São várias as definições de meditação, porém com pontos em comum, como foco no presente, observação, relaxamento e, por fim, união com a consciência universal. Dessa afirmação, que é a mesma que já utilizei em artigo anterior publicado na Revista Medicina Integrativa (Meditação e credibilidade – Parte I), depreende-se que o que se busca na meditação, através do relaxamento da lógica, do foco e da autopercepção, é acessar a consciência.
Ao pesquisar por consciência no sistema de busca do Google, encontra-se a seguinte definição: “sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior”. Ou como afirma Miguel Lucas, psicólogo e escritor, consciência é “o requisito para mudar os comportamentos”.
Creio que essa definição de consciência como “requisito para mudar comportamentos” explica muito sobre as práticas integrativas que apresentam a meditação como mecanismo incluso nas mais diversas atividades.
Quando procuramos por uma “arte marcial”, um “tratamento holístico” ou, ainda, pela “medicina alternativa”, nomenclatura por muito tempo usada, estamos realmente querendo que algo mude em nós. Não apenas externa e temporariamente, mas de maneira perene, um aprendizado para nos livrarmos de uma vez por todas do que nos incomoda. Seja uma doença crônica, um mal-estar para o qual ainda não se achou uma cura formal ou nossa atitude diante de algo que nos leva a alguma síndrome ou patologia.
Há várias opções nesse sentido e, felizmente, as práticas integrativas e complementares (PICs) são hoje regulamentadas e caminham lado a lado com a medicina tradicional ou alopática. Como o termo já define: em complemento.
Parte integrante de outras práticas
Relaxamento, foco, interiorização, respiração controlada, introspecção e atenção plena. Todos esses aspectos da meditação estão também presentes, de forma combinada ou não, em diversas outras modalidades integrativas e complementares.
Observa-se, assim, que a meditação, como um conjunto de conhecimento e práticas, é parte integrante de outras atividades, como as descritas a seguir.
Reiki
De acordo com o Glossário Temático de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, reiki é a “prática terapêutica que utiliza a imposição das mãos para canalização da energia vital, visando promover o equilíbrio energético, necessário ao bem-estar físico e mental”.
No reiki, o terapeuta busca o equilíbrio dos chacras. O assistido fica geralmente deitado ou sentado e pede-se que ele respire para acalmar o corpo e a mente. Dependendo do terapeuta, pode-se solicitar que o assistido visualize as cores dos respectivos chacras. Quanto maior o relaxamento e conexão interior, melhor o aproveitamento. Não se trata de indução, nem é tampouco uma hipnose, mas um estado de relaxamento e atenção plena, de interiorização.
Musicoterapia
Musicoterapia, ainda segundo o Glossário Temático do MS, é a “prática expressiva que utiliza basicamente a música e/ou seus elementos no seu mais amplo sentido – som, ritmo, melodia e harmonia, em grupo ou de forma individualizada”.
A introspecção que se dá no ser humano ao ouvir sons musicais já foi amplamente estudada, seja em musicoterapia ou seja, por exemplo, no uso de tambores, tigelas de cristal ou sinos para acompanhamento de práticas meditativas. Ao som da música, os efeitos da meditação são potencializados.
Massagem thai
Como explica JP Paixão, no artigo Massagem thai: o toque meditativo como arte de cura, publicado na Revista Medicina Integrativa, “a massagem tradicional thai não se refere simplesmente a uma técnica de massagem, mas a um conjunto de técnicas manuais para a manutenção da saúde física, mental e energética”.
Ao falar sobre toque meditativo, ele acrescenta que “o relaxamento não é uma consequência na massagem thai, é uma condição básica para a sua realização. A forma como o praticante atinge essa condição é bem simples, basta que ele esteja num estado meditativo. Sem nenhuma conotação mística ou subjetiva, em sua essência mais pura, a meditação representa o ‘estar presente, aqui e agora’”.
No artigo citado acima, observa-se que, na massagem thai, a meditação é inerente à prática. Porém, pode-se afirmar que todas as formas de massagem são um momento de introspeção se o assistido assim desejar, para obter um melhor aproveitamento daquele instante. Estar no momento presente é a melhor maneira de desfrutar de uma boa massagem.
Chi kung e Tai chi chuan: práticas de meditação ativa
Chi kung ou Qi gong é uma “prática em que se realizam exercícios que combinam movimento e respiração controlada, na qual a atenção e a visualização do praticante estão concentradas nas várias partes do corpo, de modo a alterar e harmonizar o fluxo da energia do corpo” – definição do Centro de Cultura Olhar Para o Oriente.
Tai chi chuan é uma “arte marcial chinesa interna (Nei jia), de orientação taoísta, que combina exercícios corporais milenares conhecidos como Chi kung e Tao yin, que envolvem a respiração, a concentração e os preceitos da medicina tradicional chinesa” – definição do site Significados.
Como se pode notar, a meditação é elemento presente nas práticas de Chi kung e Tai chi chuan, de maneira complementar ou inerente à técnica. A combinação de relaxamento, foco e respiração é a mesma aplicada nas práticas meditativas, com a diferença de que nessas modalidades isso é feito em movimento.
Bem-estar, harmonia e equilíbrio
Com base no que foi exposto acima, é possível perceber que existe uma grande variedade de opções, escolhas e combinações possíveis para quem deseja iniciar-se nas práticas meditativas. Os resultados finais são os mesmos, dependendo sempre do empenho e tempo dedicado: bem-estar, harmonia corporal sistêmica, autoconhecimento e equilíbrio psicológico.
Valéria Nunes de Oliveira – Pós-graduada em docência e prática da meditação pela USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Autora da monografia Meditação e Credibilidade: estudos científicos.