Reportagem: V Curso de Ozonioterapia para Médicos do CMBO

Em fevereiro, o Colégio Médico Brasileiro de Ozonioterapia (CMBO) realizou o V Curso de Ozonioterapia para Médicos. O evento aconteceu na cidade de São Paulo/SP, mas contou com a presença de médicos de diversas regiões do Brasil, interessados em conhecer melhor as aplicações dessa prática integrativa e os avanços em estudos científicos e pesquisas nessa área.

Estudos e pesquisas científicas

A abertura do evento foi feita pela Dra. Wendy Falzoni, pós-graduada em medicina integrativa pela UNIUBE e estudiosa de ozonioterapia há 20 anos. Na ocasião, ela ainda ocupava o cargo de presidente do CMBO e agora é vice-presidente.

A Dra. Wendy esclareceu aos participantes do curso que a ozonioterapia é considerada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) como procedimento experimental, em estudos e pesquisas científicas, sendo proibida sua aplicação em tratamentos médicos realizados em consultórios, clínicas ou hospitais.

Ressaltou que apesar de ser bastante disseminada a informação de que o uso de ozônio medicinal tem um índice de apenas 0,7% de complicações, elas existem e podem ser graves. Portanto, o médico interessado na utilização dessa prática precisa ter conhecimento teórico e prático sobre suas aplicações em diferentes patologias e seguir protocolos reconhecidos.

Curso presencial sobre ozonioterapia - CMBO
Dra. Wendy Falzoni – Vice-presidente do CMBO

Aspectos técnicos da ozonioterapia

Wilfredo Urruchi, graduado em Ciências Físicas, com Doutorado em Física pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica e diretor da Ozone & Life e do IBO3A (Instituto Brasileiro de Ozônio e suas Aplicações), fez uma apresentação sobre os aspectos técnicos da ozonioterapia.

Segundo Wilfredo, todos os equipamentos geradores de ozônio medicinal disponíveis no mercado funcionam por um tipo específico de descarga elétrica, denominada descarga elétrica por barreira dielétrica. Um ponto importante a ser destacado é que, para serem usados em ozonioterapia, os aparelhos devem ter registro na ANVISA.

Ele ressaltou que o oxigênio a partir do qual será gerado o ozônio para uso terapêutico precisa ser medicinal. O ar ambiente não serve para essa finalidade, devido à alta presença de nitrogênio e outros gases.

Além do tratamento de patologias, o ozônio medicinal é usado também na desinfecção de salas cirúrgicas e higienização de ambientes médicos/hospitalares.

Apresentou estudo que demonstra que a vida média do ozônio é de 40 minutos a 20º C e uma outra pesquisa sobre os efeitos do uso de água ozonizada em cirurgias, como forma de prevenir infecções pré e pós-procedimento e melhorar a recuperação dos pacientes.

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Wilfredo Urruchi – Doutor em Física pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica e diretor da Ozone & Life e do IBO3A

Ozônio e o sistema redox

A Dra. Clarissa Oliveira, diretora da Clínica Conceito Saúde e coordenadora e docente do Programa de Pós-graduação em Medicina Integrativa da Universidade de Uberaba (UNIUBE), falou sobre estresse oxidativo.

Ela esclareceu que, de acordo com uma visão mais atual, o estresse oxidativo não é mais conceituado como o equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes, mas sim como uma modulação funcional que está presente em todos os sistemas orgânicos.

Definiu os conceitos de di-stress e eu-stress, ressaltando que o distress é assintomático, não sendo identificado pela grande maioria dos exames laboratoriais normalmente solicitados pelos médicos, mas que atualmente já é possível medi-lo pelo BAP-test, que avalia a quantidade de antioxidantes presentes no sistema orgânico.

Por fim, a Dra. Clarissa introduziu o conceito de gas(nutra)ceuticals, como sendo aqueles gases que atuam como mediadores nas reações redox. O ozônio é um dos gases cujas moléculas têm função reguladora do sistema redox.

Advertiu ainda que, com relação à ozonioterapia, é sempre essencial observar o momento e a dosagem. Caso o paciente esteja em situação de distress é aconselhável começar com doses menores.

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Dra. Clarissa Oliveira – Diretora da Clínica Conceito Saúde

Suporte para os tratamentos convencionais de câncer

O Dr. Gustavo Vilela, médico oncologista, pós-graduado em ozonioterapia na Universidade Rey Juan Carlos, em Madri e com fellowship em Medicina Integrativa na Universidade do Arizona, nos EUA, afirmou que a oncologia é a área médica em que existe o maior número de pacientes interessados em ozonioterapia, mas que é também aquela em que há menos evidências sobre a eficácia e segurança de sua aplicação.

Ele esclareceu que os tumores vivem em hipóxia, o que leva a um maior grau de resistência aos tratamentos. Os vasos sanguíneos anormais formados durante o processo de angiogênese acarretam uma menor oxigenação do tecido lesado.

Apresentou alguns estudos que apontam para uma possível melhoria da oxigenação dos tecidos tumorais com o uso de ozônio medicinal. A ozonioterapia, portanto, funcionaria como suporte para os tratamentos convencionais de câncer.

Ressaltou, entretanto, que as conclusões de alguns estudos são de difícil comprovação pelo fato de ainda não existir um marcador de hipóxia.

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Dr. Gustavo Vilela – Oncologista e pós-graduado em ozonioterapia

Ozonioterapia em ortopedia

O Dr. Agostinho Sentelhas, presidente do CMBO, ortopedista pela UNIFESP e estudioso de ozonioterapia desde 2005, ressaltou que o uso de ozônio medicinal na área de ortopedia está em grande evidência e desperta entusiasmo, pois ela pode trazer grande melhora em quadros de dor lombar ou cervical. Ele esclareceu que a aplicação de ozônio medicinal pode atuar tanto na regressão dos efeitos de derrames quanto na regeneração de cartilagem articular. Nas infecções ósseas, sua aplicação pode reduzir o tempo de uso de antibióticos.

O Dr. Agostinho relatou ainda que muitos estudos científicos vêm sendo realizados em diversos países, mostrando que a ozonioterapia proporciona resultados mais satisfatórios do que os de tratamentos convencionais. Em Cuba, por exemplo, é considerada como terapia de escolha no caso de infecções.

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Dr. Agostinho Sentelhas – Ortopedista e presidente do CMBO

CMBO: estudos e ensino

CMBO - curso presencial sobre ozonioterapia O CMBO (Colégio Médico Brasileiro de Ozonioterapia) foi fundado em abril de 2018, com o objetivo de ensinar e difundir a prática da ozonioterapia, como terapia complementar aos tratamentos convencionais, a ser exercida por profissionais devidamente capacitados para o uso da técnica.

Essa entidade tem como meta a realização de estudos científicos e a habilitação dos médicos em relação a essa prática centenária.


Jurema Luzia Cannataro – Jornalista com especialização na produção de conteúdo sobre bem-estar e saúde, responsável pela edição da Revista Medicina Integrativa e diretora da Scribba Comunicações.