Nutrição funcional e os benefícios do uso do BDORT

A busca por métodos e técnicas que promovam os conceitos da medicina integrativa e holística tem se intensificado nas últimas décadas. Uma dessas inovações que vem ganhando espaço no mundo da saúde é o BDORT (Bi-Digital O-Ring Test) ou teste do anel bidigital.

O BDORT não é um método terapêutico, mas sim uma ferramenta propedêutica, que pode ser usada por profissionais de saúde de diferentes áreas, em conjunto com as demais técnicas e procedimentos utilizados para examinar os pacientes, com a finalidade de se chegar a uma hipótese diagnóstica.

É um recurso valioso a ser aplicado juntamente com os métodos diagnósticos da medicina convencional (anamnese, exames clínicos e laboratoriais, etc.) ou das medicinais tradicionais e integrativas, como a chinesa, ayurvédica e outras.

Neste artigo, serão abordados, de forma resumida, a história da criação do BDORT, seus fundamentos científicos e métodos de aplicação, para então se destacar o importante papel que ele pode desempenhar em nutrição funcional.

É necessário salientar que essa é apenas uma das áreas, dentre as inúmeras outras, em que o BDORT pode contribuir para a realização de diagnósticos mais precisos e personalizados, de forma a atender a um dos pilares básicos da medicina integrativa, que é o de proporcionar a cada paciente um atendimento verdadeiramente individualizado e holístico, de acordo com suas idiossincrasias e características físicas, mentais e emocionais.

Criação do BDORT

O BDORT foi desenvolvido pelo Dr. Yoshiaki Omura, um pioneiro nas pesquisas em medicina integrativa, durante a década de 1980.

O Dr. Omura, com sua formação em medicina convencional aliada à sua abertura para terapias complementares, começou a explorar a ideia de que o corpo humano emite sinais eletromagnéticos específicos em resposta a estímulos.

Essa premissa foi fundamental para o desenvolvimento do BDORT, que busca avaliar esses sinais para obter informações significativas e precisas sobre a saúde do paciente.

Como funciona

O teste é executado por meio de um anel (O-ring) formado pela união de dois dedos (bidigital) de uma mesma mão do paciente, que exerce força de maneira a mantê-lo fechado.

O examinador forma também um anel em sua mão e entrelaça o anel feito pelo paciente, para então tracioná-lo em sentido contrário à força exercida pelo paciente.

A tração feita pelo examinador pode provocar perda de força no anel mantido pelo paciente, abertura do anel ou fortalecimento do anel, de acordo com o local do organismo que está sendo examinado e a questão de saúde envolvida.

Essas diferentes reações são explicadas por um mecanismo neurofisiológico que regula a modificação da força muscular do anel bidigital, dependendo do fato de a área corporal estimulada estar ou não saudável.

Ao realizar o BDORT sobre uma superfície corporal (tocando-a com uma haste metálica), o achado de uma área eletricamente alterada, isto é, que ocasiona a abertura do anel bidigital frente à tração, pode significar que nessa região existe algum problema de má circulação, campo eletromagnético alterado, infecção, inflamação, disfunção, etc.

Essa mesma reação corporal (enfraquecimento ou fortalecimento do anel digital) acontece quando o organismo da pessoa examinada entra em contato com variadas substâncias, como alimentos e/ou medicamentos, indicando se elas têm um efeito benéfico ou nocivo para aquele indivíduo.

As reações observadas no anel bidigital e suas gradações são interpretadas pelo profissional de saúde experiente no uso do BDORT como termos de pares de opostos: positivo/negativo, favorável/desfavorável, bom/ruim, compatível/incompatível, cátion/ânion, yin/yang, para a definição do diagnóstico e escolha da terapêutica a ser aplicada.

O fenômeno da biorressonância

Ressonância é o fenômeno de aumento da amplitude de uma onda eletromagnética quando é estimulada por outra onda de mesma frequência.

O corpo humano também possui frequências de ondas eletromagnéticas, sendo que o fenômeno da biorressonância ocorre quando órgãos ou partes do organismo entram em contato com substâncias que vibram na mesma frequência.

O BDORT funciona com base nesse fenômeno, permitindo sua identificação de forma direta, fácil e visual, por meio das alterações musculares do anel bidigital.

Baseia-se, portanto, no mecanismo neurofisiológico que regula a modificação da força muscular quando áreas anormais do corpo são estimuladas ou quando o organismo entra em contato com agressores, como vírus, bactérias, substâncias que provocam alergia, medicamentos, etc.

Nutrição funcional

Nutrição funcional é uma ciência integrativa que tem como foco a pesquisa e compreensão das relações existentes entre a bioquímica, a fisiologia e os aspectos emocionais e cognitivos do organismo humano.

Portanto, o conceito de nutrição funcional vai além da simples contagem de calorias ou da ênfase em macronutrientes.

Alimentos funcionais, por sua vez, são aqueles que, além de fornecerem os nutrientes desejados, trazem benefícios adicionais e especiais para o corpo.

A especialidade integrativa de nutrição funcional baseia-se na ideia de que a alimentação é informação para o corpo. Todo e qualquer tipo de alimento que consumimos e deixamos entrar em nosso organismo carrega informações que são decodificadas e transformadas em hormônios, células e emoções.

Cada pessoa possui um conjunto único de genes, histórico médico e estilo de vida e a nutrição funcional reconhece essa singularidade, por meio de três pilares básicos, citados a seguir.

Personalização: cada indivíduo precisa receber um plano alimentar específico para suas necessidades únicas.

Prevenção: o objetivo não é apenas tratar sintomas ou distúrbios, mas também preveni-los, melhorando a saúde tanto a médio quanto a longo prazo.

Qualidade de vida: uma vez que os sintomas e disfunções sejam abordados em suas raízes, os pacientes podem experimentam melhora em sua qualidade de vida e bem-estar geral, envolvendo os aspectos físicos, mentais e emocionais.

BDORT em nutrição funcional

Como visto acima, a nutrição funcional é uma abordagem que leva em consideração a individualidade bioquímica, fisiológica, cognitiva e psicológica de cada pessoa, buscando criar programas alimentares personalizados com base nas necessidades específicas de cada ser humano.

Nesse contexto, o uso do BDORT emerge como uma ferramenta propedêutica valiosa, que pode ser aplicada de diversas maneiras.

Uma delas é na avaliação de alimentos e dos mais diferentes tipos de suplementos alimentares: antioxidantes (auxiliam no retardo do envelhecimento), hormonais (regulam o sistema hormonal), polivitamínicos e minerais (complementam as necessidades orgânicas de vitaminas e minerais), probióticos (auxiliam na manutenção da microbiota intestinal), hipercalóricos (ajudam a engordar), proteicos (ajudam no ganho de massa muscular) e termogênicos (auxiliam a emagrecer).

O paciente segura um alimento ou suplemento específico em uma das mãos e, por meio do teste do anel bidigital efetuado na outra mão, determina-se se aquele item é benéfico ou prejudicial para o seu organismo.

No método indireto, em vez do paciente segurar a substância diretamente, o médico ou profissional de saúde coloca-a próxima à pessoa ou em contato com outra parte do corpo, como por exemplo a região abdominal.

Além disso, o BDORT pode ser usado para identificar problemas de saúde e desequilíbrios no corpo. Por exemplo: para detectar alergias alimentares, intolerâncias e deficiências nutricionais e até mesmo para avaliar a eficácia de tratamentos médicos ou terapias complementares.

A análise precisa das reações do organismo frente a alimentos e suplementos alimentares, propiciada pelo BDORT, é particularmente relevante no que se refere a alergias e intolerâncias alimentares, que podem variar amplamente de pessoa para pessoa.

O teste do anel bidigital permite aos nutricionistas identificar alimentos e substâncias que podem desencadear inflamações ou outros problemas de saúde em seus pacientes. Isso leva à elaboração de um plano alimentar mais preciso, seguro e eficaz, reduzindo desconfortos e melhorando a saúde geral.

Outro ponto a salientar é que a análise feita com o BDORT não é apenas qualitativa (compatibilidade dos alimentos ou suplementos em relação àquela pessoa), mas também quantitativa, permitindo a realização de testes e ajustes prévios para se chegar à dosagem ideal de suplementos alimentares, por exemplo, antes mesmo que os pacientes comecem a consumi-los. Isso é essencial para garantir que eles recebam os nutrientes de que precisam e que a suplementação sejam bem tolerada e benéfica para o corpo.

Da mesma forma, o BDORT pode ser utilizado ainda para detecção antecipada de possíveis efeitos colaterais e/ou de reações adversas resultantes de interação medicamentosa, de forma a prevenir que esses problemas ocorram. minimizando riscos.

Conclusão

A nutrição funcional é uma modalidade integrativa valiosa para garantir o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas nos aspectos físicos, cognitivos e emocionais, ao considerar a individualidade de cada paciente.

O uso do BDORT, como método propedêutico, aprimora ainda mais essa abordagem, permitindo que os profissionais de saúde personalizem os planos alimentares com base nas respostas únicas do organismo de seus pacientes.

Sua capacidade de avaliar a compatibilidade do corpo com alimentos, suplementos alimentares e tratamentos médicos faz dele um recurso valioso, versátil e eficaz para aplicação em nutrição funcional.

Em um mundo onde a saúde personalizada e holística está se tornando cada vez mais importante, o BDORT surge como uma ferramenta necessária para médicos, nutricionistas e demais profissionais de saúde que buscam melhorar a vida de seus pacientes, promovendo a saúde de forma integral e multidisciplinar.


Jurema Luzia Cannataro – Jornalista com especialização na produção de conteúdo sobre bem-estar, saúde e medicina, responsável pela edição da Revista Medicina Integrativa e diretora da Scribba Comunicações.

 

Referências bibliográficas

Omura, Y. (1985). Bi-Digital O-Ring Test: A New Technique for Diagnosing Balance of the Body’s Bi-Electrical Magnetic Field and its Clinical Application. Acupuncture & Electro-Therapeutics Research, 10(2-3), 185-208.

Goyata, S. L. T., e Omura, Y. (2018). Bi-Digital O-Ring Test in acupuncture research: a systematic review. Acupuncture in Medicine, 36(6), 355-362.

Hyodo, M., Morita, T., e Omura, Y. (1989). The Bi-Digital O-Ring Test for imaging and Diagnosis of Internal Organs of a Patient.