Eventos traumatizantes: pontos importantes de mudança para toda a vida

Regularmente as reportagens jornalísticas dão notícias das situações dramáticas pelas quais centenas ou até milhares de pessoas passam por dia no mundo. São ameaças à integridade física, como acidentes, assaltos, raptos, ataques terroristas, assassinatos, violência sexual e diversas outras ocorrências que estarrecem momentaneamente leitores e espectadores. Mas no mundo particular das vítimas e familiares trata-se de eventos que poderão ficar registrados emocionalmente de forma perturbadora para o restante de suas vidas.

Estudos mostram a relação existente entre a vivência de experiências dessa magnitude com um posterior desequilíbrio no funcionamento físico e mental da pessoa que a vivenciou, revelando que de acordo com as especificidades de cada indivíduo os eventos traumatizantes podem implicar em um conjunto particular de reações fisiológicas e psíquicas não adequadas e, por isso, essas respostas têm sido tema de interesse para terapeutas, no sentido de auxiliar e tratar esses sujeitos.

Entre outros, costumam surgir nessas pessoas sintomas como tristeza, insônia, falta de apetite, dor estomacal, dor crônica difusa, insegurança, tensão, susto fácil, evitamento, tremores nas mãos, decréscimo de energia, dificuldades nos relacionamentos, dificuldades para raciocinar, para tomar decisões e para sentir satisfação nas tarefas cotidianas, de trabalho ou de lazer e também experiências dissociativas peritraumáticas, transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e pensamentos de suicídio. Importa salientar que esses sintomas somados a outros ou não podem levar a mais problemas de saúde, que tornarão o quadro cada vez mais difícil de ser solucionado.

O trauma psíquico da visão de Freud

Procurando compreender como se dão tais manifestações, a partir de 1920 Sigmund Freud (1856 – 1939) avançou em suas teorias psicanalíticas, falando sobre o processo de recepção dos estímulos do evento adverso pelo organismo.

De forma simplificada, considerando o corpo no seu início de formação como uma vesícula suscetível de estimulação, que tem uma parte voltada para o exterior e que mais tarde dará origem aos órgãos do sentido, Freud expôs que, estando suspenso em um meio externo carregado com poderosas energias, esse corpo seria morto pelos estímulos do meio, caso não tivesse um escudo protetor suprido por seu próprio estoque de energia, que serviria para preservar modos especiais de transformação dessas energias e agir contra as ameaças externas.

Nesse caso, os órgãos dos sentidos que consistem em aparelhos para a recepção de estímulos, mas que também incluem formas de proteção e exclusão de estímulos inapropriados, estariam preparados para lidar com quantidades pequenas de estimulação de cada vez, avançando em suas capacidades com o tempo.

Porém, no caso de eventos inesperados e excessivamente dramáticos, como os citados, Freud entendeu que o forte estímulo externo aciona o sistema de proteção psíquico por meio dos órgãos dos sentidos, impedindo que a mente dê uma resposta mais elaborada pelo excesso de energia contida no evento, de forma a se proteger sob o risco de uma lesão traumática.

Essa sucessão dos acontecimentos no corpo gera um trauma, o que Freud teorizou ser uma ruptura na barreira que protege o organismo do estímulo excessivo, já que diante do conflito acontece um desequilíbrio no funcionamento da energia orgânica, que aciona todas as suas formas de proteção.

Mas o aparelho mental não está preparado para a recepção de tantos estímulos ao mesmo tempo, ficando difícil dominar e elaborar para se desvencilhar do problema. Configura, assim, uma dor impossível de ser representada psiquicamente e tem como consequência grande impacto no processo de subjetivação.

O trauma é, portanto, oriundo de uma experiência que faz com que o mecanismo que o ser humano tem para lidar com as dificuldades seja sobrecarregado, havendo uma estagnação que se mostra através da forma como o indivíduo passa a interpretar o mundo e a si.

A reação de cada pessoa ao evento estressor é variável, podendo acontecer, por exemplo, que o contexto impeça que a vítima tenha acesso completo à consciência. Por esse motivo, ela passa a elaborar a realidade de forma incompleta, eliminando temas importantes para que haja equilíbrio psíquico.

No caso da dissociação peritraumática, que é uma das possíveis respostas dadas pela vítima durante o conflito, podem ocorrer perda de noção do tempo, amnésia e a permanência em uma espécie de sonho (desrealização).

O trauma psíquico seria portanto algo bem semelhante ao trauma físico (uma lesão a um tecido vivo causada por um agente externo). No caso em questão, um agente ou evento externo altamente conflitante e adverso, capaz de provocar estresse mental, atinge a mente e modifica o estado psíquico ou comportamental da vítima, pois ele irrompe sua vida influenciando suas percepções e tendo o poder de provocar flashbacks, revivências ou repetições que impedem o seu equilíbrio.

Dessa forma, é possível verificar que o ser humano não tem o controle desses mecanismos ou recursos que o organismo ativa para se defender.

O trauma emocional de acordo com a nova medicina germânica

Anos depois, as consequências do trauma foram ainda mais descortinadas, pois em agosto de 1978, pouco tempo após a vivência de uma situação traumática (morte do filho por acidente a bala), o médico oncologista alemão Ryke Geerd Hamer (1935 – 2017) ficou intrigado com o aparecimento de câncer em si mesmo (câncer nos testículos) e de câncer de ovário em sua esposa, já que ele raramente adoecia. Passou então a questionar se havia alguma relação entre o conflito traumático como o que viveu e o aparecimento posterior de doenças físicas.

Por meio de um estudo sistemático dos casos de seus pacientes internados na clínica oncológica da Universidade de Munique (onde era chefe), verificando as histórias pregressas e tomografias do tronco cerebral desses, encontrou correlações entre a ocorrência de traumas psicológicos e doenças físicas após o trauma. Além disso, pôde confirmar seus achados através de leis da evolução e embriologia humana, revelando importantes aspectos da conexão psique-cérebro-órgãos.

Diante do estudo de mais de 40.000 casos e das evidências encontradas, Hamer criou a nova medicina germânica (leitura biológica de doenças) e suas cinco leis, observando que o trauma não elaborado dá origem a desequilíbrios psicológicos que, se não tratados a tempo, podem provocar doenças físicas como o câncer, que mais tarde poderiam também levar a óbito. Esse tema já foi abordado em outro artigo da autora sobre decodificação biológica de traumas.

Ocorre que, após o evento estressor, o corpo humano ainda fica carregado com a energia que era destinada a lutar ou fugir do evento, pois essas são respostas que foram impedidas de serem dadas no momento, restando apenas a reação do “congelamento”.

Quando ocorrem fatos desse tipo com animais, mesmo tendo sido obrigados à imobilidade, essa energia é automaticamente descarregada por meio da ação do sistema autônomo, sendo que somente animais domésticos ou que passaram por experimentos científicos correm o risco de trauma com algumas nuances parecidas com as do ser humano.

Esclarecendo isso por meio da ciência, verificou-se que o cérebro mais primitivo (reptiliano) é o responsável por questões de sobrevivência, como caça, acasalamento, territorialidade, etc., estando presente nos animais e na base do encéfalo humano, que por sua vez conta também com uma segunda camada chamada cérebro límbico (presente nos mamíferos) e que dá a capacidade de viver socialmente.

A camada encefálica mais elaborada e recente na evolução humana chama-se neocórtex, aparato que no caso da vivência de um evento traumático exerce forte controle sobre as reações sutis do organismo. Assim, por meio dele (cérebro racional), ao invés da elaboração do conflito ou descarga da energia acumulada, o que ocorre é o inverso e o corpo permanece com a energia “congelada” tensionando-o.

Apesar da presença do sistema autônomo, que é preparado para liberar essa energia, a natureza animal do ser humano é deixada de lado, pois reações como tremores e demonstração de medo tornaram-se quase inaceitáveis na sociedade, causando estranheza. E pela influência ou força do ego as necessidades do corpo são ignoradas. As alterações químicas provocadas pelo trauma, como aumento do cortisol (hormônio do estresse) e diminuição da serotonina (neurotransmissor da felicidade), podem tornar-se crônicas na vítima, afetando-a de forma preocupante e trazendo, como já visto, não só patologias psíquicas como também físicas.

Sendo assim, as experiências traumatizantes tornam-se um ponto importante de mudanças na vida dos indivíduos que as vivenciaram. E, diante do que é revelado sobre o trauma psicológico e pela leitura biológica das doenças, faz-se necessário buscar por tratamentos que auxiliem na elaboração de conflitos traumatizantes, a fim de preservar a saúde psicológica e física.

Atualmente, a psicologia em associação às terapias complementares de reflexologia podal e iridologia são capazes de auxiliar na decodificação biológica do trauma, ajudando também na cura e prevenção das consequências dele, por favorecerem sua elaboração e o descarregamento das energias acumuladas.

Importa, portanto, que o acometido tenha a consciência da necessidade de buscar ajuda e conhecimento da existência desses competentes instrumentos para reequilíbrio, prevenção e promoção da saúde.


Profa. Dra. Janine Soares Camilo – Master em Microsemiótica Irídea, bacharel em Cosmetologia e Estética pela Unitri – Universidade Integrada do Triângulo e pós-graduada em Acupuntura pelo IPGU – Instituto de Pós-Graduação de Uberlândia e em Homeopatia pela Faculdade Inspirar.

 

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