feliz em lhe dizer que esse é apenas o começo!


Verônica Malkah – Terapeuta cabalista e mentora de terapeutas. Integrante do Movimento da Cabala Ancestral, há 22 anos. Aprendiz do mestre cabalista Mario Meir, desde 2000 até os dias de hoje. Professora de Cabala Ancestral e de Medicina Cabalista. Formada nas técnicas de Cura Cabalista, remédios naturais da Árvore da Vida e códigos milenares dos 72 Sopros. Formada em Direito pela UFRJ, com especialização em Gestão da Sustentabilidade.