Neuroarquitetura hospitalar acolhedora a idosos com demência

O envelhecimento global e o aumento dos diagnósticos de demência impulsionam a necessidade de projetos arquitetônicos sensíveis aos desafios de orientação e navegação enfrentados por idosos, especialmente aqueles com doença de Alzheimer.

Este artigo propõe diretrizes baseadas em evidências neurocientíficas para melhorar a adaptação e a qualidade de vida em casas de repouso e unidades de cuidado.

Combinando neurociência, gerontologia ambiental e arquitetura, a pesquisa enfatiza a compensação de declínios nas habilidades cognitivas por meio do design do ambiente construído.

Para a consecução do presente artigo, foi realizada uma revisão bibliográfica com as publicações mais pertinentes e bem embasadas acerca do tema proposto.

Em seguida, tais achados científicos foram aglomerados para análise e configuração de estratégias aplicáveis aos ambientes de saúde. Elementos como identidade de lugar, independência, pertencimento e estimulação cognitiva são abordados, visando promover o bem-estar tanto dos residentes quanto da equipe de cuidados.

A integração interdisciplinar é crucial para a eficácia dessas estratégias, enquanto a proposta visa oferecer um envelhecimento qualitativo, independente de patologias, proporcionando qualidade de vida e bem-estar em todas as fases da vida.

Introdução

O aumento da expectativa de vida global resultou em um crescimento significativo na população idosa, com a proporção de pessoas com mais de 60 anos projetada para aumentar de 12% em 2015 para 22% em 2050 (WHO, 2015).

No entanto, o envelhecimento frequentemente está associado a declínios nas habilidades cognitivas, com a demência afetando cerca de 5% a 8% da população acima de 60 anos (WHO, 2017). Atualmente, aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, sendo a doença de Alzheimer a forma mais prevalente, representando de 60% a 70% dos casos (WHO, 2019).

Tanto o processo de envelhecimento quanto a demência resultam em declínios significativos nas habilidades de orientação e navegação, impactando a capacidade das pessoas em se movimentar e aprender ambientes desconhecidos (Benke et al., 2014; Lester et al., 2017).

Mesmo em idosos saudáveis, a orientação espacial e a navegação começam a se deteriorar cedo, o que é ainda mais acentuado em pessoas com demência ou comprometimento cognitivo (Fasano et al., 2018; Mitolo et al., 2013).

O desafio torna-se especialmente notável quando os idosos precisam se adaptar a novos ambientes, como em casas de repouso ou instalações de cuidados de demência.

O projeto de ambientes, como casas de repouso e complexos de idosos, com foco nas habilidades de navegação em declínio pode facilitar a transição e a adaptação dos residentes (O’Malley et al., 2017).

Criar ambientes que facilitem a orientação espacial e compensem as dificuldades de navegação pode melhorar a qualidade de vida e a independência e reduzir a carga sobre os cuidadores (Marquardt e Schmieg, 2009).

A integração de conceitos neurocientíficos e de design torna-se fundamental nesse contexto, buscando otimizar o ambiente construído para atender às necessidades específicas dos idosos, garantindo um ambiente familiar e adaptável.

O entendimento das mudanças cognitivas associadas ao envelhecimento e à demência, aliado à aplicação de princípios de arquitetura e design acolhedores ao envelhecimento, possibilita a criação de ambientes que promovem a independência, a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos.

Dessa forma, o design arquitetônico pode desempenhar um papel crucial na melhoria da experiência de vida de pessoas com demência e idosos em ambientes de cuidados.

Envelhecimento saudável e atípico: repercussões e peculiaridades

O impacto do envelhecimento nas habilidades de navegação é uma área de pesquisa complexa e multifacetada, especialmente quando consideramos tanto o envelhecimento saudável quanto o atípico.

O declínio cognitivo inerente ao envelhecimento afeta diretamente as habilidades de navegação, levando a desafios significativos na compreensão e interação com o ambiente circundante (Freitas e Py, 2022).

Em um cenário de envelhecimento saudável, observa-se um declínio na capacidade de aprendizagem de rotas. Isso resulta em idosos levando mais tempo para assimilar novas rotas e adquirir conhecimento sobre associações de direção de pontos de referência. Mesmo que idosos saudáveis tenham a possibilidade de aprender com sucesso essas rotas, eles podem apresentar dificuldade em recordar a sequência de pontos de referência ao longo do percurso. Essa deterioração pode ser relacionada a mudanças nos circuitos neuronais, como a ativação e o volume do núcleo caudado, que desempenham um papel crucial no aprendizado de rotas (Pinel, 2005; Lent, 2008; Parmera e Nitrini, 2015).

A navegação alocêntrica, que envolve a formação de mapas cognitivos e o uso de pontos de referência, também é afetada pelo envelhecimento saudável.

Idosos saudáveis demoram mais para formar esses mapas e enfrentam dificuldades em codificar informações espaciais e recuperar memórias relacionadas. Isso pode resultar em confusão entre lugares familiares e desconhecidos.

Além disso, os idosos são menos eficientes na utilização desses mapas para planejar novas rotas através de ambientes desconhecidos, indicando um declínio na navegação alocêntrica (Freitas e Py, 2022).

Quando se trata do envelhecimento atípico, como na doença de Alzheimer (DA), os efeitos na navegação são ainda mais pronunciados. A desorientação espacial é frequentemente um dos primeiros sintomas da DA, sendo que estudos recentes sugerem que déficits de navegação podem ser identificados em indivíduos com risco genético de DA muito antes do início dos sintomas clínicos.

A doença de Alzheimer afeta tanto as tarefas de navegação egocêntricas quanto alocêntricas, mas parece ter um impacto particularmente forte nas tarefas que dependem da memória alocêntrica, associada ao hipocampo e áreas relacionadas (Pinel, 2005; Lent, 2008; Parmera e Nitrini, 2015).

A neurodegeneração inerente à DA, especialmente no lobo temporal medial e nas estruturas associadas, como o hipocampo, desempenha um papel significativo nos déficits de navegação alocêntrica.

Além disso, os estudos indicam que a doença de Alzheimer afeta a tradução entre representações egocêntricas e alocêntricas, uma função que envolve o hipocampo em conjunto com outras estruturas corticais.

É importante ressaltar que esses prejuízos na navegação não podem ser atribuídos simplesmente a déficits genéricos de aprendizado ou memória, mas sim à interseção complexa entre as áreas cerebrais envolvidas na navegação e aquelas mais suscetíveis aos efeitos da DA (Pinel, 2005; Lent, 2008; Parmera e Nitrini, 2015).

Considerando a progressão da DA, diferentes fases do comprometimento cognitivo, inflamação neural e a natureza neurodegenerativa da doença, é evidente que os déficits de navegação são intrinsecamente ligados a esses fatores.

A compreensão mais profunda desses processos complexos é crucial para desenvolver abordagens de tratamento e intervenções eficazes que possam melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados e oferecer suporte às suas necessidades de navegação (Freitas e Py, 2022).

Os quadros a seguir expressam as modificações sensoriais e emocionais relacionadas tanto ao envelhecimento típico quanto ao acompanhado de quadros demenciais – Quadros 1 e 2.

Envelhecimento, sensações e emoções
Quadro 1 – Aspectos sensoriais e emocionais relacionados ao envelhecimento humano. Fonte: elaborado pelo autor a partir do livro “Tratado de Gerontologia e Geriatria”, por Elizabete de Freitas Ligia Py (2022).
Demência, sensações e emoções
Quadro 2 – Aspectos sensoriais e emocionais relacionados aos quadros demenciais de forma simplificada. Fonte: elaborado pelo autor a partir dos estudos da Alzheimer’s Disease International (2023).

Compreendendo a demência

As síndromes demenciais constituem um grupo de doenças crônicas caracterizadas por múltiplos déficits cognitivos, incluindo comprometimento da memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, aprendizado, linguagem e julgamento.

Essas alterações são suficientemente significativas para não serem atribuídas apenas ao envelhecimento normal. Além disso, o declínio cognitivo muitas vezes está acompanhado ou precedido por mudanças no controle emocional, comportamento social e motivação.

A etiologia da demência é variada, abrangendo condições como doença de Alzheimer, demência vascular, associada a outras condições clínicas (como HIV, traumatismo craniano, doença de Parkinson, doença de Huntington) e demência resultante do uso de substâncias abusivas e medicamentos ou de exposição a toxinas. Também ocorrem casos de etiologia múltipla ou indeterminada (Pinel, 2005; Lent, 2008; Parmera e Nitrini, 2015).

De acordo com a World Health Organization (WHO), a demência representa uma das principais causas de incapacidade e dependência entre os idosos globalmente. Estima-se que aproximadamente 50 milhões de pessoas vivam com demência, sendo que 60% delas estão em países de baixa e média renda.

Com o aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população, a prevalência da demência está em ascensão. Projeções indicam que até 2050 esse número poderá chegar a 152 milhões, com 10 milhões de novos casos surgindo anualmente.

Os custos associados à demência, incluindo cuidados médicos diretos, apoio social e cuidados informais, são substanciais e preocupantes, podendo afetar o desenvolvimento socioeconômico e sobrecarregar os sistemas de saúde e assistência social ao redor do mundo (Onubr, 2018).

Mesmo em indivíduos saudáveis, o envelhecimento está relacionado a alterações estruturais no sistema nervoso, como redução no volume cerebral, perda de peso e aumento dos ventrículos. Essas mudanças podem afetar a memória, atividade motora, humor, padrão de sono, apetite e função neuroendócrina.

O declínio é perceptível na densidade da arborização dendrítica dos neurônios no córtex e em outras áreas, bem como na redução dos níveis de enzimas que sintetizam neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e acetilcolina.

A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, começa com sintomas leves, incluindo perda de memória de curto prazo. À medida que a doença progride, os sintomas intensificam-se, levando a déficits cognitivos mais agressivos, perda de funções cognitivas, sintomas psicóticos e, eventualmente, perda da capacidade de comunicação e locomoção (Kandel, 2014; Lent, 2008).

A doença de Alzheimer é multifatorial, resultante de uma fisiopatologia complexa envolvendo diversos mecanismos. Um dos principais eventos é o acúmulo de peptídeos β-amiloide no cérebro. Esses peptídeos são fragmentos da proteína precursora de amiloide (APP) e podem formar agregados tóxicos que causam neuroinflamação e danos neurais. As enzimas secretases, como α-secretase, β-secretase e γ-secretase, estão envolvidas na clivagem da APP, formando os peptídeos β-amiloide. Esses peptídeos tóxicos têm a capacidade de se agregar e formar placas, desencadeando danos no tecido nervoso. A doença também envolve processos genéticos e ambientais que influenciam a atividade das secretases e a formação dos peptídeos β-amiloide (Kandel, 2014; Lent, 2008).

Embora haja avanços no entendimento da doença de Alzheimer, ainda existem muitas áreas a serem exploradas nesse campo. A agregação de peptídeos β-amiloide é um dos principais achados científicos relacionados à neurodegeneração, mas a complexidade da doença exige uma abordagem multidisciplinar para sua compreensão completa (Alzheimer’s Association, 2017).

Estruturas e funções afetadas

A demência, particularmente a doença de Alzheimer, que atinge cerca de 1/8 da população acima de 65 anos, dentre outras condições relacionadas, resulta em uma série de alterações nas estruturas neurais do cérebro, o que leva a déficits cognitivos e funcionais (Kandel, 2014; Lent, 2008).

Conforme Parmera e Nitrini (2015), na doença de Alzheimer (DA), por exemplo, as áreas neurais mais afetadas são as descritas abaixo – Quadro 3.

  • Córtex cerebral: o córtex cerebral é uma das regiões mais impactadas pela doença de Alzheimer. Há uma redução significativa no volume cortical, especialmente em áreas relacionadas à memória, linguagem, julgamento e tomada de decisões. Isso leva aos déficits cognitivos característicos da doença.
  • Hipocampo: o hipocampo é uma área crucial para a formação de novas memórias, especialmente as memórias episódicas. Na doença de Alzheimer, o hipocampo é uma das primeiras regiões a sofrer danos, resultando em perda de memória, desorientação espacial e dificuldades de navegação.
  • Lobo temporal medial: o lobo temporal medial, incluindo o hipocampo, é fundamental para a consolidação e recuperação de memórias. A degeneração nessa região contribui para os déficits de memória observados na doença de Alzheimer.
  • Córtex entorrinal: o córtex entorrinal é uma área que desempenha um papel importante na navegação espacial e na orientação. Danos nessa região afetam a capacidade de uma pessoa se orientar em ambientes familiares e desconhecidos.
  • Córtex pré-frontal: o córtex pré-frontal está envolvido em funções executivas, como tomada de decisões, planejamento, controle inibitório e organização de tarefas complexas. A degeneração nessa região resulta em dificuldades na resolução de problemas e no planejamento.
  • Córtex parietal: o córtex parietal desempenha um papel na integração sensorial e na percepção espacial. Os danos nessa região podem levar a distúrbios na percepção sensorial e na orientação.
  • Córtex occipital: o córtex occipital é responsável pelo processamento visual. Embora não seja tão afetado quanto outras áreas, ainda pode haver comprometimento visual e dificuldades na interpretação de estímulos visuais.
  • Áreas associativas: além das mencionadas, várias outras áreas associativas do cérebro que integram informações sensoriais, memórias e processos cognitivos mais elevados são afetadas, contribuindo para a complexidade dos sintomas observados na doença de Alzheimer.

    Demência e áreas cerebrais
    Quadro 3 – Esquema que descreve de forma simplificada a anatomia e as funções das áreas cerebrais mais estudadas. Fonte: traduzido pelo autor da Freepick.com (2023).

É importante ressaltar que a doença de Alzheimer é caracterizada por uma progressão gradual e difusa da degeneração cerebral, afetando múltiplas regiões ao longo do tempo. Isso resulta na ampla gama de sintomas cognitivos, comportamentais e funcionais observados em indivíduos com a doença (Alzheimer’s Association, 2022).

As áreas afetadas podem variar de acordo com o tipo específico de demência e a progressão da doença em cada indivíduo. Essas mudanças neurais contribuem para os sintomas cognitivos, comportamentais e funcionais observados nas pessoas com demência.

Metodologia

O presente estudo baseou-se em uma revisão bibliográfica que integrou conhecimentos da neurociência e da gerontologia ambiental na arquitetura de ambientes de saúde.

Foram analisados estudos com experimentos práticos envolvendo humanos e não humanos, focados em melhorias na orientação espacial em ambientes construídos, assim como na redução de estresse e tempo de recuperação em contextos de saúde.

Elementos como identidade de lugar, independência, pertencimento, envelhecimento e estímulos cognitivos, sensoriais, motores e sociais foram considerados como fundamentais durante a busca de informações (Lewis et al., 2020; Bigonnosse et al., 2019).

Após a revisão e análise dos dados, foram desenvolvidas diretrizes específicas, organizadas em cinco segmentos com subdivisões aplicáveis a cada caso. Esses segmentos abordam elementos como identificação do local, autonomia e conexão com o ambiente, além de promoção da estimulação cognitiva, sensorial, motora e social.

A abordagem visa promover o bem-estar tanto dos residentes quanto da equipe de cuidados, priorizando um enfoque interdisciplinar para garantir a eficácia dessas estratégias.

Resultados e discussões

Quando se projeta um hospital destinado a idosos com declínios cognitivos durante a navegação espacial, é crucial considerar uma série de fatores que podem mitigar essas dificuldades.

Dentre as abordagens que se mostraram eficazes nesse contexto, destacam-se: layouts simplificados e diretos, que permitem uma compreensão mais intuitiva do ambiente (Marquardt, 2011; Marquardt e Schmieg 2009); design que promova um acesso visual claro e amplo, permitindo que os residentes possam facilmente identificar e localizar áreas e direções (Gärling et al., 1986); evitar uniformidade excessiva, pois variações no ambiente podem ajudar na diferenciação de espaços e na memorização (Evans et al., 1980); implementação de um sistema de sinalização claro e eficiente, auxiliando na orientação dos residentes (Carpman e Grant, 2002) e presença de pontos de referência distintos, que auxiliem na criação de conexões mentais e facilitação da navegação (Ishikawa e Nakamura, 2012).

No contexto das casas de repouso, os layouts mais eficazes tendem a ser unidades de pequena escala, onde as necessidades dos residentes são facilmente visíveis de qualquer ponto dentro da instalação (Caspi, 2014). Essa abordagem favorece uma melhoria na memória espacial, na recordação e nas decisões relacionadas a trajetos (Marquardt e Schmieg, 2009).

Ressalta-se que muitas casas de repouso, redes clínicas e hospitais são administrados por entidades privadas (Macdonald e Cooper, 2007), o que pode resultar em desafios quanto ao espaço disponível e questões financeiras.

Essas limitações podem levar à necessidade de acomodar o máximo de residentes possível no espaço disponível. No entanto, a otimização do espaço não deve comprometer a clareza e a acessibilidade do ambiente, especialmente para aqueles com demência.

As limitações estruturais e financeiras podem influenciar as escolhas arquitetônicas, que por vezes podem causar confusão e desorientação em residentes com demência (Kuliga et al., 2021; Lithfous et al., 2013; Lithfous et al., 2012). Por essa razão, é de extrema importância que o projeto arquitetônico seja capaz de atenuar o declínio das habilidades cognitivas de navegação, proporcionando um ambiente que promova a orientação espacial e, consequentemente, melhore a qualidade de vida dos residentes.

O espaço construído deve ser concebido de modo a minimizar a confusão e maximizar a familiaridade, facilitando assim a adaptação e o bem-estar dos indivíduos que enfrentam desafios cognitivos – Quadro 4.

Neuroarquitetura - ambientes para idosos
Quadro 4 – Aspectos considerados no ambiente construído a fim de fomentar a arquitetura hospitalar acolhedora aos idosos com demência. Fonte: produzido pelo autor (2023).

Estratégias para a qualidade de vida e longevidade em ambientes de saúde

1 – Locais e corredores: devem ser distinguíveis e significativos, como mostra a Figura 1.

Os espaços comuns em empreendimentos residenciais de idosos geralmente apresentam mais de um ponto de acesso, o que leva à dificuldade de navegação por parte dos residentes desorientados.

Por exemplo, móveis com designs ou cores diferentes, esquemas de cores diferentes ou papel de parede diferente podem ser usados para que os diversos lugares sejam claramente distinguíveis (Davis et al., 2008).

Os locais também devem ser significativos e podem até receber nomes que reflitam sua função, o que também ajudará os residentes a usá-los para navegação e orientação (Malinin, 2016; Malinin et al., 2016; Turkle, 2007).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 1 – Unidade de cuidados intermediários para idosos do Cefn Coed Hospital. O layout inclui três enfermarias ovais projetadas para ajudar pacientes com demência propensos a caminhar sem destino coeso. E corrimãos de madeira instalados ao longo das vias de circulação para apoio dão à unidade uma aparência mais caseira. Fonte: buildingbetterhealthcare.com (2022).

2 – Marcos espaciais: é necessário que sejam visíveis e reconhecíveis, como proposto na Figura 2.

Pacientes idosos, com ou sem demência, geralmente possuem o cristalino ocular amarelado. Dessa forma, eles tendem a lembrar e reconhecer objetos coloridos e de alto contraste com mais facilidade do que objetos menos chamativos em tons pastel (Cernin et al., 2003).

Tais residentes costumam usar dicas de cores, como portas de cores diferentes, para ajudar na navegação (Gibson et al., 2004).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 2 – Corredor principal da Comunidade de Aposentadoria Rockwood de Spokan, Washington, nos Estados Unidos da América. Fonte: NacLab.com (2019).

Pelo fato do sistema simpático ser ativado em situações de perigo ou estresse crônico com maior facilidade em quadros demenciais, formas angulares, luzes e sons intensos, sombras e pisos com padrões fragmentados tornam-se mais propensos a ser gravados.

Diante de tais episódios de ansiedade, sentimento de perigo e consequente estresse, a experiência no ambiente hospitalar passa a ser comprometida. Dessa forma, sugere-se que elementos arquitetônicos que podem propiciar tais situações sejam minimamente utilizados (Zuckerman e Gal-Oz, 2014; Hancock e Rogers, 2005; Lin et al., 2006; Wood et al. 1997).

Utilizam-se a cor e a ausência de contraste para o disfarce de entradas ou saídas inadequadas para os pacientes, como saídas de emergências. Indica-se que sejam camufladas com cores próximas as das paredes ou que sejam ressignificadas com objetos decorativos e adesivação, como mostra a Figura 3 (Mobley et al., 2017; Leung et al., 2012; Zimring et al., 2005).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 3 – Porta de saída camuflada com o recurso de adesivação, a fim de evitar fugas ou saídas indesejadas dos usuários com quadros demenciais. Fonte: creativeartco.com (2019).

3 – Sinalização e mapas: a sinalização e os mapas externalizam o conhecimento espacial, a tomada de decisões e o planejamento espacial e podem, portanto, compensar o declínio das habilidades cognitivas (Park et al., 2014; Sailer, 2014).

3.1 Ícones e texto: problemas com linguagem e compreensão de leitura são comuns na demência (Klimova e Kuca, 2016). As sinalizações não devem, portanto, depender apenas de informações textuais, mas também conter imagens ou ícones, conforme a Figura 4.

Os sinais devem ainda ser simples e organizados, de preferência contendo apenas uma ou duas palavras (Scialfa et al., 2008). E, para compensar as deficiências visuais associadas à demência, deve haver um claro contraste entre o texto e a cor de fundo (O’Malley et al., 2017; Passini et al., 2000).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 4 – Uso de ícones em conjunto com imagens visualmente reconhecíveis. O contraste visual entre as cores do quadro que contém as informações é de fundamental importância para a compreensão dos informativos propostos. Fonte: New-vision.co.uk (2020).

3.2 Ícones familiares ou informações pictóricas: as informações pictóricas devem ser colocadas onde possam ser vistas.

Idosos tendem a olhar para baixo durante a navegação (Namazi e Johnson, 1991), possivelmente para monitorar sua locomoção, procurar riscos de tropeçar e reduzir o perigo de quedas, que aumenta com o envelhecimento e até mesmo com mais demência (Liu-Ambrose et al., 2008).

Mapas espaciais geralmente não possuem tanta eficácia quanto setas e ícones legíveis e visíveis no ambiente construído (Lanza et al., 2014).

Uma série de setas direcionais no chão com a palavra ‘banheiro’ proporcionou o uso mais bem-sucedido de banheiros em uma casa de repouso para demência (Namazi & Johnson, 1991).

3.3 Sinalização e ambientes domésticos: apesar da eficiência de bons sistemas de sinalização, a maioria dos residentes de lares de cuidados salientam preferir sinais ou recursos ambientais mais personalizados, como imagens relevantes e espaços memoráveis, em vez de sinalização ou mapas.

A Figura 5 elucida bem o caso abordado nas pesquisas (Grzeschik et al., 2018; Meilinger et al., 2008).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 5 – Ambientações de leitura com caráter residencial podem auxiliar na memorização e vínculo de ação pretendido ao ambiente utilizado. A ambientação da biblioteca, cercada de livros visíveis, fomenta um local atrativo para a leitura. Fonte: Dimellashaffer.com (2021).

4 – Cor e contraste como recursos de design para minimizar a desorientação espacial

 Há apenas evidências limitadas para sugerir que cores específicas induzem a certos resultados de saúde, emoções e/ou comportamentos (Higuera et al., 2021).

Deve-se notar nesse ponto que a doença de Alzheimer afeta a capacidade das pessoas de discriminar cores, particularmente na faixa azul e verde e menos na faixa vermelha e amarela (Wijk e Sivik, 1995). Nota-se que a personalização de cores no quarto amplia a capacidade de reconhecimento.

Níveis de luz suficientes e cores adequadas são importantes para a criação de ambientes favoráveis, como pode ser observado na Figura 6.

Demência e ambientes hospitalares
Figura 6 – Além de propiciar uma ambientação acolhedora, a disposição de cores e revestimentos auxilia na percepção ambiental em confluência com os outros sentidos dos pacientes, no Hospital Salisbury District, na Inglaterra. Fonte: specifierreview.com (2014).

O uso de luz extra e cores contrastantes pode ajudar os residentes de lares a encontrar seu caminho mais facilmente (Noell-Waggoner, 2002; Netten, 1989).

Cores vivas e fortes podem ser eficazes para melhorar a lembrança de objetos em pessoas com doença de Alzheimer (Cernin et al., 2003) e, portanto, podem desempenhar um papel crucial no design de recursos ambientais para servirem como registros de localização (Edelstein e Macagno, 2012; Vandewalle et al., 2009).

A reprodução de sombras deve ser evitada por induzir episódios de alucinação e possíveis situações de ansiedade e de congelamento da marcha (Swall et al., 2017).

Projetos de iluminação integrativa que respeitem o ciclo circadiano são recomendáveis para noites com sono de qualidade, conforme a Figura 7.

Consequentemente, o registro da memória espacial por parte do hipocampo poderá ser mais eficiente (Figueiró et al., 2019; Barret et al., 2018; Figueiró, 2011).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 7 – A qualidade do sono, especialmente em quartos hospitalares, é de suma importância para a recuperação do paciente e manutenção da integridade da fisiologia metabólica, além da percepção da passagem do tempo. Dessa forma, a aplicação de sistemas de iluminação integrativa, que mimetizam a intensidade e a temperatura de cor do Sol, mostra-se eficiente nos atuais estudos averiguados. Fonte: Inquirer.com (2023).

5 – Estimulação multissensorial

5.1 – Smellscapes: espécies vegetais aromáticas, como a lavanda, o alecrim e a laranjeira, podem contribuir para a orientação espacial dos pacientes, tendo em vista o incremento dos estímulos sensoriais presentes no ambiente (Agatonovic-Kustrin et al., 2020). Podem ser incorporadas em jardins ou em ambientes internos ventilados, como mostra a Figura 8.

Por terem influência no sistema autônomo simpático e parassimpático, os aromas podem ser combinados aos ambientes de saúde projetados, como por exemplo aplicando-se, no quarto do paciente, a essência de lavanda por ter propriedades calmantes e indutoras do sono. Entretanto, ressalta-se cautela na utilização de aromas, especialmente quando são utilizados os sintéticos, que são tóxicos ao organismo (Passos et al., 2022; Agatonovic-Kustrin et al., 2020).

Demência e ambientes hospitalares
Figura 8 – Observa-se a integração da natureza no interior dos ambientes de estar do Hospital Östra – Enfermaria de Emergência Psiquiátrica, localizado na Suécia. Estudos mostram que o contato ou até mesmo a observação de vistas naturais fomentam melhorias tanto no humor dos pacientes quanto no processo de recuperação. Fonte: whitearkitekter.com (2009).

5.2 Soundscapes: músicas significativas e sons naturais marcam também a sensorialidade espacial, contribuindo, a depender do nível de estimulação e da congruência das variáveis ambientais, para a recuperação da memória de médio e longo prazos (Houben et al., 2022; Jeremy et al., 2021; Voisin et al., 2021; Cui et al., 2021; Devos et al., 2019).

Na Figura 9, observa-se que caixas de sons de pássaros foram acrescidas nas salas de espera nesse ambiente de saúde. A congruência da sensorialidade sonora artificial dos pássaros, junto à vista da natureza no lado externo, contribui para uma espera mais significativa, mesmo que com recursos simplificados.

Demência e ambientes hospitalares
Figura 9 – Nesta sala de espera, a visualização da natureza, os sons artificiais de pássaros e o uso de superfícies amadeiradas corroboram para uma espera mais acolhedora no ambiente. Fonte: mein-zahnarzt-kelheim.de/praxis (2021).

5.3 Percepção tátil: sugere-se que superfícies naturais, como a madeira e o bambu, podem despertar interesses de exploração promissores no que se trata do engajamento espacial.

Texturas macias e confortáveis tendem a colaborar para a pausa de atividades junto ao relaxamento fisiológico (Pai et al., 2020).

5.4 Engajamento motor e memória: a associação inversa entre sedentarismo e saúde neural torna-se evidente. A atividade física regular e os exercícios aeróbicos são demonstrados como fatores mitigantes, desacelerando a degradação da estrutura cerebral, sobretudo em áreas pré-frontais que regem funções executivas (Zuckerman et al., 2014; Zimring et al., 2005; Erickson et al., 2011; Erickson et al., 2010; Everard et al., 2000; Lin et al., 2006).

A análise longitudinal apresentada por Burzynska e sua equipe (2017) destaca que a diminuição da atividade sedentária e a incorporação de práticas aeróbicas atuam como amortecedores contra o declínio acentuado na integridade da substância branca pré-frontal, ao longo de um período de seis meses.

Essa influência positiva da atividade física estende-se além da estrutura cerebral, abarcando componentes cruciais do sistema de memória. A interação entre o movimento e a memória emerge como um elo notável. Os resultados de estudos como os de Park e colaboradores (2014) elucidam a melhoria da memória episódica como um efeito potencial da atividade física regular. Em consonância, McDonough e colaboradores (2015) destacam o aumento da modulação da atividade cerebral ligada à atenção e ao processamento semântico como um resultado benéfico do engajamento em exercícios aeróbicos.

Demência e ambientes hospitalares
Figura 10 – O Centro Veterans Affairs Medical de Reabilitação, localizado no Estado de Utah, nos EUA, apresenta um ambiente com iluminação natural e aparelhos adequados para a realização de atividades desde menor impacto até mais intensas. Ambientes planejados como esse, aliados à atuação de profissionais treinados e ao contato interpessoal, podem colaborar para a recuperação mais rápida dos pacientes internados. Fonte: tsa-usa.com (2021).

Dessa maneira, a incorporação de locais que proponham engajamento e estimulação motora em ambientes de saúde pode ser entendida como uma ferramenta precursora de uma melhora significativa no quadro da doença, além de propiciar experiências mais significativas dentro do ambiente de cuidado.

Conclusão

De fato, a navegação é uma habilidade essencial para a independência e bem-estar. Com o envelhecimento típico ela tende a diminuir, especialmente em pessoas com demência, gerando acometimento em sua autonomia cognitiva.

Consequentemente, há problemáticas tanto para o idoso quanto para os familiares e cuidadores que convivem com ele, especialmente quando são conduzidos para ambientes de saúde, sejam hospitais, clínicas ou residências de cuidado (Pai et al., 2020; Higuera-Trujillo et al., 2021).

Este artigo discute princípios da neurociência e da gerontologia ambiental quando aplicados estrategicamente à arquitetura e ao design em ambientes de saúde, especialmente hospitais.

Tais princípios tendem a gerar melhores experiências tanto para os pacientes quanto para os seus cuidadores e colaboradores do ambiente de saúde, por compensarem o declínio das habilidades de orientação e navegação em idosos, sejam eles saudáveis ou com algum demencial (Maus et al. 2016).

A integração de conhecimentos de neurociência, gerontologia ambiental, arquitetura e usabilidade é crucial para melhorar a navegabilidade dos ambientes residenciais e de cuidados.

Embora outras questões também influenciem a qualidade de vida de idosos com demência, como o tipo de cuidado prestado pela equipe, uma abordagem interdisciplinar é fundamental para aprimorar efetivamente suas vidas (Innes et al., 2011; Kahana, 1982; Lawton, 1977).

A proposta aqui foi de fornecer estratégias robustas para reverberar as privações diárias e as consequências dos sintomas demenciais nos idosos, como elevados níveis de estresse, episódios depressivos e rápido avanço dos quadros neurodegenerativos.

Tais estratégias, além dos possíveis benefícios que trazem aos aspectos biológicos, psicológicos e sociais de toda a equipe envolvida no ambiente interno de saúde, proporcionam aos pacientes a possibilidade de melhorarem com maior agilidade, necessitarem de menos medicamentos e ressignificarem positivamente a experiência em ambientes de cuidado.

Consequentemente, hospitais e clínicas de tratamento, por exemplo, passam a ter um ganho financeiro a médio e a curto prazo, contribuindo para um sistema de saúde holístico (Houben et al., 2022; Jeremy et al., 2021; Voisin et al., 2021; Devos et al., 2019).

Dessa forma, a experiência qualitativa em um ambiente acolhedor pode propiciar grandes avanços na interdisciplinaridade de vários conhecimentos, tendo em vista melhorias na qualidade de vida do usuário, pertencimento e bem-estar do idoso mesmo após o diagnóstico de doenças neurodegenerativas. Afinal, todas as etapas de vida, com ou sem patologias, devem ser vividas da melhor forma possível.


Ciro Férrer Herbster Albuquerque – Arquiteto e urbanista especializado em Neurociência aplicada à Arquitetura, Gerontologia, Geriatria Aplicada e Neurociência aplicada à Aprendizagem. Amante do conhecimento e encantado com a capacidade de envelhecimento humano, dedica-se a pesquisas e práticas em arquitetura, urbanismo e design amigáveis à demência, a fim de postergar a demência baseada em estímulos promovidos pelo ambiente construído. Seu propósito de vida é proporcionar envelhecimento no local, longevidade e qualidade de vida ao idoso.

 

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